Contemporânea



Era Napoleônica
 
   A Era Napoleônica tem inicio após o Golpe de Estado do 18 Brumário, que foi o que marcou o final do processo revolucionário na França.


  Napoleão Bonaparte  é considerado, para muitos franceses, o governante mais bem-sucedido da história da França. Algumas pessoas dizem que ele foi tão bem-sucedido devido sua habilidade como estrategista, seu espírito de liderança e seu talento para empolgar os soldados com promessas de glória e riqueza após cada vitória.

 Seu governo pode ser dividido em três partes: 

Consulado (1799-1804) 
Império (1804-1814) 
Governo dos Cem Dias (1815) 


Consulado (1799-1804) 
  Este período se caracterizou pela recuperação econômica e pela reorganização jurídica e administrativa na França.
O governo do consulado foi instalado depois da queda do Diretório. O consulado possuía caráter republicano e militar. No poder Executivo, três pessoas eram responsáveis: dois cônsules e o próprio Napoleão. Apesar da presença de outros dois cônsules, quem mais dispunha de influência e poder era o próprio Napoleão, que foi eleito primeiro-cônsul da República.
No consulado, a burguesia detinha o poder e assim, foi consolidada com o grupo central da França. A forte censura à imprensa, a ação violenta dos órgãos policiais e o desmanche da oposição ao governo colocaram em questão os ideais de “liberdade, igualdade e fraternidade” características da Revolução Francesa.
Entre os feitos de Napoleão (na época), podemos citar: 

Economia – Criação do Banco da França, em 1800, controlando a emissão de moeda e a inflação; criação de tarifas protecionistas, fortalecendo a economia nacional. 
Religião – Elaboração da Concordata entre a Igreja Católica e o Estado, o qual dava o direito do governo francês de confiscar as propriedades da Igreja, e em troca, o governo teria de amparar o clero. 

Direito – Criação do Código Napoleônico, representando em grande parte os interesses dos burgueses, como casamento civil (separado do religioso), respeito à propriedade privada, direito à liberdade individual e igualdade de todos perante à lei, etc. 

Educação – Reorganização e prioridades para a educação e formação do cidadão francês. 

Os resultados obtidos neste período do governo de Napoleão agradaram à elite francesa. Com o apoio destas, Napoleão foi elevado ao nível de cônsul vitalício, em 1802. 

   O governo do consulado era republicano e controlado por militares, onde três cônsules chefiavam o poder executivo (Napoleão, Roger Ducos e Sieyés), mas como Napoleão foi eleito primeiro-cônsul da república era ele quem realmente governava. Apesar do cunho democrático criado pela nova constituição, era ele quem comandava o exército, propunha novas leis, nomeava os membros da administração e controlava a política externa.
Durante o governo do consulado as oposições foram aniquiladas, a alta burguesia consolidou-se e os projetos de emancipação dos setores populares foram sufocados.
Com os resultados obtidos neste período Napoleão foi nomeado cônsul vitalício em 1802, devido ao apoio das elites francesas, que estavam entusiasmadas com os avanços.

  O Código Napoleônico (no original, em francês, Code Civil des Français, mas comumente referido como Code Civil ou Code Napoléon) é o código civil francês outorgado por Napoleão Bonaparte  e que entrou em vigor a 21 de março de 1804. Aprovado legalmente três dias depois, o livro reúne as leis ligadas ao direito civil, penal e processual a serem observadas pelo povo francês. Grande parte do código, em especial os artigos que tratam do direito privado e do direito das obrigações permanece em vigor na França, neste que é certamente a contribuição mais duradoura de Napoleão para a história.
A criação deste código tinha por objetivo reformar o sistema legal francês, seguindo os princípios da Revolução de 1789. Antes do Código outorgado por Napoleão, a França não tinha um único conjunto de leis, estas eram baseadas em costumes locais, havendo frequentes isenções e privilégios dados por reis ou senhores feudais. O novo código eliminou os privilégios dos nobres, garantiu a todos os cidadãos masculinos a igualdade perante a lei, separou Igreja e Estado, legalizou o divórcio, além de dividir o direito civil em duas categorias: o da propriedade e o da família, e de codificar diversos ramos do direito ainda organizados em documentos esparsos.

Seu conteúdo está organizado em quatro seções:
Título Preliminar: Da publicação, dos efeitos e da aplicação das leis em geral (artigos 1 a 6);
Livro Primeiro: Das pessoas (artigos 7 a 515);
Livro Segundo: Dos bens e das diferentes modificações da propriedade (artigos 516 a 710);
Livro Terceiro: Dos diferentes modos de adquirir a propriedade (artigo 711 a 2302)

   Até o século XVIII, outras compilações de códigos legais já haviam surgido tanto no ocidente quanto no oriente. Cabe ao Código Napoleônico, porém, a primazia de organizar as leis e distribuí-las em um sistema metódico e de apresentação bastante prática. Sua composição é inspirada nas leis romanas e francesas, além do Corpus Juris Civilis(Corpo de Leis Civis), criado em 534 pelo imperador bizantino Justiniano I. Ele é ainda considerado a concretização de dois ideais do pensamento Iluminista: fazer com que as leis fossem submetidas a uma ordenação determinada pela razão (desejo de Montesquieu) e obra de um déspota ilustrado (como esperava Voltaire).
   Napoleão sabia que tentativas anteriores realizadas em outros países europeus de implementar um código unificado de leis não foram bem-sucedidas, dado à resistência tanto da população e dos magistrados. Para garantir a adoção desse sistema por ambos, foi necessária a imposição de forte censura à imprensa e a organização de uma força policial eficiente para cumprir as determinações do imperador nas cidades. Ironicamente, tais medidas anti-democráticas, mais semelhantes às políticas feudais do que as ideias trazidas com a Revolução permitiram à França tornar-se o primeiro país a ter um efetivo sistema de leis escrito.

