Teoria da
História
Historiografia é o registro escrito da
história. Podemos dizer que é a arte de escrever e registrar os eventos do
passado. O termo historiografia também
é utilizado para definir os estudos críticos feitos sobre aquilo que foi escrito
sobre a História. Um exemplo: se um historiador faz um estudo crítico sobre o
trabalho feito por Heródoto (historiador que viveu na Grécia Antiga e escreveu
sobre o período), então ele está produzindo um trabalho de historiografia.
A Teoria da Historia é um campo
de estudo que busca entender as diversas teorias que envolvem o conhecimento
Histórico. Justamente por não ter uma concepção única de analisar o
passado, todas essas teorias alimentam vários debates entres várias concepções.
As correntes principais: Positivismo, Escola dos Annales, Nova História e Microhistória.
Principais
correntes da historiografia:
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Positivismo: atualmente pouco
seguida, privilegia o estudo cronológico dos fatos históricos, sem fazer
análises críticas.
Pretendendo objetividade,
a história limitou o seu objeto: o fato ou evento isolado, o centro
do trabalho de um historiador, é considerado como a única referência para
responder corretamente ao imperativo da objetividade. Tampouco se ocupa por
estabelecer relações de causalidade,
substituindo por retórica o discurso que se pretendia científico.
O Positivismo foi elaborado
por Augusto Comte
no século XIX. Tal teoria acreditava que os pesquisadores deveriam encontrar um
fator que determinasse a verdadeira história, ela seria indiscutível e encontrada nos
documentos governamentais, que por isso, nunca estariam errados. De acordo com
esse pensamento, apenas as histórias politicas teriam importância de serem
verificadas. Além disso, defende a ideia que o conhecimento científico é a única
forma de conhecimento verdadeiro, podendo-se afirmar que uma teoria é
verdadeira apenas se a mesma for comprovada através de métodos científicos
válidos. Assim, os positivistas, excluem tudo o que se refere a crenças,
supertições, ou qualquer outra coisa que não possa ser comprovada
cientificamente. Toda essa devoção à ciência fez com que com o Positivismo
fosse considerado como “a religião da humanidade”.
No século XIX,
a aplicação do pensamento formulado por Auguste Comte na
área de análise histórica acreditava que os pesquisadores deveriam encontrar o
fator que determinasse a verdadeira história: ela seria algo indiscutível e
localizada através dos documentos governamentais que jamais estariam errados,
com omissões, ou deturpados. De acordo com tal forma de análise, apenas as
histórias militares e políticas teriam importância de serem verificadas. Após a
localização dos fatos do passado, deveriam ser criadas leis gerais
que explicassem todos os dados coletados. A quantidade
de leis deveria ser a mínima possível, até se alcançar uma lei única
e universal.
Na verdade, tal posicionamento revela a
necessidade de uma pesquisa científica e metódica nas ciências sociais, fruto e tentativa de aplicação do mesmo que ocorre
nas demais ciências a partir do século XIX.
Até então, as narrativas históricas se limitavam a textos que misturavam credos
religiosos com possíveis realidades, impossibilitando de serem separados um do
outro, ou mesmo narrativas de pessoas de destaque que tivessem presenciado os
ocorridos.
Atualmente, o positivismo encontra pouca
receptividade dos historiadores. No entanto, é digna a sua lembrança já que,
pela primeira vez, existe a preocupação de se desenvolver narrativas históricas
seguindo determinados critérios.
O Positivismo pregava a cientifização do
pensamento e do estudo humano, visando a obtenção de resultados claros,
objetivos e completamente corretos. Os seguidores desse movimento acreditavam
num ideal de neutralidade, isto é, na separação entre o pesquisador/autor e
sua obra: esta, em vez de mostrar as opiniões e julgamentos de seu criador,
retrataria de forma neutra e clara uma dada realidade a partir de seus fatos,
mas sem os analisar. Os positivistas crêem que o conhecimento se explica por
si mesmo, necessitando apenas seu estudioso recuperá-lo e colocá-lo à mostra.
Não foram poucos os que seguiram a corrente positivista: Auguste Comte, na
Filosofia; Émile Durkheim, na Sociologia, entre outros, contribuíram para
fazer do Positivismo e da cientifização do saber um posicionamento poderoso
no século XIX.
