AS CAUSAS DA EXPANSÃO MARÍTIMA E A CHEGADA DOS PORTUGUESES AO BRASIL
Um assunto que aparece muito na escola é sobre os Descobrimentos. O autor afirma que a Europa no século 12 é uma região rural, no 13 começam a se definir as fronteiras e no 15 o mediterrâneo deixa de ser um “lago árabe”. Portugal é o primeiro a se destacar, considerado um país autônomo, reino unificado, voltado para fora e com ajuda de sua posição geográfica e arquitetura naval (a caravela é considerada a menina dos olhos de Portugal), destaque para o infante Dom Henrique. Nisso destaca-se a atuação estado/coroa na nova receita de expansão, considerado um projeto nacional. Os lusos se depararam com muitas situações, como a Etiópia que praticava um laço do cristianismo, as dificuldades das viagens e as dificuldades (de se transpor os Cabos de Bojador e da Boa Esperança), assim como as muitas versões da conquista de Ceuta e o simbolismo de 21 de Abril.
O BRASIL PRÉ-COLONIAL
É
chamado de pré-colonial o período da história do Brasil entre os anos de 1500 a
1530. Este nome é devido ao fato de que nestes 30 anos não houve colonização
portuguesa no Brasil. Da chegada dos portugueses ao Brasil (1500) até a vinda
da primeira expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza (1531), o Brasil
recebeu expedições portuguesas voltadas para a exploração do pau-brasil, defesa
e reconhecimento territorial.
Principais características do
Brasil Pré-Colonial:
- Neste período o Brasil era
habitado por diversas nações indígenas. Pesquisadores calculam que havia de 3 a
4 milhões de indígenas no Brasil em 1500.
- Os portugueses enviaram,
neste período ao Brasil, expedições guarda-costas e de reconhecimento territorial.
- As expedições de
reconhecimento tinham como objetivo principal encontrar metais preciosos,
principalmente ouro.
- Não houve interesse por
parte da coroa portuguesa, nestes 30 anos, de colonizar o Brasil.
- Os portugueses construíram,
neste período, diversas feitorias no litoral. Estas tinham como função
armazenar madeira (pau-brasil), facilitando o transporte para as caravelas.
- Os portugueses usaram
mão-de-obra indígena na exploração do pau-brasil. Em troca de espelhos,
chocalhos, facas e outras bugigangas, os índios eram convencidos a trabalharem
no corte e carregamento do pau-brasil para os navios. Esta troca de trabalho
por objetos é conhecida como escambo.
- A exploração do pau-brasil,
principal atividade econômica desta época, era monopólio da coroa portuguesa.
Esta podia conceder a exploração à particulares em troca do pagamento de 1/5 da
madeira extraída.
- Nestes 30 anos de exploração
do pau-brasil, houve devastação de grande parte da vegetação litorânea nativa.
O pau-brasil foi praticamente eliminado das matas entre o litoral do Rio de
Janeiro até o do Rio Grande do Norte.
- Neste período houve
contrabando de pau-brasil praticado por europeus, principalmente franceses. A
coroa portuguesa precisou enviar ao Brasil expedições de caráter militar para
proteger a costa brasileira. Cristóvão Jacques comandou uma das principais
expedições deste tipo, entre os anos de 1516 a 1526.
O fim do período Pré-Colonial
Em 1530, o rei de Portugal D.
João III resolveu dar início a colonização do Brasil, fixando pessoas no
território colonial. A diminuição dos lucros com a exploração do pau-brasil e
as constantes presenças de estrangeiros no litoral brasileiro preocupou o
monarca português.
A primeira expedição colonizadora, chefiada
por Martin Afonso de Souza, partiu de Portugal em dezembro de 1531 e chegou ao
Brasil no começo de 1532. Com cerca de 400 homens, a expedição tinha como
objetivo principal dar início a colonização do Brasil. Martin Afonso de Souza
distribuiu lotes de terras (sesmarias) e deu início ao plantio da
cana-de-açúcar ao criar o primeiro engenho.
O BRASIL COLONIAL
A população ameríndia era de um modo em geral homogênea e os tupinambás, chamados de tupis, viam os brancos com poderes especiais.
[...] De qualquer forma, não há duvida de que, pelo alcance limitado de suas atividades e pela tecnologia rudimentar de que dispunham, estavam longe de produzir os efeitos devastadores da poluição dos rios com mercúrio, ou da derrubada de florestas com motosserras, características das atividades dos brancos nos dias de hoje.