Império (1804-1814) 
   O Império foi implantado definitivamente após a mobilização da opinião pública. Em 1804 foi realizado um plebiscito, onde foi reestabelecido o regime monarquico e a indicação de Napoleão ao trono. Em 2 de Dezembro foi oficializado Napoleão I, na Catedral de Notre Dame.
Napoleão liderou uma série de guerras, expandindo o domínio francês. Em algum tempo o exército francês se tornou o mais poderoso da Europa. Os ingleses preocupados com o poderio francês, formaram coligações internacionais contra o expansionismo francês.
Em 1805 a França tentou invadir a Inglaterra, mas foi derrotada. Decorrente deste fato o governo Napoleônico tentou enfraquecer a Inglaterra outras formas. Em 1806 decretou o Bloqueio Continental, o qual dizia que todos os países da Europa deveriam fechar seus portos ao comércio inglês. Mas este decreto não surtiu o efeito esperado, pois a França não conseguia abastecer todo o mercado da Europa.
   A Rússia tinha aderido a esse decreto após um acordo com a França (Paz de Tilsit), mas como era um país essencialmente agrícola e estava enfrentando uma grave crise econômica viu-se obrigado a abandonar o Bloqueio Continental.

Em vingança a decisão do Czar Alexandre I, o governo napoleônico decidiu invadir a Rússia em 1812.
  Os generais acostumados com grandes vitórias conduziam suas tropas pelo imenso território russo, enquanto as tropas czaristas recuavam colocando fogo nas plantações e em tudo que servisse aos invasores. Em Moscou as tropas russas começaram a enfrentar as tropas francesas que estavam mal-alimentadas e desgatadas, devido isso Napoleão não teve outra escolha a não ser em ir embora.
  A desastrosa campanha militar na Rússia encorajou outros países europeus a reagirem contra a supremacia francesa. Em 6 de Abril de 1814 um exército formado por ingleses, austríacos, russos e prussianos tomaram Paris e capturaram Napoleão enviando-o para a Ilha de Elba. O trono francês foi entregue a Luís XVII.

Governo dos Cem Dias (1815) 
Napoleão conseguiu fugir da Ilha de Elba e voltar a França em março de 1815. Ele foi recebido em Paris como herói e com gritos de “viva o imperador!”, ele se instalou no poder, obrigando a família real a fugir, mas a sua permanência no poder durou apenas cem dias.
   A coligação militar da Europa se reorganizou e derrotaram definitivamente Napoleão na Batalha de Waterloo. Napoleão foi mandado para a Ilha de Santa Helena, onde ficou até sua morte.





O IMPERIALISMO,  SÉCULO XIX
   Imperialismo é a política de expansão e o domínio territorial, cultural e econômico de uma nação sobre outras, ou sobre uma ou várias regiões geográficas.
    O imperialismo contemporâneo pode ser também denominado como neocolonialismo, por possuir muitas semelhanças com o regime vigorado entre os séculos XV e XIX, o colonialismo.
   Esta prática está registrada na história da humanidade através de muitos exemplos de impérios que se desenvolveram e, em muitos casos, foram aniquilados ou substituídos por outros. No entanto, o conceito, derivado de uma prática assente na teoria econômica, só surgiu no início do século XX.
   É, sobretudo, aceito que o colonialismo moderno é uma expressão do imperialismo e que não pode existir sem o segundo.
  A palavra imperialismo tornou-se comum no Reino Unido na década de 1870 e foi usado com uma conotação negativa. Na Grã-Bretanha, a palavra até então tinha sido principalmente usada para se referir à política de Napoleão III de obtenção de opinião pública favorável na França através de intervenções militares fora do país.

O conceito de imperialismo
   No final do século XIX e começo do século XX, a economia mundial viveu grandes mudanças. A tecnologia da Revolução Industrial aumentou ainda mais a produção, o que gerou uma grande necessidade de mercado consumidor para esses produtos e uma nova corrida por matérias primas.
  A concepção de neo-imperialismo foi realizada por economistas ingleses e franceses no início do século XIX. Este conceito constituiu-se em duas características fundamentais: o investimento de capital externo e a propriedade econômica monopolista.

  “Um país imperialista era um país que dominava economicamente o outro”, e desse modo a capitalização das nações imperialistas gradativamente se ampliava, assim como a "absorção" dos países dominados pelos monopóliosmão-de-obra barata e abundante e mercados consumidores, levavam ao ciclo do novo colonialismo, que é o produto da expansão constante do imperialismo.

