Moderna





Expansão Marítima Europeia.
   A expansão marítima europeia, processo histórico ocorrido entre os séculos XV e XVII, contribuiu para que a Europa superasse a crise dos séculos XIV e XV.
   Através das Grandes Navegações há uma expansão das atividades comerciais, contribuindo para o processo de acumulação de capitais na Europa.
   O contato comercial entre todas as partes do mundo ( Europa, Ásia, África e América ) torna possível uma história em escala mundial, favorecendo uma ampliação dos conhecimento geográficos e o contato entre culturas diferentes.

Fatores para a Expansão Marítima.
   A expansão marítima teve um nítido caráter comercial, daí definir este processo como uma empresa comercial de navegação, ou como grandes empreendimentos marítimos. Para o sucesso desta atividade comercial o fator essencial foi a formação do Estado Nacional.
   Formação do Estado Nacional e a centralização política- as Grandes Navegações só foram possíveis com a centralização do poder político, pois fazia-se necessário uma complexa estrutura material de navios, armas, homens, recursos financeiros. A aliança rei-burguesia possibilitou o alcance destes objetivos tornando viável a expansão marítima.
   Avanços técnicos na arte náutica- o aprimoramento dos conhecimentos geográficos, graças ao desenvolvimento da cartografia; o desenvolvimento de instrumentos náuticos- bússola, astrolábio, sextante - e a construção de embarcações capazes de realizar viagens a longa distância, como as naus e as caravelas.

Interesses econômicos- a necessidade de ampliar a produção de alimentos, em virtude da retomada do crescimento demográfico; a necessidade de metais preciosos para suprir a escassez de moedas; romper o monopólio exercido pelas cidades italianas no Mediterrâneo
que contribuía para o encarecimento das mercadorias vindas do Oriente; tomada de Constantinopla, pelo turcos otomanos, encarecendo ainda mais os produtos do Oriente.
Sociais- o enfraquecimento da nobreza feudal e o fortalecimento da burguesia mercantil.
Religiosos- a possibilidade de conversão dos pagãos ao cristianismo mediante a ação missionária da Igreja Católica.

Expansão marítima portuguesa
   Portugal foi a primeira nação a realizar a expansão marítima. Além da posição geográfica, de uma situação de paz interna e da presença de uma forte burguesia mercantil; o pioneirismo português é explicado pela sua centralização política que, como vimos, era condição primordial para      as Grandes Navegações.
   A formação do Estado Nacional português está relacionada à Guerra de Reconquista - luta entre cristãos e muçulmanos na península Ibérica.
   A primeira dinastia portuguesa foi a Dinastia de Borgonha ( a partir de 1143 ) caracterizada pelo processo de expansão territorial interna.
Entre os anos de 1383 e 1385 o Reino de Portugal conhece um movimento político denominado Revolução de Avis - movimento que realiza a centralização do poder político: aliança entre a burguesia mercantil lusitana com o mestre da Ordem de Avis, D. João. A Dinastia
de Avis é caracterizada pela expansão externa de Portugal: a expansão marítima.
Etapas da expansão
   A expansão marítima portuguesa interessava à Monarquia, que buscava seu fortalecimento; à nobreza, interessada em conquista de
terras; à Igreja Católica e a possibilidade de cristianizar outros povos e a burguesia mercantil, desejosa de ampliar seus lucros.
   A seguir, as principais etapas da expansão de Portugal:
1415 - tomada de Ceuta, importante entreposto comercial no norte da África;
1420 - ocupação das ilhas da Madeira e Açores no Atlântico; 1434 - chegada ao Cabo Bojador;
1445 - chegada ao Cabo Verde;
1487 - Bartolomeu Dias e a transposição do Cabo das Tormentas;
1498 - Vasco da Gama atinge as Índias ( Calicute );
1499 - viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.

Expansão marítima espanhola
    A Espanha será um Estado Nacional somente em 1469, com o casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Dois importantes reinos cristãos que enfrentaram os mouros na Guerra de Reconquista.
   No ano de 1492 o último reduto mouro - Granada – foi conquistado pelos cristãos; neste mesmo ano, Cristovão Colombo ofereceu seus serviços aos reis da Espanha.
Colombo acreditava que, navegando para oeste, atingiria o Oriente. O navegante recebeu três navios e, sem saber chegou a um novo continente: a América.
A seguir a principais etapas da expansão espanhola:
1492 - chegada de Colombo a um novo continente, a América;
1504 - Américo Vespúcio afirma que a terra descoberta por Colombo era um novo continente;
1519 a 1522 - Fernão de Magalhães realizou a primeira viagem de circunavegação do globo.

Vídeo Expansão Marítima Europeia, Séc XVI


As rivalidades Ibérica
    Portugal e Espanha, buscando evitar conflitos sobre os territórios descobertos ou a descobrir, resolveram assinar um acordo - proposto
pelo papa Alexandre VI - em 1493: um meridiano passando 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, dividindo as terras entre Portugal e Espanha. Portugal não aceitou o acordo e no ano de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas.
    O tratado de Tordesilhas não foi reconhecido pelas demais nações europeias.
Navegações Tardias
Inglaterra, França e Holanda.
   O atraso na centralização política justifica o atraso destas nações na expansão marítima:
   A Inglaterra e França envolveram-se na Guerra dos Cem Anos(1337-1453) e, após este longo conflito, a Inglaterra passa por uma guerra civil - a Guerra das Duas Rosas ( 1455-1485 ); já a França, no final do conflito com a Inglaterra enfrenta um período de lutas no reinado de Luís XI ( 1461-1483).
   Somente após estes conflitos internos é que ingleses, durante o reinado de Elizabeth I ( 1558-1603 ); e franceses, durante o reinado de Francisco I iniciaram a expansão marítima.
   A Holanda tem seu processo de centralização política atrasado por ser um feudo espanhol. Somente com o enfraquecimento da Espanha e com o processo de sua independência é que os holandeses iniciarão a expansão marítima.

CONSEQÜÊNCIAS
   As Grandes navegações contribuíram para uma radical transformação da visão da história da humanidade. Houve uma ampliação do conhecimento humano sobre a geografia da Terra e uma verdadeira Revolução Comercial, a partir da unificação dos mercados europeus, asiáticos, africanos e americanos.
   A seguir algumas das principais mudanças:
   A decadência das cidades italianas; a mudança do eixo econômico do mar Mediterrâneo para o oceano Atlântico; a formação do Sistema Colonial; enorme afluxo de metais para a Europa proveniente da América; o retorno do escravismo em moldes capitalistas; o eurocentrismo, ou a hegemonia europeia sobre o mundo; e o processo de acumulação primitiva de capitais resultado na organização da formação social do capitalismo.

EXERCÍCIOS
1) (PUCCamp-SP) - o processo de colonização europeia da América, durante os séculos XVI,XVII e XVIII, está ligado à:
a) expansão comercial e marítima, ao fortalecimento das monarquias nacionais absolutas e à política mercantilista.
b) Disseminação do movimento cruzadista, ao crescimento do comércio com os povos orientais e à política livrecambista.
c) Política imperialista, ao fracasso da ocupação agrícola das terras e ao crescimento do comércio bilateral. Criação das companhias de comércio, ao desenvolvimento do modo feudal de produção e à política liberal.
d) Política industrial, ao surgimento de um mercado interno consumidor e ao excesso de mão-de-obra livre.

2) (Cesup/Unaes/Seat-MS)- Na expansão da Europa, a partir do século XV, encontramos intimamente ligados à sua história:
a) a participação da Espanha nesse empreendimento, por interesse exclusivo de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, seus soberanos na época;
b) a descoberta da América, em 1492, anulou imediatamente o interesse comercial da Europa com o Oriente;
c) o tratado de Tordesilhas, que dividia as terras descobertas entre Portugal e Espanha, sob fiscalização e concordância da França, Inglaterra e Holanda;
d) Portugal, imediatamente após o descobrimento do Brasil, iniciou a colonização, extraindo muito ouro para a Europa, desde 1500;
e) O pioneirismo Português.

3)(PUC-MG) O descobrimento da América, no início dos tempos modernos, e posteriormente a conquista e colonização, considerando-se a mentalidade do homem ibérico, permitem perceber que, EXCETO:
a) O colonizador, ao se dar conta da perda do paraíso terrestre, do maravilhoso, lançou-se à reprodução da cenografia europeia da América;
b) O colonizador, negando o que pudesse parecer novo, preferiu ver apenas o seu reflexo no espelho da história;
c) Colombo se recusava a ver a América, preferindo manter seus sonhos de que estaria próximo ao Oriente;
d) O processo de descrição e observação do novo continente envolvia basicamente a manutenção do universo indígena;
e) A conquista representou a possibilidade de transplante e difusão dos padrões culturais europeus na América.