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Pode-se inclusive dizer que o Positivismo
reduz o papel do homem enquanto ser pensante, crítico, para um mero coletor de
informações e fatos presentes nos documentos, capazes de fazer-se entender por
sua conta. "Os fatos históricos falam por si mesmos", dizia
Coulanges, historiador francês. Assim, para os positivistas que estudaram a
História, esta assume o caráter de ciência pura: é formada pelos fatos
cronológicos e o que realmente significam em si. São objetivos à medida que
possuem uma verdade única em sua formação (que é o seu sentido e sua
única possibilidade de compreensão) e não requerem a ação do historiador para
serem entendidos: como já dito, o papel deste é coletá-los e ajeitá-los,
constatando pela análise minuciosa e liberta de julgamentos pessoais sua
validade ou não. O saber histórico, dessa forma, provém do que os fatos
contêm, e assume um valor tal qual uma lei da Física ou da Química, ciência
exatas.
Tão objetiva é a História para os
positivistas que um de seus maiores ensinamentos é a busca incessante de fatos
históricos e sua comprovação empírica. Daí a necessidade, como pregavam, de se
utilizar na pesquisa e análise o máximo de documentos possíveis: para se obter
a totalidade sobre os fatos e não deixar nenhuma margem de dúvida no que se
refere à sua compreensão. A busca desses fatos deve ser feita por mentes
neutras, pois qualquer juízo de valor na pesquisa e análise altera o sentido e
a verdade própria dos fatos, modificando pois a própria História. Esta se
tornaria uma ciência falha e totalmente fora de seu caráter científico, e
portanto destituída de valor e validade. Coulanges chega a afirmar que a "História
não é arte, mas uma ciência pura (...) a busca dos fatos é feita pela
observação minuciosa dos textos, da mesma maneira que o químico encontra os
seus em experiências minuciosamente conduzidas". A objetividade, a
minuciosidade, o detalhe e a dedicação impessoal, portanto, são as grandes
lições da escola positivista para o estudo da História no século XIX e no
início do XX. Os historiadores que, nessa época, tentaram provar outras formas
de se estudar a disciplina foram desconsiderados e postos à margem. Numa
sociedade europeia que buscava seu próprio desenvolvimento e avançava rumo a
grandes descobertas na ciência e na tecnologia, a cientifização que marcou a
época também se espalhou para o campo dos estudos humanos, reduzindo o papel do
profissional desse campo para um mero coletor de informações. A implicação de
opiniões externas aos sentidos dos fatos históricos alterava a História, na
opinião positivista, e eliminava assim sua legitimidade como saber de
importância social.
O materialismo histórico na qualidade de
sistema explanatório foi expandido e refinado por milhares de estudos
acadêmicos desde a morte de Marx
De acordo com a tese do materialismo
histórico defende-se que a evolução histórica, desde as sociedades mais remotas
até à atual, se dá pelos confrontos entre diferentes classes sociais
decorrentes da "exploração do homem pelo homem". A teoria serve
também como forma essencial para explicar as relações entre sujeitos. Assim,
como exemplos apontados por Marx, temos durante o feudalismo os
servos que teriam sido oprimidos pelos senhores, enquanto que no capitalismo seria
a classe operária pela burguesia.
Esta teoria de evolucionismo histórico
fundamentava o pensamento Marxista que conduziu à implementação dos regimes
comunistas pela "Revolução",
ou seja, a rebelião das classes operárias contra os capitalistas.
O materialismo histórico como propulsor da
evolução histórica foi posto em causa quer pelos pensadores liberais, que
levaram ao desenvolvimento das Democracias do Norte da Europa, Reino Unido e
América do Norte, quer pelos pensadores corporativistas que levaram ao
desenvolvimento dos regimes autoritários de Itália, Portugal e Espanha.
A concepção materialista da história parte
da tese de que a produção, e com ela a troca dos produtos, é a base de toda a
ordem social; de que em todas as sociedades que desfilam pela história, a
distribuição dos produtos, e juntamente com ela a divisão social dos homens em
classes ou camadas, é determinada pelo que a sociedade produz e como produz o
pelo modo de trocar os seus produtos."