  Os países imperialistas dominaram muitos povos de várias partes do planeta, em especial dos continentes africano e asiático. Porém, a maior parte dos capitalistas e da população desses países se sobrepunham tendo como afirmativa que suas ações eram justas e até benéficas à humanidade em nome da ideologia do progresso. Dessa forma, tinham 3 visões explicativas: etnocentrismo, baseado na ideia de que existiam povos superiores a outros (europeus superiores a asiáticos, indígenas e africanos, exemplos clássicos), da mesma forma racismo e o darwinismo social que interpretava a teoria da evolução de uma forma errônea, afirmando a hegemonia de alguns sobre outros pela seleção natural.
   Assim, no final do século XIX e o começo do século XX, os países imperialistas se lançaram numa corrida por matéria-prima, mercados consumidores e países com uma fragilidade política, com o intuito de colonizar, o que desencadeou rivalidade entre os mesmos e concretizou o principal motivo da Primeira Guerra Mundial, dando princípio à “nova era imperialista".

Liberalismo e imperialismo
   O primeiro estudo sistemático do imperialismo surgiu em 1902 com "Imperialismo", do autor inglês John Hobson, para quem o fenômeno se devia à acumulação de capital excedente que devia ser exportado. Seriam motivações importantes do expansionismo a busca de novas fontes de matérias-primas e de mercados. A originalidade da obra de Hobson consiste em atribuir ao imperialismo raízes econômicas, o que forneceu as bases para a interpretação marxista.
   Na década de 1950, as alterações às políticas econômicas de Taiwan transformou a ilha em uma tecnologia orientada a economia desenvolvida industrializados, após um período de altas taxas de crescimento e rápida industrialização. Na China continental, na década de 1970, as reformas conhecida como Quatro Modernizações melhoria da agricultura, indústria, tecnologia e defesa, elevando os padrões de vida e tornando a RPC uma das grandes potências.
   Para o economista Joseph Schumpeter, que em sua obra mais conhecida, "Capitalism, Socialism and Democracy" (1942), conclui que o capitalismo acabaria por esgotar-se e dar lugar a alguma forma de controle centralizado da economia, e que a política imperialista não tem relação com a natureza do capitalismo, que é pacifista em essência. O expansionismo se deve a um impulso atávico de luta, remanescente em estruturas e camadas sociais pré-capitalistas, que dependem para sua sobrevivência de guerras e conquistas.

África do Sul, Guerra dos Bôeres
   Nos finais do século XIX, a África do Sul estava dividida nas repúblicas bôeres e nas colônias britânicas do Cabo e do Natal. Com a descoberta de minas de diamante na região, o Reino Unido decidiu dominar e explorar esse território, o que deu início às Guerras dos Bôeres. O Reino Unido ganhou a Segunda Guerra dos Bôeres e consequentemente o domínio efetivo do território, sob promessa de autonomia, o que deu origem à União Sul-Africana.
Índia, Revolta dos Cipaios, Gandhi e Imperialismo Britânico
   A Índia foi mais um país afetado pelo Imperialismo Britânico, que impôs através da formalidade o domínio militar e cultural através da justificativa do Darwinismo Social e do Eurocentrismo (Europa como centro do mundo e cultura superior às outras).
   Com o fim de acabar com o imperialismo britânico na Índia a população fez a Revolta dos Cipaios, em que nacionalistas indianos apoiados pela população local e pelo exército da Índia reivindicavam o direito indiano à liberdade. Mas a revolta foi sufocada pela Inglaterra. Mais tarde, Mahatma Gandhi propôs uma luta sem armas e sem sangue derramado através do boicote de vários produtos ingleses.


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A Primeira Guerra Mundial (1914-18)
 
As causas da guerra.
Um dos principais fatores da eclosão do primeiro grande conflito mundial foi o choque imperialista entre as grandes potências europeias, ou seja, a disputa por mercados consumidores e fornecedores. A unificação italiana e alemã contribuiu para a quebra do equilíbrio europeu, visto que ameaçava os mercados industrias da
França e Inglaterra. Como exemplo, a construção da estrada de ferro
Berlim-Bagdá - unindo a Alemanha aos lençóis petrolíferos do Oriente
Médio - ameaçando a hegemonia britânica na região.

O revanchismo francês, após a guerra Franco-prussiana, bem como os interesses imperialistas, possibilitaram a formação do chamado Sistema de Alianças - que reuniu algumas potências européias em dois blocos distintos: Tríplice Aliança, consolidada em 1822, e formada pela Alemanha, Império Austro-húngaro e Itália; e a Tríplice Entente, surgida em 1907 e composta pela França, Rússia e Grã-Bretanha.

O pan-eslavismo, defendido pela Rússia, que levava o Império russo a apoiar os movimentos nacionalistas ocorridos nos Balcãs, tornado a Rússia uma aliada da Sérvia na luta contra o Império Austrohúngaro.

O nacionalismo da Sérvia serviu de causa imediata para o início da Primeira Guerra Mundial. Os povos eslavos da península Balcânica dominados pelos austríacos - região da Bósnia-Herzegóvina - rebelaram-se, sendo apoiados pelos sérvios. Na capital da Bósnia, Saravejo, um estudante; pertencente a um organização secreta chamada Mão Negra, assassinou o arquiduque austríaco Francisco Ferdinando, no dia 28 de junho de 1914.