Na colônia (patrocinado por estado e igreja) a população era mestiça. Destaca-se a extração do Pau-Brasil. Nas várias negociações que ocorreram resultou no Tratado de Tordesilhas, pensando-se nos vários grupos que estavam em áreas portuguesas como os franceses. As Capitanias Hereditárias tinha uma origem feudal de colonização e no Brasil (assim como América Latina) fornecia gêneros alimentícios e minérios, baseado na grande propriedade, empresa comercial e trabalho compulsório. De começo o Brasil só correspondia a 2% das receitas de Portugal contra 26% da Índia. Os índios eram incompatíveis com o trabalho intenso e os jesuítas os ensinavam a serem “bons cristãos”, mas
Os índios resistiram às varias formas de sujeição, pela guerra, pela fuga, pela recusa ao trabalho compulsório. Em termos comparativos, as populações indígenas tinham melhores condições de resistir do que os escravos africanos.[3]
Sobre a escravidão, o autor aponta para a importância do Quilombo dos Palmares. Nem a Coroa portuguesa ou a Igreja se opunham a escravidão negra. O escravo era considerado juridicamente uma coisa, que em média não chegava a 30 anos em 1850. Portugal foi pioneiro na expansão marítima, mas não no comércio. Ademais, o estado luso era considerado absolutista e o autor prefere usar a expressão coroa a rei, pensando no conjunto que no individuo. Os vice-reis na colônia tinham extensas atribuições e as câmaras municipais sobrevivem até a atualidade, apesar das mudanças. Em oposição a isso os chamados “puros de sangue” eram uma pequena minoria, aos mulatos e criolos cabiam as tarefas domésticas, mas era comum todos possuírem o desejo de terem escravos. Os títulos de nobreza não eram hereditários e existia aproximação e atrito entre os grandes proprietários rurais. A maioria da população vivia na colônia e entre as regiões havia muita diferença, sendo Salvador a maior entre as poucas cidades que existiam. Por volta de 1530/40 é estabelecido o comércio da cana-de-açúcar no Brasil. Segundo Fausto
Os senhores de engenho não viviam isolados na plantation. Pela própria natureza e localização de sua atividade, geralmente próxima de um porto, estavam em contato com o mundo urbano e com um olho no mercado internacional. Afinal de contas, sua riqueza dependia não só da capacidade de tocar o negocio no Brasil mas dos preços fixados do outro lado do Atlântico, nos grandes centros importadores.[4]
Em 1630 em Olinda e 1624 em Salvador os holandeses invadem o Brasil e o autor lança algumas questões e dúvidas sobre o governo de Maurício de Nassau. No século 18 a pecuária penetra o centro do Brasil e no século 19 ocorre o declínio do açúcar. Destacam-se as figuras de padre Antonio Vieira que limitou o abuso contra os índios, e o frei Vicente de Salvador, que dizia que os portugueses “arranhavam as costas como caranguejos”.[5] A Companhia de Jesus é considerada um estado dentro do estado. Nas bandeiras (expedições com milhares de índios) era nítido como os portugueses adquiriram hábitos e costumes indígenas, já nessa época ocorria a exaltação a figura dos bandeirantes e cabe lembrar que nem todas tinham ligação com administração portuguesa.
[...] disso resultou a guerra civil conhecida como Guerra dos Emboadas (1708-1709), opondo paulistas de um lado, estrangeiros e baianos de outro. Os paulistas não tiveram êxito na sua pretensão, mas conseguiram que se criasse a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, separada do Rio de Janeiro (1709), e a elevação da Vila de São Paulo a categoria de cidade (1711). Em 1720, Minas Gerais se tornaria uma capitania separada.[6]
O ouro aliviava os problemas portugueses (Portugal no século 18 dependia da Inglaterra) e dele saíram negociantes, mineradores, advogados e padres, sendo essa sociedade mais aberta e complexa que a do açúcar. O mineiro-escravo tinha em torno de 7 a 12 anos de atividade. Alcançam a colônia a influência de vários eventos europeus como o pensamento ilustrado e iluminismo, teorias como da mão invisível (que harmoniza a sociedade) e as revoluções francesa, americana e inglesa. Disso resultaram eventos na colônia como a Inconfidência Mineira, lembrando o autor que metade dos estudantes da Universidade de Coimbra eram mineiros, sendo a figura de Tiradentes um caso a parte, destacam-se também a Conjuração dos Alfaiates e a Insurreição de São Domingos (no Haiti). A vinda da família real portuguesa no Brasil muda as relações da colônia, como na liberação de impressão do primeiro jornal, mas não deixando de serem portugueses no Brasil. De um forte antilusitanismo no nordeste brasileiro resultam em eventos como a Revolução Pernambucana. Em 1820 Portugal entra em crise e nessa época destaca-se a figura de José Bonifácio, arquiteto da independência do Brasil.
Fonte: Blog Resenha Acadêmica.