3) Portugal e Espanha foram as primeiras nações a lançarem-se nas Grandes Navegações. Isto deveu-se, basicamente a/ao:
a) enorme quantidade de capitais acumulados nestas duas nações desde o renascimento comercial na Baixa Idade Média;
b) processo de centralização política favorecido pela Guerra de Reconquista;
c) diferentemente de outras nobrezas, a nobreza portuguesa
e espanhola estavam fortalecidas e conseguiram financiar o projeto de expansão marítima;
d) o desenvolvimento industrial da península Ibérica forçou estas nações a buscarem mercados consumidores e fornecedores;
e) espírito aventureiro de portugueses e espanhóis.

4) Entre as consequências da Expansão Marítima, NÃO encontramos:
a) a formação do Sistema Colonial;
b) o desenvolvimento do eurocentrismo;
c) a expansão do regime assalariado da Europa para a América;
d) início do processo de acumulação de capitais, impulsionando o modo de produção capitalista;
e) introdução do trabalho escravo na América.

Respostas dos exercícios.
1) A
2) E
3) D
4) C
5) C


RENASCIMENTO CULTURAL.
   O Renascimento foi um movimento histórico ocorrido inicialmente na Itália e difundido pela Europa - entre os séculos XV e XVI. Foi caracterizado pela crítica aos valores medievais e pela revalorização dos valores da Antiguidade Clássica ( greco-romana ).
   Foi na cidade de Florença que os textos clássicos passaram a ser estudados e as ideias renascentistas difundiram-se para outras cidades italianas e , posteriormente, para outras regiões da Europa.

Itália no século XV.
   O berço do Renascimento foi a Itália em virtude de uma série de fatores:
- Intenso desenvolvimento comercial das cidades italianas que exerciam o monopólio sobre o comércio no mar Mediterrâneo;
- Desenvolvimento e ascensão de uma nova classe social – a burguesia comercial - que passava a difundir novos hábitos de consumo;
- O urbanismo e a disseminação do luxo e da opulência;
- Influência da cultura grega, através do contato comercial das cidades italianas com o Oriente, especialmente Constantinopla;
- O Mecenato, prática exercida pelos burgueses, príncipes e papas, de financiar os artistas, procurando mostrar o poderio da cidade e ampliar o prestígio pessoal;
- A vinda de sábios bizantinos para a Itália após a conquista de Constantinopla pelos turcos Otomanos;
- A presença, em solo italiano, da antiguidade clássica.






Aspectos da Renascença.
   Os homens que viviam sob a Renascença criticavam a cultura medieval, excessivamente teocêntrica, e defendiam uma nova ordem de valores.
Os principais aspectos do Renascimento foram:
a) o racionalismo e o abandono do mundo sobrenatural;
b) o antropocentrismo, onde o homem é o centro de tudo;
c) o universalismo, caracterizado pela descoberta do mundo;
d) o naturalismo, acentuando o papel da natureza;
e) o individualismo, valorizando o talento e o trabalho;
f) o humanismo.

 O Humanismo
   Humanista era um sábio que criticava os valores medievais e defendia uma nova ordem de ideias. Valorizava o progresso e buscava revolucionar o mundo através da educação.
   Foi o grande responsável pela divulgação dos valores renascentista pela Europa.
   Outro elemento responsável pela expansão das novas ideias foi a imprensa de tipos móveis, inventada pelo alemão Johan Gutemberg, tornando mais fácil a reprodução de livros.
No Renascimento desenvolveram-se as artes plásticas, a literatura e os fundamentos da ciência moderna.

Artes Plásticas.
   As obras renascentistas são caracterizadas pelo naturalismo e retratam o dinamismo comercial do período. Os estilos desenvolvidos
levaram a uma divisão da Renascença em três períodos: o Trecento
(século XIV) , o Quattrocento ( século XV ) e o Cinquecento ( século
XVI).
TRECENTO - destaque para a pintura de Giotto ( 1276/1336 ) que muito influenciou os demais pintores;
QUATROCENTO - período de atuação dos Médicis, que financiaram os artistas. Lourenço de Médici foi o grande mecenas da época.
Destaques para Botticelli ( 1444/1510 ) e Leonardo da Vinci (1452/1519).
CINQUECENTO - O grande mecenas do período foi o papa Júlio II que pretendia reforçar a grandiosidade e o poder de Roma. Iniciou as obras da nova basílica de São Pedro. O autor do projeto foi Bramante e
a decoração à cargo de Rafael Sânzio e Michelângelo.
Michelângelo ( 1475/1564 ) apesar de destacar-se como o pintor da capela Sistina foi o grande escultor da Renascença.

Literatura.
   Graças à imprensa, os livros ficaram mais acessíveis, facilitando a divulgação de novas ideias.
PRECURSORES
Três grandes autores do século XIV:
Dante Alighieri (1265/1321),autor de A Divina Comédia, uma crítica à concepção religiosa; Francesco Petrarca, com a obra África e Giovanni Boccaccio que escreveu Decameron.
PRINCIPAIS NOMES.
ITÁLIA
Maquiavel, fundador da ciência política com sua obra O Príncipe, cuja tese central considera que os fins justificam os meios. Contribuiu para o fortalecimento do poder real e lançou os fundamentos do Estado Moderno.
Campanella, que relatou a miséria italiana no livro A Cidade do Sol.
FRANÇA
Rabelais, que escreveu Gargântua e Pantagruel; Montaigne, que foi o autor de Ensaios.
HOLANDA
Erasmo de Roterdan, considerado o "príncipe dos humanistas" que satirizou e criticou a sociedade da época. Sua obra-prima é O Elogio da Loucura ( 1569 ).
INGLATERRA
Thomas Morus, que escreveu Utopia e Shakespeare, autor de magníficos textos teatrais.
ESPANHA
Miguel de Cervantes, com o clássico Dom Quixote de la Mancha.
PORTUGAL
Camões, que exaltou as viagens portuguesas na sua obra Os Lusíadas.

Ciência Moderna
   O racionalismo contribuiu para a valorização da matemática, da experimentação e da observação sistemática da natureza. Tais procedimentos inauguraram a ciência moderna. Principais nomes:
Nicolau Copérnico- demonstrou que o Sol era o centro do universo (heliocentrismo) em oposição ao geocentrismo ( a Terra como o centro).
Giordano Bruno - divulgou as ideias de Copérnico na Itália. Considerado herege foi queimado na fogueira em 1600. Kepler - confirmou as teorias de Copérnico e elaborou uma série de enunciados referentes à mecânica celeste.
Galileu Galilei - inaugurador da ciência moderna e aprofundou as ideias de Copérnico, pressionado pela Igreja negou as suas ideias.

Crise do Renascimento
   O Renascimento entra em decadência após a perda de prestígio econômico das cidades italianas, em decorrência das Grandes Navegações - que muda o eixo econômico do Mediterrâneo para o 5
Atlântico; e da Contrarreforma Católica que limitou a liberdade de expressão.
A Reforma Religiosa.
   Ao longo da Idade Média, a Igreja Católica afastou-se de seus ensinamentos, sendo por isto criticada e considerada a responsável pelos sofrimentos do período: guerras, fomes e epidemias seriam como castigos de Deus pelo afastamento da Igreja de seus princípios.
Precursores
John Wyclif ( 1300/1384) e João Huss ( 1369/1415 ).

Causas da Reforma
   Além das questões religiosas, como a indulgência e a simonia, outros elementos contribuíram para o sucesso da Reforma:
   A exploração dos camponeses pela Igreja - a Senhora feudal. A vontade de terras para o cultivo leva esta classe a apoiar a Reforma;
Interesses da nobreza alemã nas terras eclesiásticas;
   A condenação da usura pela Igreja feria os interesses da burguesia comercial;
   O processo de centralização política, onde era interesses dos reis o enfraquecimento da autoridade papal;
A centralização desenvolve o nacionalismo, aumentando a crítica sobre o poder de Roma em outras regiões.

Por que Alemanha.
   Na Alemanha a Igreja Católica era muito rica e dominava amplas extensões territoriais, limitando a expansão econômica da burguesia,
inibindo o poder político da nobreza e causando insatisfação camponesa.

Lutero e a Reforma.
   Monge agostiniano que rompeu com a Igreja Católica em virtude da venda de indulgências, efetuada pela Igreja para a construção da basílica de São Pedro pelo papa Leão X.
Lutero protestou através da exposição de suas 95 teses, condenando, entre outras coisas a venda das indulgências.
Suas principais ideias reformistas eram:
Justificação pela fé - a única coisa que salva o homem é a fé, o homem está diante de Deus sem intermediários;
  A ideia de livre-exame, significa que todo homem poderia interpretar livremente a Bíblia, segundo a sua própria consciência;
Sendo assim, a Igreja e o Papado perdem sua função.
   As ideias de Lutero agradaram a nobreza alemã que passou a se apropriar das terras eclesiásticas. A revolta atingiu as massas camponesas -que queriam terras - e foi duramente criticada por Lutero.

Reforma Calvinista.
   Defesa da teoria da predestinação, onde o destino do homem é condicionado por Deus. Dizia haver sinais de que o indivíduo era predestinado por Deus para a salvação: o sucesso material e a vontade de enriquecimento, pois a pobreza era tida como um desfavorecimento divino.
   A valorização do trabalho, implícita na teoria; bem como a defesa do empréstimo de dinheiro a juros contribuem para o desenvolvimento da burguesia e representam um estímulo para o acúmulo de capitais.