Arquiduque Francisco Ferdinando e seu assassino Gavrilo Princip

O Império Austro-húngaro atacou a Sérvia que recebeu apoio da Rússia. A partir daí, o sistema de alianças funcionou automaticamente:
a Alemanha declarou guerra à Rússia; a França declarou guerra à Alemanha e, pouco depois, foi a vez da Grã-Bretanha declarar guerra à Alemanha.

As fases da Primeira Guerra.
A Primeira Guerra Mundial apresentou três fases distintas: A primeira fase da guerra ( 1914/15), foi caracterizada pela movimentação das tropas. O alemães adotaram o Plano Schlieffen, que consistia num ataque à França, através do território da Bélgica. A invasão da Bélgica serviu de pretexto para a Grã-Bretanha declarar guerra à Alemanha.
A principal batalha nesta fase de movimento foi a batalha do Marne, forçando um recuo das tropas alemãs.
Enquanto isto, na frente oriental o exército alemão não encontrava dificuldades para enfrentar o exército russo, pouco preparado para a guerra.
Depois da batalha do Marne, a frente ocidental conhece a Segunda fase da guerra, denominada "guerra suja de trincheiras".
A "guerra de trincheiras" foi uma guerra de posições, onde cada exército procurava vencer o opositor pelo desgaste. Esta fase provocou o desenvolvimento da indústria bélica, com o uso de metralhadoras, tanques de guerra e do avião.
Duas batalhas ilustram esta fase, a batalha de Somme e a batalha de Verdun.
No ano de 1917, dois acontecimentos mudaram por completo os rumos da guerra: a entrada dos Estados Unidos e a saída da Rússia.
A Rússia saiu da Primeira Guerra Mundial em função da Revolução Bolchevique - que será analisada adiante; já os Estados Unidos entraram no conflito procurando garantir seus negócios na Europa. França e Grã-Bretanha eram devedores dos norte-americanos e, uma possível vitória da Tríplice Aliança poria em risco os investimentos norte-americanos. Quando os alemães torpedearam navios norte-americanos, foi declarada guerra à Alemanha.(06/04/1917).
A terceira, e última fase, volta a ser de movimento, marcada pelo avanço dos aliados e recuo das "potências centrais". Após uma rebelião popular contra a guerra- acompanhada de uma greve geral- o Kaiser Guilherme II abdica e, no dia 11 de novembro de 1918 assina o armistício. Com o fim do II Reich é instalada na Alemanha a República de Weimar.

As alianças durante a guerra.
Os italianos, que inicialmente, estavam na Tríplice Aliança, passaram para a Tríplice Entente, sob promessas de que receberia territórios na Turquia, Áustria e colônias da Alemanha; o Império Otomano - dominado pelo turcos - foram aliados dos alemães, assim como a Bulgária. Japão, Sérvia, Portugal, Grécia, Romênia e Brasil foram aliados da Tríplice Entente.

OS TRATADOS DE PAZ.
Antes do término da guerra, o presidente dos Estados Unidos, Woodron Wilson , elaborou uma proposta de paz, conhecida como Programa dos 14 pontos, proclamando uma paz sem anexações ou indenizações. Determinava a diplomacia aberta, a liberdade dos mares, a redução das barreiras aduaneiras, amplo desarmamento, afirmação do princípio da autodeterminação dos povos e a criação da Sociedade das Nações, com o objetivo de garantir a paz mundial. No entanto, durante a assinatura dos tratados de paz, os 14 pontos de Wilson foram colocados de lado.

A Conferência de Paris.

Conferência de Paz que tomou as decisões diplomáticas após a primeira guerra. Ficou estabelecida a Paz dos Vencedores, marcada pelo espírito revanchista.


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Conflitos na Síria e intervenção dos EUA
Em guerra desde que os ventos da Primavera Árabe sopraram em seu território, a Síria corre o risco de se transformar em um novo Iraque, com a possível ação armada dos EUA.


Cenas da destruição causada pela guerra, em Serekaniye, na Síria.*
    A notícia de que foram utilizadas armas químicas por parte do exército da Síria, em 21 de agosto de 2013, em Gouta, no subúrbio da capital Damasco, foi transmitida por diversos veículos de comunicação do mundo ocidental, aumentando o alerta sobre os conflitos armados que ocorrem no país. A preocupação aumentou após o atual presidente dos EUA, Barack Obama, anunciar a intenção de bombardear o país árabe, com o objetivo de derrubar o presidente sírio Bashar Al-Assad, apontado como responsável pelo uso das bombas com gás sarín.
   Para o vestibulando, o interesse em conhecer mais sobre o conflito está relacionado a duas possibilidades: as ações de intervenção armada dos EUA no Oriente Médio e os conflitos políticos e militares decorrentes do que ficou conhecido como Primavera Árabe.
   Começaremos pela segunda possibilidade. A Primavera Árabe foi o nome dado a uma onda de revoltas que ocorreu no Norte da África e Oriente Médio a partir de dezembro de 2010. Apesar de ter iniciado no inverno do Hemisfério Norte, a menção à primavera é feita em alusão à Primavera de Praga, ocorrida em 1968. O evento que iniciou as revoltas que sacudiram – e ainda sacodem – os países das duas regiões foi a imolação de um jovem tunisiano contra o governo de seu país. A partir daí, uma série de revoltas tomou conta dos países, resultando na queda de vários governos, como na própria Tunísia. Mas os casos mais emblemáticos ocorreram no Egito, com o fim do governo de Hosni Mubarak, e na Líbia, com a queda e a morte de Muammar Gadaffi.
   A Síria não ficou de fora dessa onda de protestos. Em março de 2011, a população síria saiu às ruas das cidades do país, pedindo o fim do regime político comandado por Bashar Al-Assad. A não aceitação das reivindicações e a repressão efetuada pelas forças militares de Al-Assad aumentaram as tensões políticas, levando a oposição a empreender uma luta armada contra o governo.
   Bashar Al-Assad chegou ao poder em 2000, após a morte de seu pai, Hafez al-Assad, que havia iniciado seu comando no país durante a década de 1970. Os dois representam os alauítas na Síria, uma minoria que professa o islamismo e compõe cerca de 10% da população. A organização política que sustenta o poder dos Al-Assad é o partido Baath, a renascença, que tem como parte de sua doutrina o nacionalismo árabe e o anti-imperialismo. Essa postura levou o país a se opor às políticas dos EUA no Oriente Médio, como também às ações do Estado de Israel, país que havia tomado do estado sírio as colinas de Golã, em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias.
O governante sírio Bashar Al-Assad.**