***
Companhia de Jesus no Brasil
AD MAIOREM DEI GLORIAM
Para a maior glória de Deus
Para a maior glória de Deus
Em março de 1549, chegaram ao
Brasil os primeiros padres jesuítas que iniciariam o processo de catequização indígena em
massa. Eles chegaram junto com o primeiro governador-geral, Tomé de Souza, e
recebiam ordens do superior padre Manuel da Nóbrega.
Com a catequização, os portugueses pretendiam unificar o território
brasileiro com base no Catolicismo, religião hegemônica em Portugal. Para educar os índios, os padres
instituíram em Salvador, capital brasileira na época, a primeira escola
elementar, que era comandada pelo Irmão Vicente Rodrigues e tinha os mesmos
moldes de ensino da Europa.
Para que os indígenas
compreendessem o ensinamento religioso, tinham que aprender a ler e escrever. Sabendo
disso, os jesuítas construíram, ao longo de 20 anos, pelo menos cinco escolas
de instrução elementar e três colégios: um no Rio de Janeiro, um em Pernambuco
e outro na Bahia.
Na grade escolar, os jesuítas
ensinavam os cursos de Teologia e Ciências
Sagradas, tidos como cursos de nível superior para especialização de
sacerdotes, além de Letras e Filosofia, que eram cursos secundários. Caso
quisessem dar prosseguimento aos estudos, os sacerdotes teriam que estudar na Europa.
De fato, as Missões
Jesuíticas no Brasil aproximaram os portugueses da utopia de integrar os
indígenas ao processo de colonização. Ensinar-lhes os costumes e as crenças
europeias seria o primeiro passo para tornar o país uma efetiva colônia de
Portugal, fazendo-os obedecer, sem restrições, às ordens impostas pelo
governador-geral Tomé de Souza.
São Miguel das Missões (RS)
Quando os jesuítas perceberam o
interesse dos portugueses em escravizar os índios, migraram as missões para as
cidades interioranas. Além de ensinar a doutrina católica, os jesuítas
iniciaram o trabalho de orientação agrícola para que vivessem independentes e
afastados dos colonizadores portugueses.
Os índios, que viviam como
nômades percorrendo grandes distâncias em busca do melhor lugar para ficarem,
passaram a se tornar sedentários com o cultivo da terra, já que conseguiam
alimentar tribos inteiras com o trabalho agrícola. Entretanto, graças a isso,
os colonizadores descobriam e mandavam prender e torturar grandes aldeias, na
intenção de escravizá-los.
Apesar dos portugueses não
aprovarem o trabalho dos jesuítas, as Missões brasileiras duraram mais de dois
séculos. Em 1759, o primeiro-ministro de Portugal Sebastião José de Carvalho,
conhecido como Marquês de Pombal, ordenou uma expulsão em
massa dos jesuítas de todas as colônias portuguesas. Até aquele ano, os
religiosos somaram 36 missões, construíram 25 residências e 17 colégios e
seminários por todo o território brasileiro.
Os nomes grandiosos são evidentemente os de
Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. Não se podem esquecer Leonardo Nunes,Vicente Pires ou
o padre João de Azpilcueta Navarro. Varnhagen nos diz que
este fora logo mandado para Porto Seguro,
capitania onde estavam os melhores intérpretes da língua tupi,
talvez ainda - em avançada idade? - alguns dos ali deixados por Cabral e depois pela primeira
armada exploradora.
José de Anchieta também esteve em Porto
Seguro e, em carta reproduzida por Accioli, diz: "Aqui temos casa em que
vivem de ordinário seis dos nossos, três padres e três irmãos; vivem de esmolas,
ajudados dos da Bahia, como a casa dos Ilhéus. Têm a seu cargo duas aldeias de
índios, uma cinco léguas da vila para o sul, outra quatro para o norte. Não
estão os padres muito bem recebidos nesta terra por causa dos Capitães e outros
homens que não nos são muito benévolos, mas bem empregados, maxime em atender
aos índios, porque com os portugueses não se tira muito fruto." E,
adiante, descreve a terra: "Os homens e mulheres portugueses nesta terra
se vestem limpamente de todas as sedas, veludos, damascos, razes e mais panos
finos como em Portugal e nisto se tratam com fausto, máxime as mulheres que
vestem muitas sedas e joias e creio que nisto levam vantagem, por não serem tão
nobres, às de Portugal, e todos, assim homens como mulheres, como aqui vem, se
fazem senhores e reis por terem muitos escravos e fazendas de açúcar, por onde
reina o ódio e lascívia e o vício da murmuração geralmente…"
Observadores atentos, os jesuítas descrevem suas
aventuras entre índios e colonos, procissões na selva, conversões, fugas, cenas
de canibalismo, milagres, construções de igrejas e casas, expedições cercadas
de perigos. A objetividade e simplicidade das cartas – que encantaram os
leitores quinhentistas - transformaram-nas em sucesso editorial ao serem
traduzidas em diversas línguas.
