Expansão Marítima
Europeia.
A expansão marítima europeia,
processo histórico ocorrido entre os séculos XV e XVII, contribuiu para que a
Europa superasse a crise dos séculos XIV e XV.
Através das Grandes
Navegações há uma expansão das atividades comerciais, contribuindo para o
processo de acumulação de capitais na Europa.
O contato comercial entre
todas as partes do mundo ( Europa, Ásia, África e América ) torna possível uma
história em escala mundial, favorecendo uma ampliação dos conhecimento
geográficos e o contato entre culturas diferentes.
Fatores para a Expansão
Marítima.
A expansão marítima teve um
nítido caráter comercial, daí definir este processo como uma empresa comercial de navegação, ou como grandes empreendimentos marítimos. Para o sucesso desta atividade comercial o fator essencial foi a
formação do Estado Nacional.
Formação do Estado Nacional e a centralização política- as Grandes Navegações só
foram possíveis com a centralização do poder político, pois fazia-se necessário
uma complexa estrutura material de navios, armas, homens, recursos financeiros.
A aliança rei-burguesia possibilitou o alcance destes objetivos tornando viável a expansão marítima.
Avanços técnicos na arte náutica- o aprimoramento dos conhecimentos geográficos,
graças ao desenvolvimento da cartografia; o desenvolvimento de instrumentos náuticos- bússola, astrolábio, sextante - e a construção de
embarcações capazes de realizar viagens a longa distância, como as naus e as caravelas.
Interesses
econômicos- a necessidade de ampliar a produção de alimentos,
em virtude da retomada do crescimento demográfico; a necessidade de metais
preciosos para suprir a escassez de moedas; romper o monopólio exercido pelas
cidades italianas no Mediterrâneo
que contribuía para o encarecimento das mercadorias vindas do Oriente;
tomada de Constantinopla, pelo turcos otomanos, encarecendo ainda mais os
produtos do Oriente.
Sociais- o enfraquecimento da nobreza feudal e o
fortalecimento da burguesia mercantil.
Religiosos- a possibilidade de conversão dos pagãos ao cristianismo
mediante a ação missionária da Igreja Católica.
Expansão
marítima portuguesa
Portugal foi a primeira nação
a realizar a expansão marítima. Além da posição geográfica, de uma situação de
paz interna e da presença de uma forte burguesia mercantil; o pioneirismo
português é explicado pela sua centralização política que, como vimos, era
condição primordial para as Grandes
Navegações.
A formação do Estado Nacional
português está relacionada à Guerra de Reconquista - luta entre cristãos e
muçulmanos na península Ibérica.
A primeira dinastia
portuguesa foi a Dinastia de Borgonha ( a partir de 1143 ) caracterizada pelo processo de expansão
territorial interna.
Entre os anos de 1383 e 1385 o Reino de Portugal conhece um movimento
político denominado Revolução de Avis - movimento que realiza a centralização do poder político: aliança
entre a burguesia mercantil lusitana com o mestre da Ordem de Avis, D. João. A Dinastia
de Avis é caracterizada pela
expansão externa de Portugal: a expansão marítima.
Etapas da
expansão
A expansão marítima
portuguesa interessava à Monarquia, que buscava seu fortalecimento; à nobreza,
interessada em conquista de
terras; à Igreja Católica e a possibilidade de cristianizar outros
povos e a burguesia mercantil, desejosa de ampliar seus lucros.
A seguir, as principais
etapas da expansão de Portugal:
1415 - tomada de Ceuta, importante entreposto comercial no norte da
África;
1420 - ocupação das ilhas da Madeira e Açores no Atlântico; 1434 -
chegada ao Cabo Bojador;
1445 - chegada ao Cabo Verde;
1487 - Bartolomeu Dias e a transposição do Cabo das Tormentas;
1498 - Vasco da Gama atinge as Índias ( Calicute );
1499 - viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
Expansão
marítima espanhola
A Espanha será um Estado
Nacional somente em 1469, com o casamento de Isabel de Castela e Fernando de
Aragão. Dois importantes reinos cristãos que enfrentaram os mouros na Guerra de
Reconquista.