   Bashar Al-Assad pretendeu em seu governo iniciar medidas de abertura política, como a libertação de presos políticos, mas que se mostraram muito limitadas. Com a manutenção de limitações à participação política da população, os eventos da Primavera Árabe insuflaram a oposição ao regime. A luta iniciou-se pelos direitos de autodeterminação do povo sírio. Porém, os desdobramentos dos conflitos militares entre as forças de oposição e as forças militares do governo de Al-Assad passaram a envolver uma série de países, com interesses na Síria e no Oriente Médio.
   Os países ocidentais, principalmente os EUA, França e Reino Unido, declararam apoio às forças de oposição, denominadas pela imprensa de forças rebeldes. Elas estão organizadas principalmente na Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias (CNSOFR), formada por diversas organizações. O governo dos EUA inclusive chegou a reconhecer, em dezembro de 2012, a CNSOFR como representante legítima da Síria, pretendendo deslegitimar o governo de Al-Assad, e criou ainda o Grupo de Apoio Sírio (Syrian Support Group, SSG, em inglês), uma entidade destinada a angariar recursos financeiros e apoio não letal para apoiar o Exército Livre Sírio (ELS), a principal organização da CNSOFR.
   O ELS foi formado principalmente por desertores das Forças Armadas Sírias, que passaram para a oposição ao regime. Porém, especialistas apontam um grande número de mercenários que combatem no ELS, contratados principalmente pela empresa de segurança estadunidense Acadmi (antiga Blackwater), que conta com antigos combatentes das guerras nos Balcãs, Afeganistão e Iraque, por exemplo.
   Mas há também na Coalização forças ligadas a grupos islâmicos, cujos guerreiros, os mujahidin, estariam combatendo pelo jihad, a guerra santa muçulmana. Os grupos islâmicos estão organizados na Frente Síria de Libertação Islâmica, próximos à Irmandade Muçulmana; a Frente Islâmica Síria, que defende a instalação de um Estado teocrático no país; e a Frente Al-Nusra, ligada à Al-Qaeda e cujo objetivo é formar um novo califado islâmico no Oriente Médio.
   Existem ainda grupos curdos que atuam no norte do país e buscam a soberania em relação à Síria.
   O impasse dos EUA em dar apoio armado mais consistente aos chamados rebeldes ocorre justamente pelo receio de armas caírem nas mãos das forças islâmicas contrárias aos estadunidenses. Tal situação poderia levar a uma continuidade da guerra mesmo após a queda de Al-Assad. Por outro lado, Al-Assad afirma que o apoio dos EUA à oposição é uma forma de fortalecer a própria Al-Qaeda.


   A similitude com os demais países que tiveram manifestações da Primavera Árabe manifesta-se na Síria com a interferência de outros países na resolução dos conflitos. Foi o apoio das forças ocidentais que levaram à queda de Gadaffi, por exemplo. Além dos EUA, apoiam os opositores sírios de Al-Assad a Turquia, Reino Unido, França, Arábia Saudita, Qatar e Israel. O apoio desses países acontece de várias formas, principalmente através do envio de armas e na facilidade de transporte delas através das fronteiras.
   Apesar do isolamento do governo sírio, fortalecido após o apoio dado ao grupo islâmico libanês Hezbollah, em 2008, Al-Assad tem sido defendido pela Rússia, China, além do Irã, Líbano e Iraque.
   A referência ao último país serve de gancho para falarmos sobre a segunda possibilidade de como o caso sírio pode ser retratado no vestibular. Pelo que foi exposto acima, a situação de intervenção dos EUA e países europeus no conflito traz à lembrança as invasões organizadas após o 11 de setembro de 2001, no Afeganistão e no Iraque. O fracasso na tentativa de troca de governos nesses países é latente, sendo que no Afeganistão o conflito ainda se desenrola, mais de dez anos após seu início, e com sérios reveses para os EUA.
   EUA e Reino Unido pretendem não cometer o mesmo erro ocorrido com o Iraque, quando invadiram o país sem aval da ONU e utilizaram a argumentação de que Saddam Hussein detinha armas de destruição em massa, o que se mostrou como uma informação falsa pouco tempo depois. A tentativa de comprovação de uso de armas químicas, com gás sarín, por parte do exército de Al-Assad, em 21 de agosto de 2013, é um exemplo de como o governo de Barack Obama tenta justificar um ataque aéreo à Síria. Sem a comprovação, não há como acusar o governante sírio de crime contra a humanidade, única forma de obter o aval da maioria dos países da ONU para o ataque à Síria.