Reforma Anglicana.
   Henrique VIII é o reformador da Inglaterra, através do Ato de Supremacia, aprovado em 1513, que colocou a Igreja sob a autoridade real - nascimento da Igreja Anglicana.
   A justificativa para o rompimento foi a negativa do papa Clemente VII em dissolver o casamento de Henrique VIII com Catarina de Aragão.
Além disto, havia um enorme interesse do Estado nas propriedades eclesiásticas, para facilitar a expansão da produção de lã.

A Contrarreforma.
   Diante do sucesso e da difusão das ideias protestantes, a Igreja Católica inicia a sua reforma, conhecida como Contrarreforma. As principais medidas - tomadas no Concílio de Trento - foram:
Proibição da venda de indulgências;
Criação de seminários para a formação do clero;
O Index - censura de livros;
Restabelecimento da Inquisição;
Manutenção dos dogmas católicos;
Proibida a livre interpretação da Bíblia;
Reafirmação da infalibilidade papal.

   Com a Contrarreforma é fundada a ordem religiosa Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola em 1534, com o intuito de fortalecer a posição da Igreja Católica em países católicos e difundir o
catolicismo na Ásia e América.

EXERCÍCIOS.
1 (FATEC) No contexto do Renascimento, é correto afirmar que o humanismo:
01) apoiava-se em concepções nascidas na Antiguidade Clássica;
02) teve em Erasmo de Roterdan um de seus principais expoentes;
03) influenciou concepções que desencadearam a Reforma religiosa
04) inspirou uma verdadeira revolução cultural, iniciada na Itália;
05) contribuiu para o desenvolvimento dos estudos científicos.

2) (UFMG) - Todas as alternativas contém objetivos da política da Igreja Católica esboçada durante o Concílio de Trento, exceto:
a) a expansão da fé cristã;
b) a moralização do clero;
c) a reafirmação dos dogmas;
d) a perseguição às heresias;
e) o relaxamento do celibato.

3) Com relação ao Renascimento fora da Itália, podemos afirmar que:
a) o mesmo só poderia penetrar onde houvesse uma estrutura socieconômica ligada à formação do capitalismo;
b) teve nas universidades um de seus maiores centros de propagação;
c) foi mais desenvolvido no campo literário e filosófico;
d) apresentou maior desenvolvimento artístico do que na Itália;
e) há apenas uma alternativa errada.

4)(UFSC) Sobre as várias fases do cristianismo, na história do Mundo Ocidental, assinale as afirmações corretas:
01. Teve origem na Judéia, passando a ser difundido pelo Império Romano através da atuação dos apóstolos.
02. O poder religioso da Igreja, na Idade Média, influiu nas atividades políticas, administrativas e culturais.
03. A insatisfação em relação às atividades da Igreja culminou com o surgimento de várias dissidências, cujo conjunto foi denominado "Reforma Religiosa".
04. O anseio de propagação da fé católica atingiu a América, através da ação dos jesuítas que acompanhavam as expedições colonizadoras.
05. A igreja Católica, na atualidade, vem enfrentando um intenso surgimento de novas "Igrejas".

5) (FUVEST) Sobre a Reforma Religiosa do século XVI, é correto afirmar que:
a) nas áreas em que ele penetrou, obteve ampla adesão em todas as camadas da sociedade;
b) foi um fenômeno elitista quanto o Renascimento, permanecendo afastada das massas rurais e urbanas;
c) nada teve a ver com o desenvolvimento das modernas economias capitalistas;
d) fundamentou-se nas doutrinas de salvação pelas obras e na falibilidade da Igreja e da Bíblia;
e) acabou por ficar restrita à Alemanha luterana, à Holanda calvinista e à Inglaterra anglicana.

6) (GV) O Renascimento Cultural, na Inglaterra, caracterizou-se principalmente pela produção de obras nos campos da:
a) Escultura e Música
b) Pintura e Filosofia
c) Literatura e Escultura
d) Música e Pintura
f) Filosofia e Literatura

Respostas dos exercícios
1) todas verdadeiras
2) E
3) C
4) Todas verdadeiras
5) A
6) E

Absolutismo/Mercantilismo.
O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO.

   CONCEITO: Entende-se por Absolutismo, o processo de centralização política nas mãos do rei. É resultado da evolução política das Monarquias Nacionais, surgidas na Baixa Idade Média; fruto da aliança rei - burguesia.

FATORES DO ABSOLUTISMO
1.Aliança rei - burguesia:
A burguesia possuía um interesse econômico na centralização do poder político: a padronização monetária, dos pesos e medidas. Adoção de mecanismos protecionistas, garantindo a expansão das atividades comerciais; a adoção de incentivos comerciais contribuía para o enfraquecimento da nobreza feudal e este enfraquecimento- em contrapartida- garantia a supremacia política do rei.
2.Reformas Religiosas:
A decadência da Igreja Católica e a falência do poder papal contribuíram para o fortalecimento do poder real.
Durante a Idade Média, o poder estava dividido em três esferas:
- poder local, exercido pelo nobreza medieval;
- poder nacional, exercido pela Monarquia;
- poder universal, exercido pelo Papado.
   Assim, o processo de aliança rei - burguesia auxiliou no enfraquecimento do poder local; as reformas religiosas minaram o poder universal colaborando para a consolidação do poder real.

3.Elementos Culturais:
   O desenvolvimento do estudo de Direito nas universidades e a preocupação em legitimar o poder real. O Renascimento Cultural contribuiu para um retorno ao Direito Romano.

MECANISMOS DO ABSOLUTISMO MONÁRQUICO
A) Criação de um Exército Nacional: Instrumento principal do processo de centralização política. Formado por mercenários, com a intenção de enfraquecer a nobreza e não armar os camponeses.
B) Controle do Legislativo: Todas as decisões do reino estavam controladas diretamente pelo rei, que possuía o direito de criar as leis.
C) Controle sobre a Justiça: Criação do Tribunal Real, sendo superior aos tribunais locais ( controlados pelo senhor feudal ).
D) Controle sobre as Finanças: intervenção na economia, mediante o monopólio da cunhagem de moedas, da
padronização monetária, a cobrança de impostos, da criação de Companhias de Comércio e a imposição dos monopólios.
E) Burocracia Estatal: corpo de funcionários que auxilia na administração das obras públicas, fortalecimento o controle do Estado e, consequentemente , o poder real.


TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO MONÁRQUICO

Nicolau Maquiavel ( 1469/1525 ) - Responsável pela secularização da política, ou seja, ele supera a relação entre ética cristã e política. Esta superação fica clara na tese de sua principal obra, O Príncipe - segundo a qual "os fins justificam os meios".
Maquiavel subordina o indivíduo ao Estado, tornando-se assim no
primeiro defensor do absolutismo.
Thomas Hobbes ( 1588/1679 ) - Seu pensamento está centrado em explicar as origens do Estado. De acordo com Hobbes, o homem em
seu estado de natureza é egoísta. Este egoísmo gera prejuízos para todos.
   Procurando a sociabilidade, os homem estabelece um pacto:
abdica de seus direitos em favor do soberano, que passa a Ter o poder absoluto. Assim, o estado surge de um contrato.
   A ideia de contrato denota características burguesas, demonstrando uma visão individualista do homem ( o indivíduo preexiste ao Estado ) e o pacto busca garantir e manter os interesses dos indivíduos.
A obra principal de Hobbes é "Leviatã".
Jacques Bossuet ( 1627/1704 ) e Jean Bodin ( 1530/1596 ) Defensores da ideia de que a autoridade real era concedia por Deus. Desenvolvimento da doutrina do absolutismo de direito divino – o rei seria um representante de Deus e os súditos lhe devem total obediência.
Absolutismo na península Ibérica
   PORTUGAL- Primeiro país a organizar o Estado Moderno.
Centralização política precoce em virtude da Guerra de Reconquista dos cristãos contra muçulmanos.
   A centralização do Estado Português ocorreu em 1385, com a Revolução de Avis, onde o Mestre da Ordem de Avis ( D. João ), com o
apoio da burguesia mercantil consolidou o centralismo político.
  ESPANHA- O processo de centralização na Espanha também está relacionado com a Guerra de Reconquista e foi fruto de uma aliança
entre o Reino de Castela e o Reino de Aragão, em 1469 e consolidado
em 1492 - com a expulsão definitiva dos mouros da península.