O materialismo histórico, pensamento
desenvolvido pelo estudioso Karl Marx, fundamenta-se, inicialmente, na
observação da realidade a partir da análise das estruturas e superestruturas
que circundam um determinado modo de produção. Isto significa dizer que a história está, e sempre
esteve, ligada ao mundo dos homens enquanto produtores de suas condições
concretas de vida e, portanto, tem sua base fincada nas raízes do mundo
material, organizado por todos aqueles que compõem a sociedade. Os modos de
produção são históricos e devem ser interpretados como uma maneira que os
homens encontraram, em suas relações, para se desenvolver e dar continuidade à
espécie. Segundo Marx:
"Não é a consciência que
determina a vida, mas a vida que determina a consciência"
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Segundo Marx, a sucessão de um modo de
produção por outro ocorre devido a inadequação desse mesmo modo de produção e
suas forças produtivas. Exemplo: no final da Idade Média, quando houve o
desenvolvimento do comércio, as relações servis começaram a desempenhar um
papel de entrave ao desenvolvimento das forças produtivas, provocando assim uma
implosão dentro do sistema e originando outro novo: o capitalismo.
Compreende-se, então, que o capitalismo nasceu a partir das contradições do
sistema feudal, e que a burguesia (classe dirigente), ao criar a sua oposição,
o operariado, engendrou também o seu futuro extermínio, cavando a sua própria
cova
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Escola dos Annales: criada em 1929, pelos historiadores franceses Marc Bloch e
Lucien Febvre. Incorporou na História aspectos da Antropologia, Psicologia,
Geografia e Filosofia. É também conhecida como escola das “Mentalidades”.
A história vai se afirmando como uma ciência
social, uma disciplina científica envolvida com a sociedade. Nos princípios
do século XX, a história já havia adquirido uma dimensão
científica incontestável.
A Escola dos
Annales
A Escola dos Annales é
uma corrente historiográfica nascida na França, em torno da revista “Annales
d'histoire économique et sociale”, e criada por Marc Bloch e Lucien
Febvre que acreditavam que era insuficientes a forma com que a história era
tratada. Apesar disso, não foram os
primeiros a propor novas abordagens a História. Tal corrente se destaca por
incorporar métodos das Ciências Sociais à História, o que ampliou o quadro das
pesquisas históricas com a incorporação de atividades até então pouco
investigadas, rompendo assim com a compartimentação das Ciências Sociais
(História, Sociologia, Psicologia, Economia, Geografia) e privilegiando os
métodos pluridisciplinares.
Uma escola de pensamento conhecida
como Escola dos Annales formou-se em torno da revista "Annales d'histoire économique
et sociale", fundada por Lucien
Febvre e Marc Bloch em 15 de janeiro de 1929 editado pela
Librairie Armand Colin em Paris. Essa revista trimestral aparece com uma
proposta mais abrangente tanto temporariamente quanto aos novos objetos de
estudo e novas abordagens, e portanto uma nova metodologia que se enveredasse
nas interdisciplinaridades para passar de discursos teóricos para a prática,
como uma maneira de redescobrir o homem. Alargou o âmbito da disciplina,
solicitando a confluência das outras ciências, em particular a da Sociologia,
e, de maneira mais geral transforma a história ampliando o seu objeto para além
do evento e inscrevendo-o na longa duração ("longue durée"). Cabe ainda lembrar
da influência da psicologia, uma ciência que chamava a atenção dentre
historiadores do início do século e a luta contra o que Febvre chamava de a
história "Historicisante", ou seja, a história política, diplomática
e militar feita até então. No ano em que a revista foi lançada, a situação europeia
não era das melhores pois havia uma grave crise econômica e política, como
reflexo do fim da Primeira Guerra Mundial 1929. Após o hiato da Segunda Guerra
Mundial, Fernand Braudel continuou
a editar a revista e recorreu, pela primeira vez, à geografia, à
economia e
à sociologia para desenvolver a sua tese de "economia-mundo"
O papel do testemunho histórico muda:
permanece no centro das preocupações do historiador, mas já não é o objeto,
senão o que se considera como um útil para construir a história, útil que pode
ser obtido em qualquer domínio do conhecimento. Uma constelação de autores mais ou menos
próximos à "Annales" participa dessa renovação metodológica que
preenche as décadas centrais do século XX .