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Atualidades: O Brasil e os Países da América Latina


Venezuela - Hugo Chávez,
Bolívia - Evo Morales,
Argentina - Cristina Kirchner,
Equador - Rafael Correa
Cuba - Raul Castro

Hugo Chaves – Venezuela
Ameaçado no poder, o líder venezuelano pediu apoio diplomático, financiamentos e combustível. Encontrou guarida junto a Lula

Hugo Chávez contou com o Brasil como aliado por uma década
   Relações da Venezuela com o Brasil se estreitaram desde à chegada de Lula ao governo.
Mal havia se acomodado na cadeira de presidente, no dia 2 de janeiro de 2003, Luiz Inácio Lula da Silva se ergueu para dar início a sua primeira audiência como chefe do Estado brasileiro: com um lauto café da manhã, ele abriu as portas do Palácio do Planalto para Hugo Chávez, que viria a ser um dos seus principais aliados.
   Ameaçado no poder, o líder venezuelano pediu apoio diplomático, financiamentos e combustível. Encontrou guarida junto a Lula. Era o cultivo de uma íntima relação, pautada pela “integração da América Latina”.
   Na Venezuela, Chávez enfrentava havia um mês a greve geral convocada por siglas de oposição e empresários. O país estava paralisado, e a produção do petróleo, principal riqueza do país, havia despencado. Os desafetos do presidente venezuelano, que um ano antes haviam tentado um golpe militar, exigiam a renúncia ou a convocação de plebiscito para decidir sobre a continuidade do mandato.
   Com o apoio diplomático do Planalto, o venezuelano suplantou a greve. Até abril de 2003, Chávez veio quatro vezes ao Brasil, encontrando-se com Lula em três ocasiões. O brasileiro contrariou os EUA, que eram simpáticos aos grevistas inimigos de Chávez. Também foram abertas linhas de crédito do BNDES, no valor de R$ 1 bilhão, para a Venezuela.
   Antes da posse, em dezembro de 2002, a pedido de Lula e com o consentimento de Fernando Henrique Cardoso, 220 mil barris de gasolina do Brasil atracaram no país caribenho.
Apoio do Brasil no Mercosul
   Com mandato vigente até 2006, Chávez aceitou os conselhos de Lula – que sugeria um “acordo” com a oposição – e convocou um plebiscito em 2004. Com apoio da população, obteve o direito de permanecer no Palácio Miraflores.
   A parceria se aprofundou. Em dezembro de 2005, em Pernambuco, os dois inauguraram a pedra fundamental da Refinaria José Inácio Abreu e Lima, binacional bancada pelas petrolíferas estatais Petrobras e PDVSA. O nome da refinaria, sugerido por Chávez, era uma homenagem ao general brasileiro que lutou ao lado de Simon Bolívar no processo de libertação da Venezuela.
   Lula também foi o principal apoiador da entrada do país no Mercosul. E, junto com Chávez, liderou a criação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). A relação de proximidade seguiu com o governo Dilma Rousseff, embora as afinidades pessoais da sucessora de Lula com o venezuelano fossem menos perceptíveis.
   O atual presidente é Nicolás Maduro ,assumiu depois da morte de Hugo Chávez São considerados presidentes da Venezuela todos os seus chefes de Estado a partir de sua Independência, em 5 de julho de 1811, sendo, portanto, desconsiderados os representantes do Império Espanhol durante o Período Colonial. O primeiro presidente foi Cristóbal de Mendoza, apontado pelo Primeiro Congresso em 1811, embora o título de Pai da Nação seja usualmente aplicado a Simón Bolívar, o mais proeminente dentre os chamados Libertadores da América.




Bolívia – Presidente Evo Morales
    A Bolívia é uma das nações economicamente mais pobres da América do Sul, com alta taxa de analfabetismo e o terceiro menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os países sul-americanos. Faz fronteira com o Brasil, Paraguai, Argentina, Chile e Peru. Não possui em seu território litoral marítimo.