Absolutismo na França
   A consolidação do absolutismo francês está relacionado com a Guerra do Cem Anos: enfraquecimento da nobreza feudal e fortalecimento do poder real.
   A principal dinastia do absolutismo francês foi a dos Bourbons:
Henrique IV ( 1593/1610 )- precisou abandonar o protestantismo para ocupar o trono real. Responsável pelo Édito de Nantes (1598 ) que
concedeu liberdade religiosa aos protestantes.
Luís XIII ( 1610/1643 )- Em seu reinado, destaque para a atuação de seu primeiro-ministro o cardeal Richelieu.
   A política de Richelieu visava dois grandes objetivos: a consolidação do absolutismo monárquico na França e estabelecer, no plano externo, a supremacia francesa na Europa. Para conseguir este último objetivo, Richelieu envolveu a França na guerra dos Trinta Anos (1618/1648), contra a os Habsburgos austríacos e espanhóis.
Luís XIV ( 1643/1715 ) - O exemplo máximo do absolutismo francês, denominado o "rei-sol". Organizou a administração do reino para melhor controle de todos os assuntos. Governava através de decretos e submeteu a nobreza feudal e a burguesia mercantil.
   Levou ao extremo a idéia do absolutismo de direito divino. Um dos principais nomes de seu governo foi o ministro Colbert, responsável pelas finanças e dos assuntos econômicos.
   A partir de seu reinado a França inicia uma crise financeira, em razão das sucessivas guerras empreendidas por Luís XIV. A crise será acentuada com o Édito de Fontainebleau, decreto real que revogou o Édito de Nantes. Com isto, muitos protestantes abandonam a França,
contribuindo para uma diminuição na arrecadação de impostos.
  A crise do absolutismo prossegue no reinado de Luís XV e atingirá o a ápice com Luís XVI e o processo da Revolução Francesa.

Absolutismo na Inglaterra
    O apogeu do absolutismo inglês deu-se com a Dinastia Tudor, família que ocupa o poder após a Guerra das Duas Rosas:
Henrique VIII ( 1509/1547 ) - Empreendeu a Reforma Anglicana, após o Ato de Supremacia ( 1534 ). Com a reforma, o Estado controla as propriedades eclesiásticas impulsionando a expansão comercial inglesa.
Elizabeth I ( 1558/1603 ) - Implantou definitivamente o anglicanismo, mediante uma violenta perseguição aos católicos e aos
protestantes.
   Iniciou uma política naval e colonial - caracterizada pela destruição da Invencível Armada espanhola e a fundação da primeira colônia inglesa na América do Norte - Virgínia ( 1584 ).
  Em seu reinado a Inglaterra realiza uma grande expansão comercial, com a formação de Companhias de Comércio e fortalecendo a burguesia.
  Com a morte de Elizabeth I ( 1603 ), inicia-se uma nova dinastia - Stuart - marcada pela crise do absolutismo inglês.

O MERCANTILISMO
  CONCEITO: Política econômica do Estado Moderno baseada no acúmulo de capitais.
   A acumulação de capitais dá-se pela atividade comercial, daí o mercantilismo apresentar uma série de práticas para o desenvolvimento das práticas comerciais.
  OBJETIVOS: A intervenção do estado nos assuntos econômicos visava o fortalecimento do Estado e o Enriquecimento da burguesia.

PRÁTICAS MERCANTILISTAS
   Para conseguir o acúmulo de capitais, a política mercantilista apresentará os seguintes elementos:
   Balança comercial favorável: medida que visava a evasão monetária. A exportação maior que a importação auxiliava a manter as reservas de ouro.
  Metalismo (bulionismo): necessidade de acumular metais preciosos (ouro e prata ).
   Intervencionismo estatal: forte intervenção do Estado na economia, com o intuito de desenvolver a produção agrícola, comercial e industrial. O Estado passa a adotar medidas de caráter protecionista - estimular a exportação e inibir a importação, impondo pesadas tarifas alfandegárias.
   Monopólios: elemento essencial do protecionismo econômico. O Estado garante o exclusivismo comercial sobre um determinado produto e/ou uma determinada área.

TIPOS DE MERCANTILISMO
   Cada Estado Moderno buscará a acumulação de capitais obedecendo suas próprias especificidades.
  PORTUGAL - Mercantilismo agrário, o acúmulo de capitais virá da atividade agrícola na colônia ( Brasil ).
  ESPANHA - Metalismo, em razão da grande quantidade de ouro e prata da América. O grande afluxo de metais trouxe uma alta dos preços das mercadorias e desencadeou uma enorme inflação. Este processo é conhecido como revolução dos preços.
   FRANÇA: Produção de artigos de luxo para a exportação. Também conhecido como colbertismo, por causa do ministro Jean Colbert.
  INGLATERRA: Num primeiro momento, a Inglaterra consegue acúmulo de capitais através do comércio, principalmente após o Ato de Navegação de 1651. O grande desenvolvimento comercial vai impulsionar a indústria. Esta última se tornará na atividade principal para a Inglaterra conseguir o acúmulo de capitais.
HOLANDA: desenvolve o mercantilismo misto, ou seja, comercial e industrial.



MERCANTILISMO E FORMAÇÃO DO SISTEMA COLONIAL
A principal dificuldade do mercantilismo residia na necessidade que todos os países tinham de manter uma balança comercial favorável, ou seja, todos queriam exportar, porém nenhum gostava de importar.
Para solucionar este problema e que será montado o Sistema Colonial. As áreas coloniais, mediante o denominado pacto colonial, auxiliava a Europa no processo de acumulação de capitais ao vender – a preços muito baixos - matéria-prima e comprar - a preços elevados, os produtos manufaturados.

CONSEQÜÊNCIAS
O processo de acúmulo de capitais, impulsionado o capitalismo;
A formação do Sistema Colonial Tradicional ( séculos XVI/XVIII);
O desenvolvimento do escravismo moderno, onde o escravo é visto como mão-de-obra e mercadoria.

EXERCÍCIOS
1) (Unitau-SP) São características do mercantilismo:
a) livre cambismo, fomento às indústrias, balança comercial favorável;
b) fomento às indústrias, tarifas protecionistas, metalismo, leis de mercado;
c) livre cambismo, pacto colonial, intervencionismo estatal;
d) monopólio, livre cambismo, tarifas protecionistas, metalismo;
e) balança comercial favorável, metalismo, tarifas protecionistas, intervencionismo estatal.

2) (FGV-SP) Acerca do absolutismo na Inglaterra, NÃO é possível afirmar que:
a) fortaleceu-se com a criação da Igreja Anglicana;
b) foi iniciado por Henrique VIII, da dinastia Tudor, e consolidado no longo reinado de sua filha Elizabeth I;
c) a política mercantilista intervencionista foi fundamental para a sua solidificação;
d) foi consequência da guerra das Duas Rosas, que eliminou milhares de nobres e facilitou a consolidação da monarquia centralizada;
e) o rei reinava mas não governava, a exemplo do que ocorreu durante toda a modernidade.

3) (UFRN) O sistema de colonização objetivado pela política mercantilista tinha em mira:
a) criar condições para a implantação do absolutismo;
b) permitir à economia metropolitana o máximo de autossuficiência e situá-la vantajosamente no comércio internacional, pela criação de complementos à economia nacional;
c) evitar os conflitos internos, resultantes dos choques entre feudalismo e capitalismo, que entravavam o desenvolvimento dos países europeus;
d) ganhar prestígio internacional;
e) obter a garantia de acessos às fontes de matérias-primas e aos mercados consumidores no ultramar.

4) (FUVEST) No processo de formação dos Estados Nacionais da França e da Inglaterra, podem ser identificados os seguintes aspectos:
a) Fortalecimento do poder da nobreza e retardamento da formação do Estado Moderno;
b) Ampliação da dependência do rei em relação aos senhores feudais e à Igreja;
c) Desagregação do feudalismo e centralização política;
d) Diminuição do poder real e crise do capitalismo comercial;
e) Enfraquecimento da burguesia e equilíbrio entre Estado e Igreja.


5) (PUC) Na obra O Príncipe , Maquiavel defendia o absolutismo como forma de consolidar e fortalecer o Estado. Entre seus argumentos destaca-se:
a) a necessidade de o governante cercar-se de bons conselheiros, com os quais dividiria o poder;
b) a ideia de que somente a lei moral e religiosa limitaria os poderes do rei;
c) a constante utilização da guerra como meio de demonstrar
a força do Estado;
d) o reconhecimento de que todos os meios utilizados para defender os interesses do governante e do Estado seriam justificados;
e) o princípio da constante mudança das instituições , para que elas se adequassem sempre às novas situações.