As
três gerações Annales
Nas
décadas de 10 e 20 do século XX, as Ciências Humanas viram emergir um novo
fazer histórico. Insatisfeitos com a produção limitada da história que estudava grandes
homens (reis, nobres, generais etc.) ou países importantes, eventos políticos ou
militares, negligenciando as forças, fossem elas estruturais ou coletivas, que
neles havia;
Marc Bloch e Lucien Febvre promovem uma nova História.
Eles
viram a necessidade de a História ser mais ampla, abrangente e globalizante;
essa necessidade surgia pelo fato de o homem ser complexo, não necessariamente
um reflexo de grandes personagens, mas um ser singular, com formas
de pensar, agir e sentir diferentes daquelas.
Como
decorrência disso, Bloch e Febvre, alinhados em torno da Revista Annales,
que foi lançada em 1929, procuraram ampliar as possibilidades do fazer histórico
através do diálogo mais próximo com as Ciências Sociais, buscando conceitos
e ferramentas que possibilitassem ao historiador conhecer o homem, por mais
complexo que este fosse.
A Nova
História é a corrente historiográfica correspondente a terceira
geração da “Escola dos Annales”. Surgiu nos anos de 1970 e seu nome derivou da
publicação da obra “Fazer a História”, organizadas pelos historiógrafos Jacques
Le Goff e Pierre Nova. Tal corrente é acima de tudo a historia das
mentalidades. Seus seguidores propõe que se estabeleça uma historia serial das
estruturas mentais das sociedades, e cabe ao historiador a análise dos dados.
A
macro-história Fernand
Braudel procurou unir a história-problema com a história total, indo de
uma geo-história a uma história quantitativa dos historiadores demógrafos e economistas.
A
história serial refere-se a um tipo de fonte3 que permite a seriação dos dados,
o
que possibilita não só a verificação de padrões como também possibilita a identificação
de variações nesse padrões. Em outras palavras, o que define uma história
serial é a busca pela recorrência e a variação em uma fonte ou conjunto de fontes
documentais homogêneas.
Já
a história quantitativa terá seu foco voltado para o número, a quantidade, o que
será mensurado, havendo a necessidade de aplicação de técnicas matemáticas e estatísticas.
Dessa forma, a seriação precede a história quantitativa uma vez que, dependendo
do seu problema de origem, pode ser necessário apenas repetir a informação
sem haver preocupação com quantidades.
E
a Microhistoria é um
gênero historiográfico que surge com a publicação da coleção “Microstorie”, sob
a direção de Carlo Ginzburg e Giovanni Levi entre
1981 e 1988. A proposta de análise histórica defende uma delimitação extrema do
tema por parte do historiador (inclusive em termos de espacialidade e de
temporalidade). Com todo esse objeto (tema) bem delimitado a análise se
desenvolve a partir de uma exploração exaustiva das fontes. O próprio Giovanni
Levi conceitua a microhistoria como se fosse um “zoom” em uma fotografia, o
pesquisador observa um pequeno espaço ampliado, mas, ao mesmo tempo, tendo em
conta o restante da paisagem, apesar de não estar ampliada.
O
objetivo dos micro-historiadores era: “... analisar situações, especificar ações individuais,
acontecimentos precisos, redes capilares de relações, mas sem perder de vista
a realidade mais global”
Os
micro-historiadores objetivaram, através da redução de escalas, compreender
fenômenos que não seriam perceptíveis em outra análise mais generalizante.
Eles não estudam, necessariamente, uma história local, um espaço recortado;
buscam compreender trajetórias6, práticas sociais, um crime, ou outro fenômeno
(fragmento social) que o investigador avalie como esclarecedor da questão (problema)
que se impõe.
Assim,
a prática micro-histórica procura perceber o que, de outra forma, seria deixado
de lado pela macro-história. Por meio da redução da escala, o pesquisador indaga
detalhadamente seu objeto valendo-se de uma gama de outras fontes, semelhantes
ou não, para compreender seu objeto.
Ao
propor a redução da escala de análise, o micro-historiador não deseja apenas
compreender
a sociedade como um todo, mas, sim, a partir de um fenômeno, poder
compreender
a “realidade” que circunda esse fenômeno.
Historiadores
da Antiguidade
Heródoto, embora o utilize,
dele se distancia, por considerá-lo apenas um contador de relatos e, por
hipótese, um escritor que não teria realizado a investigação.