28ago2013
    La Paz, 28 ago (EFE).- O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu nesta quarta-feira que o Brasil "devolva" o senador Roger Pinto, que fugiu de La Paz para Brasília e está sendo investigado em seu país por corrupção. "É importante devolver Roger Pinto à Justiça boliviana para que ele seja julgado como qualquer autoridade que está envolvida em casos de corrupção", disse Morales em entrevista coletiva.
   LA PAZ — O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse neste sábado, depois de ter se reunido na véspera com a presidente Dilma Rousseff, que está superado o incidente diplomático com o Brasil por conta do episódio envolvendo o senador boliviano Roger Pinto Molina.
— Ontem, me reuni com a companheira presidente e resolvemos o problema. Companheiros e companheiras, ninguém vai nos dividir, ninguém vai nos confrontar — disse Morales em um ato público na sede do governo.
     Opositor de Morales, Molina responde a 22 processos e em um deles, ele foi condenado a um ano de prisão. Os processos são por acusações de crimes ambientais, corrupção e outros. A Bolívia encaminhará ao Comitê Nacional para os Refugiados e ao MP todas as informações sobre os processos contra o senador. O senador, no entanto, diz estar sendo perseguido politicamente pelo presidente boliviano.
     Molina estava asilado na Embaixada Brasileira em La Paz e foi trazido para o Brasil, sem autorização do governo de Dilma, pelo diplomata Eduardo Saboia. O episódio foi determinante para a saída de Antonio Patriota do comando do Itamaraty.
— Lamentavelmente, por um corrupto boliviano tentaram nos dividir e nos confrontar com o Brasil — completou o presidente do país vizinho.
    Morales participou na sexta-feira da 7ª Reunião de presidente e chefes de Estado dos países membros da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e aproveitou para se reunir com Dilma no Suriname, onde acontecia o evento.
Molina ficou asilado na embaixada brasileira por mais de um ano, por falta de um salvo-conduto que o governo de Morales se negou a conceder por considerar que o senador tem contas pendentes com a Justiça boliviana.


Argentina, Cristina Kirchner

Visita da presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, ao Brasil

     Brasília – A presidenta Dilma Rousseff usou a rede social Twitter para manifestar solidariedade à presidenta argentina Cristina Kirchner, que ficará um mês de repouso por recomendações médicas em decorrência de um traumatismo craniano. Dilma definiu Cristina como amiga do Brasil e sua amiga. “Minha solidariedade a CFK [Cristina Fernandez Kirchner], que está de repouso médico. CFK é amiga do Brasil e minha amiga”.

   Incluímos no campo das relações Brasil e Argentina todo contato político-histórico de relevância para as duas nações, e que podem ser considerados como delineadores do comportamento subsequente destes dois atores no cenário internacional.
   Hoje em dia, imersos em um processo de integração cada vez mais profundo, em um convívio harmônico, buscando  alinhar os interesses de política externa em um viés comum, a história mostra que nem sempre as relações entre os dois personagens foram tão cordiais ou amenas como agora, experimentando avanços e recuos, que, em pelo menos uma vez ou outra na história, excepcionalmente, descambou para o conflito armado.
Podemos dividir o histórico destas relações a partir da independência dos respectivos países, em 1816, a declaração Argentina de independência, seguindo-se, em 1822, a do Brasil. A    Argentina originou-se de um desmembramento do Vice-Reino do Rio da Prata, que originou ainda Paraguai e Bolívia. Já o Brasil, reuniu todos os territórios sob administração portuguesa na América do Sul, incluindo aí o Uruguai, que pouco depois alcançaria sua independência, em 1828. Nesse período inicial de formação de ambos países, ainda com fronteiras bastantes incertas, considera-se este período inicial como de instabilidade estrutural, com predominância da rivalidade, em especial no caso do Uruguai, alvo de disputa entre brasileiros e argentinos, que envolveriam-se na Guerra da Cisplatina (1825-1828), que resultou na já citada independência uruguaia.
    Havia ainda uma dependência de ambos da Grâ-Bretanha, a potência na época, que em meio à Revolução Industrial e o controle marítimo de todas as rotas comerciais, exercia livremente sua influência sob a política dos dois países. Tal influência monopolizava muitas vezes a atenção das duas nações, gerando um isolacionismo e uma não-ingerência, apesar das intervenções no Uruguai, bem como no período de Manuel Oribe e Juan Manuel de Rosas e destacadamente, na Guerra do Paraguai.
   No final do século XIX os dois governos esboçaram certa aproximação, com o gradual enfraquecimento da influência britânica, e especialmente depois da proclamação da República no Brasil, visto que o Império era visto com certa desconfiança entre seus vizinhos, algo como um resquício da influência colonial europeia. Há uma busca de cooperação, mas com momentos de rivalidade clara.
   Entre as duas guerras, com a ascensão dos EUA como potência mundial, o comportamento de ambos os países será de uma autonomia heterodoxa, ora apoiando incondicionalmente a posição norte-americana, ora tendo uma certa discordância, porém, em ambos os países, tal distanciamento nunca se aproximando de modo tão próximo aos blocos opositores à política dos EUA (primeiro as potências do Eixo, Alemanha, Itália e Japão, e no pós-guerra, a União Soviética).
   Tais idas e vindas no relacionamento entre os dois países verificar-se-á até os anos 70 do século XX, sendo que a construção de Itaipu foi provavelmente a última grande discórdia entre as duas nações, sendo que a questão foi plenamente e pacificamente solucionada mediante acordos diplomáticos.
   Finalmente, no início dos anos 80, com a Guerra das Malvinas na Argentina, o Brasil dá apoio tácito ao esforço de guerra argentino, fazendo com que haja uma aproximação maior entre os dois países, diminuindo as desconfianças recíprocas. Com os entendimentos entre os presidentes Sarney e Alfonsin no meio da década de 80, o caminho está aberto para a formação, mais tarde, no início dos 90, à formação do MERCOSUL, a união aduaneira dos quatro países do cone-sul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, e atualmente, mais a Venezuela, em vias de ser aceita no grupo). E desde então, as relações Brasil-Argentina é marcada pela cooperação e pela busca de uma política comum para o desenvolvimento da região.