No ano de 1492 o último
reduto mouro - Granada – foi conquistado pelos cristãos; neste mesmo ano,
Cristovão Colombo ofereceu seus serviços aos reis da Espanha.
Colombo acreditava que, navegando para oeste, atingiria o Oriente. O
navegante recebeu três navios e, sem saber chegou a um novo continente: a
América.
A seguir a principais etapas da expansão espanhola:
1492 - chegada de Colombo a um novo continente, a América;
1504 - Américo Vespúcio afirma que a terra descoberta por Colombo era
um novo continente;
1519 a 1522 - Fernão de Magalhães realizou a primeira viagem de circunavegação
do globo.
Vídeo Expansão Marítima Europeia, Séc XVI
As rivalidades
Ibérica
Portugal e Espanha, buscando
evitar conflitos sobre os territórios descobertos ou a descobrir, resolveram
assinar um acordo - proposto
pelo papa Alexandre VI - em 1493: um meridiano passando 100 léguas a
oeste das ilhas de Cabo Verde, dividindo as terras entre Portugal e Espanha.
Portugal não aceitou o acordo e no ano de 1494 foi assinado o Tratado de
Tordesilhas.
O tratado de Tordesilhas não
foi reconhecido pelas demais nações europeias.
Navegações
Tardias
Inglaterra,
França e Holanda.
O atraso na centralização
política justifica o atraso destas nações na expansão marítima:
A Inglaterra e França
envolveram-se na Guerra dos Cem Anos(1337-1453) e, após este longo conflito, a Inglaterra
passa por uma guerra civil - a Guerra das Duas Rosas ( 1455-1485 ); já a
França, no final do conflito com a Inglaterra enfrenta um período de lutas no reinado
de Luís XI ( 1461-1483).
Somente após estes conflitos
internos é que ingleses, durante o reinado de Elizabeth I ( 1558-1603 ); e
franceses, durante o reinado de Francisco I iniciaram a expansão marítima.
A Holanda tem seu processo de
centralização política atrasado por ser um feudo espanhol. Somente com o
enfraquecimento da Espanha e com o processo de sua independência é que os
holandeses iniciarão a expansão marítima.
CONSEQÜÊNCIAS
As Grandes navegações
contribuíram para uma radical transformação da visão da história da humanidade.
Houve uma ampliação do conhecimento humano sobre a geografia da Terra e uma verdadeira
Revolução Comercial, a partir da unificação dos mercados europeus, asiáticos,
africanos e americanos.
A seguir algumas das
principais mudanças:
A decadência das
cidades italianas; a mudança do eixo econômico do mar Mediterrâneo para o oceano Atlântico; a formação do Sistema Colonial; enorme afluxo de metais para a Europa proveniente da América; o retorno do escravismo em moldes
capitalistas; o eurocentrismo, ou a hegemonia europeia sobre o mundo; e o processo de acumulação primitiva de capitais resultado na organização da formação social do capitalismo.
EXERCÍCIOS
1) (PUCCamp-SP) - o processo de colonização europeia da América,
durante os séculos XVI,XVII e XVIII, está ligado à:
a) expansão comercial e marítima, ao fortalecimento das monarquias
nacionais absolutas e à política mercantilista.
b) Disseminação do movimento cruzadista, ao crescimento do comércio
com os povos orientais e à política livrecambista.
c) Política imperialista, ao fracasso da ocupação agrícola das terras
e ao crescimento do comércio bilateral. Criação das companhias de comércio, ao
desenvolvimento do modo feudal de produção e à política liberal.
d) Política industrial, ao surgimento de um mercado interno consumidor
e ao excesso de mão-de-obra livre.