6) (FUVEST) O Estado Moderno absolutista atingiu seu maior poder de atuação no século XVII. Na arte e na economia suas expressões foram, respectivamente:
a) rococó e liberalismo
b) renascentismo e capitalismo
c) barroco e mercantilismo
d) maneirismo e colonialismo
e) classicismo e economicismo.
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS
1 E
2 E
3 B
4 C
5 D
6 C

O Sistema Colonial
    O chamado Sistema Colonial Tradicional desenvolveu-se , na América, entre os séculos XVI e XVIII. Sua formação está intimamente ligada às Grandes Navegações e seu funcionamento obedece aos princípios do Mercantilismo.
   Como vimos, o Estado Moderno, através das práticas mercantilistas, buscava o acúmulo de capitais e as colônias irão contribuir de forma decisiva para este processo. Assim, através da exploração colonial os Estados Metropolitanos se enriquecem- como também sua burguesia.
   O Sistema Colonial Tradicional conheceu dois tipos de colônias: a colônia de povoamento e a colônia de exploração.
   COLÔNIA DE POVOAMENTO: característica das zonas temperadas da América do Norte e marcada por uma organização econômico-social
que buscava manter semelhanças com suas origens europeias:
predomínio da pequena propriedade, desenvolvimento do mercado interno, certo desenvolvimento urbano, valorização dos princípios de liberdade ( religiosa, econômica, de imprensa ), utilização do trabalho
livre, desenvolvimento industrial e desenvolvimento do comércio externo.
  COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO: típica das zonas tropicais da América, onde predomina a agricultura tropical escravista e monocultora. Não
houve desenvolvimento de núcleos urbanos nem do mercado interno,
ficando esta área dependente da Metrópole. A principal característica
desta área foi a Plantation- latifúndio, monocultor escravocrata.
   A colonização inglesa na América do Norte apresentou as duas formas colônias. As treze colônias inglesas pode assim ser divididas: as colônias do norte e do centro serão colônias de povoamento; as colônias do sul serão colônias de exploração.
   As colônias do norte tiveram suas origens nas lutas sociais que ocorreram na Inglaterra, quais sejam, as perseguições aos puritanos
pela Dinastia Stuart ( 1603/1642 ). Com a Revolução Puritana (1640/1660) o contingente que chega à colônia é basicamente formado por nobres aristocráticos.
   Desde cedo, os colonos do norte demonstram sua vocação comercial, dinamizando o mercado externo através do chamado "comércio triangular".
   A título de exemplificação, segue uma forma do comércio triangular:
  Da Nova Inglaterra com a África - comércio do rum, que seria trocado por escravos;
   Da África para as Antilhas - comércio de escravos, que seriam vendidos para o trabalho nas fazendas de açúcar;
   Das Antilhas para a Nova Inglaterra - melaço - subproduto da cana para a fabricação do rum.
  Já as colônias do sul desenvolveram-se obedecendo os critérios do mercantilismo ( monopólio ). Houve predomínio do latifúndio monocultor ( algodão ) e utilização da mão-de-obra escrava.
  As colônias de exploração irão apresentar aspectos comuns, quanto a sua organização econômica.
Aspectos da economia colonial.
   Uma economia colonial, área de exploração vai apresentar os seguintes elementos:
   Economia complementar e especializada- a principal função de uma colônia era complementar a economia metropolitana, produzindo artigos que pudessem ser vendidos a altos preços no mercado europeu; daí sua especialização em certos gêneros tropicais, como tabaco, algodão e cana-de-açúcar.
  Integrada ao capitalismo - a economia colonial atendia os interesses do capitalismo europeu. A utilização da mão-de-obra escrava não representa um paradoxo, ao contrário, foi mais um elemento utilizado para o processo de acumulação de capitais. O tráfico negreiro era altamente lucrativo.
  Pacto colonial - o elemento definidor das relações entre Metrópole e colônia, foi o monopólio. Este será implantado através do pacto colonial, onde a colônia é obrigada a enviar para a Metrópole matérias primas (gêneros tropicais e metais preciosos) e comprar da Metrópole artigos manufaturados e escravos.
   Através das relações coloniais, foi possível o desenvolvimento pleno do capitalismo na Europa. O objetivo máximo do mercantilismo – o acúmulo de capitais - só foi possível em virtude da existência de uma
área extraterritorial auxiliando a Europa em manter uma balança comercial favorável.

EXERCÍCIOS
1) (VUNESP) A transição gradativa do mundo medieval para o mundo moderno dependeu da conjugação de inúmeros fatores, europeus e extra-europeus, que ganharam dimensões e características novas. A inserção do mundo não-europeu no contexto do colonialismo mercantilista, inaugurado pelos Grandes Descobrimentos, contribui para:
a) a aceitação, sem resistência, da tutela cultural que o europeu pretendeu exercer sobre os povos da África e da Ásia;
b) acarretar profunda contenção na expansão civilizatória do mundo pré-colombiano;
c) o indígena demonstrar sua inadaptabilidade racial para o trabalho;
d) que o tráfico negreiro, operação comercial rentável, fosse ativado, tendo em vista a apatia e preguiça evidenciadas pelo ameríndio;
e) a montagem de um modelo político-administrativo caracterizado pela não intervenção do Estado na vida das colônias.

2) (CESGRANRIO) Assinale a opção que caracteriza a economia colonial, estruturada como desdobramento da expansão mercantil europeia da Época Moderna:
a) a descoberta de ouro no final do século XVII aumentou a renda colonial, favorecendo o rompimento dos monopólios que regulavam as relações com a metrópole;
b) o caráter exportador da economia colonial foi lentamente alterado pelo crescimento dos setores de subsistência, QUE disputavam as terras e os escravos disponíveis para a produção;
c) a lavoura de produtos tropicais e as atividades extrativas foram organizadas para atender aos interesses da política mercantilista europeia;
d) a implantação da empresa agrícola representou o aproveitamento, na América, da experiência anterior dos portugueses em suas colônias orientais;
e) a produção de abastecimento e o comércio interno foram os principais mecanismos de acumulação da economia colonial.

3) ( UFPR)- A respeito do mercantilismo e das relações metrópole-colônia, é correto afirma que:
01) a colônia só podia produzir o que a metrópole pudesse revender com lucro no mercado europeu;
02) a colônia estava autorizada a desenvolver indústrias locais, cujos produtos pudessem garantir seu desenvolvimento autônomo;
03) a acumulação de saldos positivos, convertidos em metais preciosos, fazia parte da política mercantilista, em benefício da metrópole;
04) dentro da política mercantilista, o tráfico de escravos tornou-se uma das formas eficazes de acumulação da capitais;
05) o monopólio comercial não era fundamental para a metrópole, que dava às colônias liberdade de comércio;
06) a produção da colônia permitia à metrópole disputar e conquistar mercados, favorecendo o acúmulo de metais preciosos, nos termos da prática mercantilista

4) (MACK) Pode ser considerada uma característica do Sistema Colonial:
a) a adoção, por parte das metrópoles, de uma política liberal que facilitou a emancipação das colônias;
b) a não-intervenção do Estado na economia e o incentivo às atividades naturais;
c) a extinção do trabalho escravo e o desenvolvimento econômico das áreas coloniais;
d) a economia voltada para o mercado interno e para a acumulação no detor colonial;
e) o monopólio comercial metropolitano e sua influência no enriquecimento da burguesia e no desenvolvimento do capitalismo.
Respostas dos exercícios
1) B
2) C
3) V F V V F V
4) E
Revoluções Burguesas
   Entende-se por Revoluções Burguesas os processos históricos que consolidam o poder econômico da burguesia, bem como sua ascensão
ao poder político. Ao longo dos séculos XVII e XVIII a burguesia se demonstrará como uma classe social revolucionária, destruindo a ordem feudal, consolidando o capitalismo e transformando o Estado para atender seus interesses.
   As chamadas Revoluções Burguesas foram: as Revoluções Inglesas do século XVII ( Puritana e Gloriosa ), a Independência dos EUA, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Nesta aula iremos tratar das Revoluções Inglesas e da Revolução Francesa - as demais
trataremos nas próximas aulas.
As Revoluções Inglesas.
   No decorrer dos séculos XVI e XVII, a burguesia desenvolveu-se, graças a ampliação da produção de mercadorias e das práticas do mercantilismo - que auxiliaram no processo de acumulação de capitais.
   No entanto, a partir de um certo desenvolvimento das chamadas forças produtivas, a intervenção do Estado Absolutista nos assuntos econômicos passaram a se constituir em um obstáculo para o pleno desenvolvimento do capitalismo. A burguesia passa a defender a liberdade comercial e a criticar o Absolutismo.
   O absolutismo inglês desenvolveu-se sob duas dinastias, a dinastia Tudor e a dinastia Stuart. Durante a dinastia Tudor houve um grande
desenvolvimento econômico inglês- principalmente no reinado da rainha Elizabeth I :consolidação do anglicanismo; adoção das práticas
mercantilistas; início da colonização da América do Norte e o processo da política dos cercamentos, para ampliar as áreas de pastagens e a produção de lã. Assim, a burguesia inglesa vinha enriquecendo rapidamente, ampliando cada vez mais seus negócios e dominado a economia inglesa.
   Além deste intenso desenvolvimento econômico a Inglaterra dos séculos XVI e XVII apresentava uma outra característica: os intensos
conflitos religiosos.
   A religião oficial, adotada pelo Estado era o anglicanismo, existiam outras correntes religiosas: os protestantes ( calvinistas, luteranos e presbiterianos ), chamados de modo geral, de puritanos. Havia ainda católicos no país. A monarquia inglesa - anglicana - perseguia católicos
e puritanos, gerando os conflitos religiosos.

GRUPOS RELIGIOSOS E POSIÇÕES POLÍTICAS
   Os católicos a partir da Reforma Anglicana passam a deixar de ter importância na economia inglesa;
   Os calvinistas - grupo mais numeroso - eram compostos por pequenos proprietários e pelas camadas populares. O espírito calvinista, da poupança e do trabalho refletia os interesses da burguesia inglesa.