Equador, Rafael Correia
    Brasília - A presidenta Dilma Rousseff conversou hoje (31) com o presidente do Equador, Rafael Correa, para desejar sucesso no novo mandato. Reeleito, Correa tomou posse na última sexta-feira (24), mas Dilma não compareceu à cerimônia porque estava na Etiópia, onde participou da Cúpula da União Africana.
    Ao agradecer à presidenta brasileira, Correa disse que o Equador “vem tomando providências para tornar-se membro pleno do Mercosul”, segundo informações da Secretaria de Imprensa da Presidência da República. O Equador é hoje membro associado do bloco, assim como Bolívia, Chile, Peru e Colômbia.
    Dilma respondeu a Correa que o Equador será bevindo ao Mercosul. A conversa por telefone entre os dois chefes de Estado foi breve e ocorreu por volta das 18h15.

Cuba, Raul Castro
   Líder máximo do governo de Cuba desde o processo revolucionário de 1959, Fidel Castro representou o último resquício do comunismo dentro do continente americano. Muitos afirmam que seu governo personalista não se insere nos ideários políticos de esquerda, entretanto, podemos ao menos afirmar que a trajetória desse líder político e de seu governo representou uma singular experiência na história política.

   Retomando o seu processo de chegada ao poder, não podemos deixar de destacar como a ingerência norte-americana no território cubano fez de Fidel um entrave à total hegemonia política e ideológica almejada pelos Estados Unidos. Desde o processo de sua independência até o golpe de 1959, os Estados Unidos tinham Cuba como um verdadeiro quintal de sua “hegemonia”. Além de se beneficiarem com a subserviência política dos governantes locais, muitos estadunidenses tinham a ilha como um local propício para o turismo e o lazer.

   Inconformado com um país onde havia desigualdade social e prosperidade da economia agroexportadora, Fidel tentou durante toda a década de 1950 criar um grupo de revolucionários interessados em tomar o poder por meio das armas. Durante os três anos de exílio no México, onde conheceu Ernesto “Che” Guevara e formou uma nova guerrilha, Fidel retornou à ilha de Cuba disposto a executar seu plano golpista. Entrando em combate com o Exército, Fidel recuou seus homens e se dirigiu ao interior, na região da Serra Maestra.

   Utilizando uma tática militar descentralizada, pequenos grupos se formaram gradativamente tomando de assalto regiões e cidades de Cuba até que, em 1959, o governo de Fugêncio Batista sucumbiu às forças revolucionárias formadas nesse período. Sem uma clara definição política perante à bipolarização ideológica do período, o novo governo cubano não tinha ainda um projeto político muito bem definido. Porém, conforme as medidas de caráter popular (como a nacionalização das empresas, a reforma agrária e a concessão de crédito a pequenos produtores) foram postas em prática, esse período de indecisão política chegava ao seu fim.

   Contrários a essa política, os Estados Unidos buscaram de todas as maneiras reverter as reformas populares de Fidel. Com a impassividade do governo cubano, os EUA decidiram romper suas relações em 1961. Cuba, que dependia do mercado norte-americano, se aliou aos socialistas soviéticos. A União Soviética, dessa forma, manchou a hegemonia dos Estados Unidos no continente americano. Che Guevara, que não simpatizava com a influência soviética, se afastou do governo cubano. A partir daí, Fidel Castro consolidou um governo unipartidário e voltado à ampliação de seus poderes.

   A queda do socialismo soviético, na década de 1980, provocou uma séria guinada na situação cubana. Mesmo tentando sanar as questões referentes ao abastecimento, à saúde e à educação, Fidel teria que remanejar uma economia desvinculada do maciço apoio soviético. Com isso, o governo cubano foi obrigado a investir no setor turístico e permitir a entrada de recursos de cubanos residentes no exterior. Nos últimos anos, acordos bilaterais com o governo da Venezuela trouxeram uma relativa superação dos problemas vividos no final do século XX.

    Cercado por polêmicas e divergências a era Fidel Castro traz à tona um debate figurado pelas contradições de seu regime. Muitos apontam que a perseguição política e a miséria são os pontos que fazem de seu governo uma experiência frustrada que motivou as constantes fugas de cubanos para outros países, principalmente, para os Estados Unidos. Seus defensores, por outro lado, elogiam o posicionamento autônomo, a erradicação do analfabetismo e a excelência nos serviços de saúde como grandes triunfos da administração de Fidel.

    Os sucessivos problemas de saúde de Fidel Castro o afastaram do poder causando uma verdadeira incógnita política em Cuba. Desde julho de 2006, o governo foi assumido provisoriamente por seu irmão Raul Castro. No entanto, vários analistas políticos não conseguem definir quais serão as possíveis mudanças na vida política de Cuba. De acordo com alguns especialistas, o governo Bush já teria em mãos um plano para dar fim à ditadura comunista do país. Sob a alegação de buscar o prevalecimento de instituições democráticas, os EUA pressionariam outras nações a exigirem uma reforma política em Cuba.

    Sem dar um tom melancólico à sua saída ou incitar algum tipo de mobilização popular, Fidel declarou – depois de mais de quarenta anos de mandato – que não tinha interesse em se perpetuar no poder, impedindo a chegada de outras novas lideranças políticas. Além disso, o ex-presidente cubano afirmou que seu atual papel será o de um “soldado das ideias”.

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