Numerosas aldeias jesuíticas foram criadas
na região sertaneja, respaldadas pelos Colégios da Bahia e de Pernambuco. As
relações entre Colégios e Missões eram tensas, pois os primeiros pensavam
privilegiar os "descimentos", enquanto as missões defendiam os
"aldeamentos".
Motins em São Paulo
O episódio mais grave, em 1640, ficou conhecido como
«a botada dos padres fora» que durou muitos
anos. Somente em 14 de maio de 1653, houve termo assinado
pelos oficiais da Câmara de São Paulo, homens bons e padres da Companhia pelo
qual foram os direitos «restituídos aos seus colégios na capitania». Foi importante
o papel do bandeirante Fernão Dias Pais, cujo irmão foi o Padre João Leite da Silva,
celebrado por suas virtudes, instrução, letras e zelo apostólico. Eram
freqüentes, aliás, na colônia, dissídios entre as autoridades do Reino e as
eclesiásticas.
Em Jaboatão os jesuítas construíram o
mosteiro, um cruzeiro de pedra e a igreja dedicada a Nossa Senhora das Agonias.
Segundo José Bezerra dos Santos, o autor do romanceO
Tesouro de Jaboatão, “os cristãos que
se aproximavam daquele abrigo ofereceram-se, voluntariamente, para executarem a
escavação de um enorme subterrâneo, sob o monte, o que fizeram um labirinto e
largos corredores, onde foram enterrados os bens mais preciosos da igreja, para
ficarem a salvo das incursões dos flamengos, protestantes, inimigos da Igreja,
que avançavam sertão adentro”. Para este autor, o «Tesouro de Jaboatão» não foi
deixado, no século XVIII, quando da expulsão dos jesuítas, mas estava guardado
desde o século anterior, por temor dos holandeses em Sergipe, nas margens do
rio São Francisco. Haveria assim uma acumulação de riquezas, protegidas de
todas as investidas que pudessem ameaçá-lo. A tese estaria fundamentada na ação
do Vaticano, em 1630, ordenando recolher a rica imagem de Nossa
Senhora das Agonias, salvando-a de um assalto flamengo.
Os registros indicaram, sempre, que em 1694 os
jesuítas já estavam com sua fazenda e “Residência de Jaboatão no rio de São
Francisco». Sabia-se, também, que o padre João Nogueira, Procurador das
Fazendas de Sergipe, e o irmão carpinteiro Francisco Simões, que fizeram as
obras da Fazenda Tejupeba, moravam em Jaboatão. Em 1757,
quando os vigários das diversas Freguesias sergipanas fizeram o levantamento, o
pároco de Vila Nova (hoje Neópolis) assim tratou de Jaboatão, como uma Fazenda
Modelo “com sua igreja de Nossa Senhora do Desterro, bem ornada e aprazível,
além do mesmo Hospício e morada dos religiosos ser muito claro e vistoso e
saudável com as casas de seus escravos arruadas, e tudo com muita direção.” Em 1760, o
Edital da Junta pondo em arrematação os bens, estavam declarados: “Seis moradas
e casas, chãos e foros na cidade de São Cristóvão de Sergipe del Rei, a Fazenda
de Jaboatão e de Tejupeba e suas anexas, com casas de moradores, currais, gados
e escravaturas, no distrito da Comarca de Sergipe del Rei.”
Por outro lado, a Companhia de Jesus teve
uma atuação notável também no sul do Brasil, na área antigamente sob o domínio
espanhol (1580-1640) que compreendia todo o oeste dos atuais estados
meridionais. Ali se formou uma civilização à parte da brasileira, mas também
baseada no sistema de aldeamentos de indígenas adotado pelos jesuítas
portugueses em outras partes do Brasil, as Reduções ou
Missões, dentre as quais se destacaram os chamados Sete Povos das Missões. Suas relíquias
arquitetônicas e artísticas comprovam o elevado nível cultural ali adquirido,
sendo parte desta riqueza declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, como o Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo.
Significativa estatuária ainda permanece em diversos museus locais como o Museu das Missões e
o Museu Júlio de Castilhos, e espalhada em templos e
colégios e coleções privadas, e hoje em conjunto é patrimônio nacional tombado
pelo IPHAE.
Os Sete Povos e reduções menores do sul
sofreram pilhagens, massacres e foram obrigadas a abandonos e reconstruções em
meio às disputas territoriais entre as coroas lusitana e espanhola, culminando
na Guerra Guaranítica, e acabaram por ser extintas
com a supressão da Ordem.
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