OS CONFLITOS ENTRE MONARQUIA E PARLAMENTO
   No século XVII, o Parlamento inglês contava com um grande número de puritanos- que representavam os interesses da burguesia- e não aceitavam mais a interferência do Estado Absolutista. Com a morte de Elizabeth I, o trono inglês fica com os Stuarts. Foi durante esta dinastia que ocorreram as Revoluções Inglesas.

A DINASTIA STUART.
   Jaime I ( 1603/1625) -uniu a Inglaterra à Escócia, sua terra natal, desencadeando a insatisfação da burguesia e do Parlamento, que o consideravam estrangeiro. Realizou uma intensa perseguição a católicos e puritanos calvinistas. Foi em virtude desta perseguição que muitos puritanos dirigiram-se ao Novo Mundo, dando início à colonização da América inglesa - fundação da Nova Inglaterra, uma colônia de povoamento.
   Carlos I ( 1625/1648) - sucessor de Jaime I e procurou reforçar o absolutismo, estabelecendo novos impostos sem a aprovação do Parlamento. Em 1628 o Parlamento impôs ao rei a "Petição dos Direitos",que limitava os poderes monárquicos: problemas relativos a impostos, prisões e convocações do Exército seriam atos ilegais, sem a aprovação do Parlamento. No ano de 1629, Carlos I dissolveu o Parlamento e governou sem ele por onze anos.
   Em 1640, Carlos I teve que convocar novamente o Parlamento  necessidade de novos impostos, negados pelo Parlamento. Diante da
negação, Carlos I procura novamente dissolver o Parlamento, desencadeando uma violenta guerra civil na Inglaterra.

Revolução Puritana
   A guerra civil mostrou dois lados da sociedade inglesa, de um lado estava o partido dos Cavaleiros, que apoiavam o rei: a nobreza proprietária de terras, os católicos e os anglicanos; de outro estava os Cabeças Redondas ( pois não usavam cabeleiras compridas como os
nobres) partidários do Parlamento. As forças do Parlamento, organizadas em um exército de rebeldes, eram lideradas por Oliver Cromwell. Após uma intensa guerra civil ( 1641/1649), os Cabeças Redondas derrotaram os Cavaleiros- aprisionando e decapitando o rei, Carlos I, em 1649. Após a morte de Carlos I foi estabelecida uma
república na Inglaterra, período denominado "Commonwealth".
A revolução puritana marca, pela primeira vez, a execução de um monarca por ordem do Parlamento, colocando em xeque o princípio político da origem divina do poder do rei- influenciando os filósofos do
século XVIII ( Iluminismo).

REPÚBLICA PURITANA ( 1649/1658)
   Período marcado por intolerância e rigidez de Oliver Cromwell. Este dissolveu o Parlamento em 1653 e iniciou uma ditadura pessoal, assumindo o título de Lorde Protetor da República.
   Em 1651 foi decretado os Atos de Navegações, que protegiam os mercadores ingleses e provocaram o enfraquecimento comercial da Holanda. Com este ato a Inglaterra passa a ter o domínio do comércio marítimo.
   Oliver Cromwell, sob o pretexto de punir um massacre que católicos irlandeses tinham realizado contra os protestantes, invadiu a Irlanda, promovendo a morte de milhares de irlandeses, originando um profundo conflito entre Irlanda e Inglaterra, que perdura ainda hoje.
   Após a morte do Lorde Protetor (1658), inicia-se um período de instabilidade política até o ano de 1660, quando o Parlamento resolveu restaurar a monarquia.

A Restauração e a Revolução Gloriosa.
   Carlos II ( 1660/1685) - filho de Carlos I, que no ano de 1683 dissolveu o Parlamento. Em seu reinado, o Parlamento dividiu-se em
dois partidos: Whig, composto pela burguesia liberal e adeptos de um
governo controlado pelo Parlamento e Tory, formado pelos conservadores e adeptos do absolutismo.
  Jaime II ( 1685/1688) - Era católico e com a morte de Carlos II assumiu o poder e procurou restaurar o absolutismo monárquico, tendo oposição dos Whigs. No ano de 1688, há o nascimento de um herdeiro - filho de um segundo casamento com uma católica. Temendo a sucessão de um governante católico, Whigs ( puritanos ) e Torys ( anglicanos), aliaram-se contra Jaime II, oferecendo o trono a Guilherme de Orange, protestante e casado com Maria Stuart - filha do primeiro casamento de Jaime com uma protestante.
   Guilherme só foi proclamado rei quando aceitou a Declaração dos Direitos ( Bill of Rights ),que limitava os poderes do rei e estabelecia a superioridade do Parlamento. Determinou-se também a criação de um exército permanente, a garantia da liberdade de imprensa e liberdade individual e proteção à propriedade privada.
    A Revolução Gloriosa foi um complemento da Revolução Puritana, garantindo a supremacia da burguesia, através do controle do Parlamento. Também garantiu o fim do absolutismo monárquico na Inglaterra e o surgimento do primeiro Estado burguês, sob a forma de uma monarquia parlamentar.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
  As máquinas foram inventadas, com o propósito de poupar o tempo do trabalho humano. Uma delas era a máquina a vapor que foi construída na Inglaterra durante o século XVIII. Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias ficou maior e os lucros também cresceram. Vários empresários; então, começaram a investir nas indústrias.

Ilustração da paisagem inglesa durante a Revolução Industrial. As grandes chaminés expelindo fumaça representava desenvolvimento.
   Com tanto avanço, as fábricas começaram a se espalhar pela Inglaterra trazendo várias mudanças. Esse período é chamado pelos historiadores de Revolução Industrial e ela começou na Inglaterra.
   A burguesia inglesa era muito rica e durante muitos anos continuou ampliando seus negócios de várias maneiras:
financiando ataques piratas (corsários)
traficando escravos
emprestando dinheiro a juros
pagando baixos salários aos artesãos que trabalhavam nas manufaturas
vencendo guerras
comerciando
impondo tratados a países mais fracos
  Os ingleses davam muita importância ao comércio (quanto mais comércio havia, maior era a concorrência).
  Quando se existe comércio, existe concorrência e para acabar com ela, era preciso baixar os preços. Logo, a burguesia inglesa começou a aperfeiçoar suas máquinas e a investir nas indústrias.
   Vários camponeses foram trabalhar nas fábricas e formaram uma nova classe social: o proletariado.
  O desenvolvimento industrial arruinou os artesãos, pois os produtos eram confeccionados com mais rapidez nas fábricas. A valorização da ciência, a liberdade individual e a crença no progresso incentivaram o homem a inventar máquinas.
  O governo inglês dava muita importância à educação e aos estudos científicos e isso também favoreceu as descobertas tecnológicas.

Milhares de trabalhadores das indústrias inglesas.
   Graças à Marinha Inglesa (que era a maior do mundo e estava em quase todos os continentes) a Inglaterra podia vender seus produtos em quase todos os lugares do planeta.
No século XIX a Revolução Industrial chegou até a França e com o desenvolvimento das ferrovias cresceu ainda mais.
   Em 1850, chegou até a Alemanha e só no final do século XIX; na Itália e na Rússia, já nos EUA, o desenvolvimento industrial só se deu na segunda metade do século XIX.
No Japão, só nas últimas décadas do século XIX, quando o Estado se ligou à burguesia (o governo emprestava dinheiro para os empresários que quisessem ampliar seus negócios, além de montar e vender indústrias para as famílias ricas), é que a industrialização começou a crescer. O Estado japonês esforçava-se ao máximo para incentivar o desenvolvimento capitalista e industrial.
   Adam Smith (pensador escocês) escreveu em 1776 o livro “A Riqueza das Nações”, nessa obra (que é considerada a obra fundadora da ciência econômica), Smith afirma que o individualismo é bom para toda a sociedade.
   Para ele, o Estado deveria interferir o mínimo possível na economia. Adam Smith também considerava que as atividades que envolvem o trabalho humano são importantes e que a indústria amplia a divisão do trabalho aumentando a produtividade, ou seja, cada um deve se especializar em uma só tarefa para que o trabalho renda mais.
   A Revolução Industrial trouxe riqueza para os burgueses; porém, os trabalhadores viviam na miséria.
  Muitas mulheres e crianças faziam o trabalho pesado e ganhavam muito pouco, a jornada de trabalho variava de 14 a 16 horas diárias para as mulheres, e de 10 a 12 horas por dia para as crianças.