Heródoto viveu entre 485 a.C. e 430 a.C. e, até aquele momento, nenhuma obra procurara reunir os
registros historiográficos da Grécia, quer interna, quer em seu relacionamento, muitas vezes
belicoso, com países próximos - chamados de bárbaros, dentre os quais a Pérsia (e particularmente as Guerras Médicas).
Obra de
Heródoto: As Histórias (em grego
antigo: Ἰστορἴαι, transl. Historiai), divididas em nove livros e escrita por Heródoto de Halicarnasso, é a
obra básica da História, a primeira a ter este título - e constitui-se na primeira
tentativa do homem em sistematizar o conhecimento de suas ações ao longo do
tempo. Obras: dedicado ao Egito: antigüidade dos frígios; geografia egípcia, história do país, estudos sobre a
geografia e o rio
Nilo; A Guerra Médica; Cambises atacando o
Egito; Xerxes e sua administração.
Semelhante aos poetas, Heródoto procurou
preservar do esquecimento os feitos que se passaram. Porém, não foram as Musas,
as nove divindades filhas de Zeus e Mnémosine, personificação da memória, quem
lhe informaram o que dizer; ele próprio, Heródoto de Halicarnassos, foi quem promoveu suas
investigações cujos resultados foram transformados em escrita. Promove todo um jogo comparativo
entre as informações orais de diversos povos a que teve acesso, demonstrando uma preocupação em dizer
a verdade, embora a considere
inalcançável por conta da existência de uma vasta quantidade de opiniões sobre
os atos humanos.
Heródoto se preocupa em esclarecer que as
versões das testemunhas dos feitos sobre os quais historia, precisam da
confirmação de seu “olho” para serem consideradas mais verossímeis. De um lado, se preocupa apenas em expor o que
colheu de suas testemunhas: “Quanto a mim, meu objetivo ao longo de toda a obra é registrar tudo que
me foi dito tal como ouvi de cada informante”.
Tópica que tem como marco o exercício de
investigação (historíe) que advém de hístor, cuja raiz etimológica remete a “ver” e a “saber”
(HARTOG, 2001: 51). Para si, Heródoto confere o estatuto de quem sabe por que “viu” e não por
ter sido inspirado pelas Musas. Assina seu nome no prólogo das Histórias,
tomando para si um lugar de saber que passará a ser construído a partir do “método” da investigação: “Daí em diante,
para ‘ver’ é preciso arriscar-se (ir ver) e aprender a ver (recolher testemunhos, reunir as diferentes
versões, relatá-las, classificá-las em função do que se sabe por outras fontes e também em função do
grau de verossimilhança)”
Tucídides, (Atenas, ca. 460 a.C. — Atenas, ca. 400 a.C.) foi um historiador da Grécia Antiga.escreveu sobre a
guerra entre atenienses e espartanos ocorrida nas últimas três décadas do séc. V a.C., “(...) na expectativa
de que ela seria grande e mais importante que todas as anteriores (...)”, pois de acordo com as evidências
(tekmeríon) dos feitos anteriores a ela e,
sobretudo dos mais antigos, considera que esses “(...) não foram
realmente grandes, seja quanto às
guerras mesmas, seja quanto a outros aspectos”
Nesse
sentido, Tucídides considera que os feitos da guerra de Tróia foram mais
notáveis que os anteriores, contudo,
“(...) foi, como os fatos demonstram, inferior à sua fama e à repercussão
que até hoje, graças à influência dos
poetas, tem continuidade” Nesse sentido, Políbio adota uma postura já presente
em Heródoto, mais valorizada por
Tucídides e por ele reforçada: a investigação através dos “olhos”, pois entre
a audição e a visão considera essa mais
verdadeira.
A escrita da história de Tito Lívio se caracteriza pela presença
dos elementos que deveriam, aos olhos de Cícero, fazer parte de um discurso
oratório;
A
guerra é, por excelência, o tema da épica e depois de Heródoto e Tucídides
estará
se
constituindo também como tema da história. Xenofonte, Políbio, César, Tito
Lívio e Salústio escreverão sobre
guerras e revoluções que, segundo Momigliano, não distinguiam com facilidade.
Nesse sentido, se entre os escritores
gregos, nota-se uma preocupação em discutir a relação entre história e poesia,
exercício promovido por Tucídides, Aristóteles e Políbio, em Roma muitos deles se preocuparam em comentar a relação
entre história e oratória.