   Enquanto os burgueses se reuniam em grandes festas para comemorar os lucros, os trabalhadores chegavam à conclusão que teriam que começar a lutar pelos seus direitos.
O chamado Ludismo foi uma das primeiras formas de luta dos trabalhadores. O movimento ludita era formado por grupos de trabalhadores que invadiam as fábricas e quebravam as máquinas.
   Os ludistas conseguiram algumas vitórias, por exemplo, alguns patrões não reduziram os salários com medo de uma rebelião.
Além do ludismo , surgiram outras organizações operárias, além dos sindicatos e das greves.
Em 1830, formou-se na Inglaterra o movimento cartista. Os cartistas redigiram um documento chamado “Carta do Povo” e o enviaram ao parlamento inglês. A principal reivindicação era o direito do voto para todos os homens (sufrágio universal masculino), mas somente em 1867 esse direito foi conquistado.
   Thomas Malthus foi um economista inglês que afirmava que o crescimento da população era culpa dos pobres que tinham muitos filhos e não tinham como alimentá-los. Para ele, as catástrofes naturais e as causadas pelos homens tinham o papel de reduzir a população, equilibrando, assim, a quantidade de pessoas e a de comida.
   Além disso, Malthus criticava a distribuição de renda. O seu raciocínio era muito simples: os responsáveis pelo desenvolvimento cultural eram os ricos e cobrar impostos deles para ajudar os pobres era errado, afinal de contas era a classe rica que patrocinava a cultura.
O Parlamento inglês (que aparentemente pensava como Malthus) adotou, em 1834, uma lei que abolia qualquer tipo de ajuda do governo aos pobres. A desculpa usada foi a que ajudando os pobres, a preguiça seria estimulada. O desamparo serviria como um estímulo para que eles procurassem emprego.
A revolução Industrial mudou a vida da humanidade.
   A vida nas cidades se tornou mais importante que a vida no campo e isso trouxe muitas consequências: nas cidades os habitantes e trabalhadores moravam em condições precárias e conviviam diariamente com a falta de higiene, isso sem contar com o constante medo do desemprego e da miséria.
   Por um outro lado, a Revolução Industrial estimulou os pesquisadores, engenheiros e inventores a aperfeiçoar a indústria. Isso fez com que surgisse novas tecnologias: locomotivas a vapor, barcos a vapor, telégrafo e a fotografia.



A Revolução Francesa
    As transformações econômicas, políticas e sociais dos séculos XVII e princípios do século XVIII se manifestaram no plano filosófico, num movimento de crítica ao Antigo Regime ( o Estado Absolutista e o Mercantilismo ). Este movimento é denominado Iluminismo.

O ILUMINISMO
   Entre os precursores do Iluminismo temos René Descartes que mudou a concepção de mundo da época e defendeu a universalidade do racionalismo e Isaac Newton que provou que o universo é regido por leis.
Filósofos do Iluminismo
John Locke (1632/1704)- sua principal obra é Segundo tratado do governo civil. Locke é um defensor da tolerância religiosa e da liberdade política. Acreditava na liberdade e na propriedade como direitos naturais do homem e, para manutenção destes direitos, houve um contrato entre os homens, surgindo o governo e a sociedade civil. Os governos teriam que respeitar os direitos naturais e, caso não fizessem, os cidadão possuíam o direito de se rebelar contra o governo tirano. Esta ideia será uma verdadeira arma na luta contra o absolutismo monárquico.
O pensamento de Locke contribuiu para a Revolução Gloriosa e influenciou a elaboração da Constituição dos EUA de 1787.

Montesquieu (1689/1755)- autor de O espírito das leis, onde o pensador preconiza a separação dos poderes ( legislativo, executivo e judiciário), foi um crítico do absolutismo monárquico.
Voltaire (1694/1778) - severo crítico da igreja, seu pensamento é caracterizado pelo anticlericalismo. Defensor dos direitos individuais. Defendia uma monarquia esclarecida, onde o governo seria baseado nas ideias dos filósofos. Escreveu Cartas inglesas.

Jean-Jacques Rousseau (1712/1778) - era crítico da propriedade privada e da burguesia. Para Rousseau, o poder político repousava sobre o povo, que manifestava sua vontade mediante o voto.
Seu pensamento teve muita repercursão entre as camadas populares e a pequena burguesia. Serviu de bandeira para a Revolução Francesa. Sua principal obra é O Contrato social.

Jean d'Alembert (1717/1783) e Denis Diderot (1713/1784)- foram os organizadores da Enciclopédia, um resumo do pensamento iluminista, publicada entre 1751 e 1752. Nesta imensa obra há uma valorização da razão e da verdade atividade científica. Reafirmava a concepção de governo como sendo fruto de um contrato entre governantes e governados.

PENSAMENTO ECONÔMICO DO ILUMINISMO
   O pensamento econômico do Iluminismo estava centrado na questão da liberdade econômica, desenvolvendo-se duas escolas: os fisiocratas e os liberais. as duas escolas criticavam o mercantilismo e o pacto colonial, atendendo os interesses da burguesia.
   Os fisiocratas- criticavam as práticas mercantilistas e propunham o fim da intervenção do Estado nos assuntos econômicos. Segundo os fisiocratas a economia funcionaria seguindo suas próprias leis.
Afirmavam que a fonte de riqueza era a terra. O lema dos fisiocratas era "Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui-même" ( "Deixai fazer, deixai passar, que o mundo anda por si mesmo").
   Os principais nomes desta escola foram: Quesnay, Turgot e Gournay.
   Os liberais- assim como os fisiocratas criticavam as práticas mercantilistas, porém, ao contrário deles, os liberais consideravam o
trabalho como a principal fonte de riquezas. Defendiam a concorrência, a divisão do trabalho e o livre comércio. O principal teórico desta escola foi Adam Smith, que sistematizou o pensamento liberal na obra A riqueza das nações. As idéias liberais são conhecidas como liberalismo econômico e constituem as premissas básicas do capitalismo liberal.

CONSEQÜÊNCIAS DO ILUMINISMO.
   O Iluminismo criticava o absolutismo, o mercantilismo, a intolerância religiosa e afirmava que os homens são iguais, perante a Natureza. Assim, a desigualdade entre os homens é fruto da sociedade.
   Para que haja uma sociedade justa é necessário a igualdade entre os homens e a liberdade de expressão.
   As ideias iluministas teve intensa repercussão em toda a Europa influenciou sobremaneira na Revolução Francesa. Na América, o Iluminismo inspirou a independência dos EUA e contribuíram para que os Estados absolutistas da Europa patrocinassem reformas políticas.
   Essa política de reforma foi denominada despotismo esclarecido, caracterizada por projetos de modernizações e pela racionalização da
administração. Os principais déspotas esclarecidos foram José II , da
Áustria; Catarina II, da Rússia; Frederico II, da Prússia e o marquês de Pombal, ministro de José I, rei de Portugal.

A Revolução Francesa.
    A exemplo do que ocorreu na Inglaterra, no final do século XVIII, o absolutismo constituía um enorme obstáculo para o pleno desenvolvimento da burguesia francesa. A Revolução Francesa foi um
reflexo da luta da burguesia pelo poder político.
   No entanto, o processo da Revolução Francesa não é um movimento isolado. Ele está inserido num conjunto de revoluções que questionavam o absolutismo, sendo um movimento que assolou toda a Europa e a América.
   Sendo assim, a Revolução carrega o termo "Francesa" pois eclodiu na França- por uma série de fatores - no entanto as suas propostas eram universais.
  "Os burgueses franceses de 1789 afirmavam que a libertação da burguesia era a emancipação de toda a humanidade" ( Karl Marx e
Friedrich Engels ).

AS CAUSAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA.
   Intelectuais- a difusão das ideias iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade , que orientaram os revolucionários franceses na luta contra o absolutismo e a desigualdade social.
  Políticas- o despotismo dos Bourbons. Enquanto a maioria das nações europeias, sob a influência do Iluminismo, procuravam se modernizar, o estado francês continuava arraigado no absolutismo monárquico. Na França do século XVIII, o poder do rei ainda era considerado como de origem divina.
   Econômicas- a França encontrava-se em uma grave crise econômica, em virtude das péssimas colheitas e na falta de alimentos.
   Os aumentos de preços provocam a fome e acentuam a miséria dos
camponeses. Além da crise econômica, o Estado Francês passava por
uma gravíssima crise financeira, graças ao envolvimento da França na guerra dos Sete Anos ( 1756/1763) e na guerra de independência dos Estados Unidos- que acarretaram enormes gastos, ampliando a dívida do Estado. Para solucionar este quadro o Estado precisava aumentar sua arrecadação, o que implicava em um aumento dos impostos.
Sociais - a questão tributária na França vai gerar uma grave crise política, em virtude da organização da sociedade francesa nesta época.
   A sociedade francesa era estamental, apresentando três ordens. O clero que estava isento de qualquer tributação; a nobreza, além da isenção tributária era possuidora de privilégios judiciários. A terceira ordem era bastante heterogênea: era composta pela alta burguesia (banqueiros, industriais e comerciantes), média burguesia (funcionários
públicos e profissionais liberais ) e baixa burguesia ( os pequenos comerciantes); também as chamadas camadas populares ( artesãos, operários, camponeses e servos). Os homens das camadas urbanas das cidades eram apelidados de sans-culottes ( usavam calças compridas em vez dos calções aristocráticos).
   O terceiro Estado era a ordem que sustentava os gastos e os luxos do Estado francês. Para ampliar a arrecadação tributária, o Estado convoca a Assembleia dos Notáveis, composta pelo clero e pela nobreza, convocando estas ordens a pagarem impostos. Diante da recusa destes, o rei Luís XVI convocou os Estados Gerais, assembleia que reunia representantes dos três Estados.
   No entanto, o sistema de votação dos Estados Gerais era em ordens separadas. Assim, ficava garantida a supremacia do clero e da nobreza ( somavam dois votos ) contra um voto do Terceiro Estado.
Contra este método tradicional de votação, os representantes do Terceiro Estado passam a exigir o voto individual ( o Primeiro Estado
tinha 291 deputados, o Segundo 270 e o Terceiro 578). O Terceiro Estado esperava o apoio dos deputados do baixo clero e da nobreza
togada, para conquistar a maioria.
   Diante do impasse político, o Terceiro Estado rebela-se e a 9 de julho de 1789 , com a ajuda de deputados do baixo clero, declara-se em Assembleia Nacional Constituinte - começa a Revolução Francesa.

AS ETAPAS DA REVOLUÇÃO.
Assembleia Nacional ( 1789/1792)
   Fase em que ocorreu a tomada da Bastilha ( 14/07/1789), um prisão que representava o absolutismo francês. É o marco da revolução. Os camponeses, por seu lado, rebelaram-se contra os senhores: invasão das propriedades, queima de documentos de servidão, assassinatos. Tal reação é conhecida como o Grande Medo.       Os camponeses reivindicavam o fim dos privilégios feudais e terras.
Em agosto de 1791 foi aprovada uma lei que abolia os privilégios feudais. No mesmo mês, no dia 26, a Assembleia aprovou a    Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão - um síntese da concepção burguesa da sociedade: liberdade, igualdade, inviolabilidade da  propriedade privada, bem como o direito a resistir à opressão.
   Em setembro de 1791, foi promulgada uma nova Constituição, que diminuía os poderes reais, e transferia o poder de decretar leis ao Parlamento. O direito ao voto foi restringido também, em virtude de seu caráter censitário.
   Pela Constituição os privilégios feudais foram extintos, garantindo-se a igualdade civil, os bens da igreja foram nacionalizados; o clero transformado numa instituição civil e sustentado pelo Estado.
   Nesta fase desenvolveu-se os seguintes grupos políticos:
-os girondinos: representantes da alta burguesia;
-os jacobinos: representantes da pequena burguesia e com influência nas camadas populares (sans-culottes)
   O processo revolucionário francês não foi bem visto pelos regimes absolutistas da Europa. A reação foi imediata: intervenção militar na
França para sufocar a revolução. O exército francês era sistematicamente derrotado. Em 25 de julho de 1792, Robespierre acusou o rei de traição. Em 09 de agosto o rei, Luís XVI, foi preso. A
Assembleia convocou novas eleições para uma nova Convenção Nacional.
Convenção Nacional ( 1792/1795)
Período do Terror.
    O rei foi condenado à morte por traição, criação do Tribunal de Salvação Pública- para julgamento dos inimigos; foi decretado o fim da monarquia e proclamada a República.
   Uma nova Constituição foi elaborada, sendo considerada a mais democrática de toda a Europa, instituindo o voto universal, tornou a educação livre e obrigatória.
    Neste período, onde a liderança era exercida por Robespierre, foi imposto o Édito Máximo, ou seja, o tabelamento dos preços máximos -
procurando beneficiar as camadas populares. Foi abolida a escravidão
nas colônias, gerando a independência do Haiti.
   Representando a pequena burguesia, Robespierre incentivou a pequena propriedade no campo e diminuiu a influência da Igreja na sociedade francesa.
   Porém, o radicalismo de Robespierre contribuiu para o isolamento de seu governo - a perseguição aos líderes populares e a intervenção nas atividades econômicas, contribuíram para o sucesso da reação conservadora.
   No dia 9 Termidor ( a Convenção realizou uma reforma no calendário ), os jacobinos foram considerados fora da lei, sendo seus líderes presos e guilhotinados ( Robespierre e Saint-Just ). Acabava-se assim a fase do Terror e iniciava-se uma nova, e ultima fase: O Diretório.
Diretório ( 1795/1799)
    Com o golpe de 9 Termidor ( a Reação Termidoriana), os girondinos ocupam o poder. Uma nova Constituição é organizada e o Poder Executivo passa a ser exercido por um Diretório, formado por cinco membros eleitos por um período de cinco anos.
    Período de caráter anti-revolucionário, onde a escravidão nas colônias foi restaurada, o Édito do Máximo foi suprimido e os jacobinos perseguidos ( o Terror Branco ).
   O Diretório enfrentava forte oposição de monarquistas e de republicanos radicais. Em maio de 1796, um jacobino de nome Graco
Babeuf liderou uma revolta, a Conjura dos Iguais, reprimida por Napoleão Bonaparte.
   A França continuava em guerra, contra a Áustria, Prússia, Inglaterra, Espanha e Holanda. Foi neste cenário que se destacou o general Napoleão Bonaparte. Este comandou uma ofensiva contra a Itália dominando a região do Piemonte.
    Em 1797 a Áustria foi derrotada. Napoleão conquistou o Egito - possessão inglesa - e planejava conquistar a Índia ( para enfraquecer a Inglaterra ).
   As guerras aumentavam a inflação, gerando revoltas populares.
   Aproveitando seu enorme prestígio popular, Napoleão Bonaparte, após o boato de um golpe de Estado planejado pelo jacobinos, depõe o Diretório ocupa o poder- episódio conhecido como18 Brumário. É o fim do período revolucionário e o início da consolidação das conquistas burguesas.

EXERCÍCIOS
1) (UEMT) - A Declaração de Direitos, imposta a Guilherme de Orange após a Revolução Gloriosa na Inglaterra, estabeleceu, entre outros pontos, que:
a) a autoridade do monarca sobrepõe-se à do Parlamento;
b) a origem divina da Monarquia concede-lhe privilégios;
c) o poder da lei é superior ao poder do monarca;
d) o Parlamento legisla por delegação especial do rei;
e) a vontade do rei é lei, independentemente do Parlamento.

2)(VUNESP) O "Ato de Navegação" de 1651 teve importância e consequências consideráveis na história da Inglaterra porque:
a) favoreceu a Holanda, que obtinha grandes lucros com o comércio inglês;
b) contribuiu para aumentar o poder e favorecer a supremacia marítima inglesa no mundo;
c) Oliver Cromwell dissolveu o Parlamento e se tornou ditador;
d) Considerava o trabalho como a verdadeira fonte de riquezas;
e) Abolia todas as práticas protecionistas.

3) Sobre o despotismo esclarecido, é correto afirmar que:
a) foi um fenômeno comum a todas as monarquias europeias, tendo por característica a utilização dos princípios do Iluminismo;
b) os déspotas esclarecidos foram responsáveis pela sustentação e difusão das ideias iluministas elaboradas pelos filósofos da época;
c) foi uma tentativa bem-intencionada, embora fracassada, das monarquias europeias no sentido de reformar estruturalmente seus estados;
d) foram os burgueses europeus que convenceram os reis a adotar o programa de modernização proposto pelos filósofos iluministas;
e) foi uma tentativa, mais ou menos bem-sucedida, de algumas monarquias reformarem, sem alterá-las, as estruturas vigentes.

4)(CESGRANRIO) - assinale a alternativa INCORRETA:
Ao criticar o mercantilismo, os fisiocratas visavam:
a) eliminar a intervenção do estado na vida econômica;
b) abolir os monopólios e privilégios;
c) permitir a livre circulação monetária;
d) desenvolver as colônias;
e) dar ênfase à agricultura como principal setor da atividade econômica.

5) (MACK) Sobre as Revolução Francesa, é incorreto afirmar que:
a) os dois clubes mais importantes foram o Clube dos Cordeliers e o Clube dos Jacobinos;
b) ela representou uma ruptura estrutural, pois a burguesia, até então marginalizada em relação ao poder político, sublevou-se, tornando senhora do Estado;
c) a convocação dos Estado Gerais foi uma demonstração da força econômica do Antigo Regime;
d) a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi a síntese da concepção burguesa da sociedade;
e) a Bastilha, antiga prisão do Estado, foi tomada de assalto por artesãos, operários, pequenos comerciantes, lavadeiras e costureiras.

6) (UFMG) - O Grande Medo de 1789 foi um dramático
acontecimento histórico, ocorrido no interior da Revolução Francesa.
Todas as alternativas contêm afirmações corretas sobre o Grande Medo, exceto:
a) Fez parte de uma conjuntura marcada por numerosas agitações e insurreições urbanas e rurais;
b) Foi provocado pelo receio, entre os revolucionários e o povo em geral, de um complô das hordas inimigas da Revolução e do povo;
c) Foi uma das fases da revolução camponesa que, durante os primeiros anos da Revolução Francesa, impulsionou e conduziu a revolução burguesa;
d) Foi um acontecimento fundamentado em reações coletivas de medo e pânico da população diante da divulgação de boatos;
e) Gerou fugas, mas também, medidas preventivas, tais como ataques à propriedades aristocráticas e a decisão de armar a população para enfrentar os inimigos.
Respostas
1 C 2 B 3 E 4 D 5 C 6 C

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