2) (Cesup/Unaes/Seat-MS)- Na expansão da Europa, a partir do século
XV, encontramos intimamente ligados à sua história:
a) a participação da Espanha nesse empreendimento, por interesse
exclusivo de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, seus soberanos na época;
b) a descoberta da América, em 1492, anulou imediatamente o interesse
comercial da Europa com o Oriente;
c) o tratado de Tordesilhas, que dividia as terras descobertas entre
Portugal e Espanha, sob fiscalização e concordância da França, Inglaterra e
Holanda;
d) Portugal, imediatamente após o descobrimento do Brasil, iniciou a
colonização, extraindo muito ouro para a Europa, desde 1500;
e) O pioneirismo Português.
3)(PUC-MG) O descobrimento da América, no início dos tempos modernos,
e posteriormente a conquista e colonização, considerando-se a mentalidade do
homem ibérico, permitem perceber que, EXCETO:
a) O colonizador, ao se dar conta da perda do paraíso terrestre, do
maravilhoso, lançou-se à reprodução da cenografia europeia da América;
b) O colonizador, negando o que pudesse parecer novo, preferiu ver
apenas o seu reflexo no espelho da história;
c) Colombo se recusava a ver a América, preferindo manter seus sonhos
de que estaria próximo ao Oriente;
d) O processo de descrição e observação do novo continente envolvia
basicamente a manutenção do universo indígena;
e) A conquista representou a possibilidade de transplante e difusão
dos padrões culturais europeus na América.
3) Portugal e Espanha foram as primeiras nações a lançarem-se nas
Grandes Navegações. Isto deveu-se, basicamente a/ao:
a) enorme quantidade de capitais acumulados nestas duas nações desde o
renascimento comercial na Baixa Idade Média;
b) processo de centralização política favorecido pela Guerra de Reconquista;
c) diferentemente de outras nobrezas, a nobreza portuguesa
e espanhola estavam fortalecidas e conseguiram financiar o projeto de
expansão marítima;
d) o desenvolvimento industrial da península Ibérica forçou estas
nações a buscarem mercados consumidores e fornecedores;
e) espírito aventureiro de portugueses e espanhóis.
4) Entre as consequências da Expansão Marítima, NÃO encontramos:
a) a formação do Sistema Colonial;
b) o desenvolvimento do eurocentrismo;
c) a expansão do regime assalariado da Europa para a América;
d) início do processo de acumulação de capitais, impulsionando o modo
de produção capitalista;
e) introdução do trabalho escravo na América.
Respostas dos exercícios.
1) A
2) E
3) D
4) C
5)
C
RENASCIMENTO CULTURAL.
O Renascimento foi um
movimento histórico ocorrido inicialmente na Itália e difundido pela Europa -
entre os séculos XV e XVI. Foi caracterizado pela crítica aos valores medievais
e pela revalorização dos valores da Antiguidade Clássica ( greco-romana ).
Foi na cidade de Florença que
os textos clássicos passaram a ser estudados e as ideias renascentistas
difundiram-se para outras cidades italianas e , posteriormente, para outras
regiões da Europa.
Itália no
século XV.
O berço do Renascimento foi a
Itália em virtude de uma série de fatores:
- Intenso desenvolvimento comercial das
cidades italianas que exerciam o monopólio sobre o comércio no mar
Mediterrâneo;
- Desenvolvimento
e ascensão de uma nova classe social – a burguesia
comercial - que passava a difundir novos hábitos de consumo;
- O
urbanismo e a disseminação do luxo e da opulência;
- Influência da cultura grega, através do
contato comercial das cidades italianas com o Oriente, especialmente
Constantinopla;
- O Mecenato, prática exercida pelos
burgueses, príncipes e papas, de financiar os artistas, procurando mostrar o
poderio da cidade e ampliar o prestígio pessoal;
- A vinda de sábios bizantinos para a Itália
após a conquista de Constantinopla pelos turcos Otomanos;
- A presença, em
solo italiano, da antiguidade clássica.
Aspectos da
Renascença.
Os homens que viviam sob a
Renascença criticavam a cultura medieval, excessivamente teocêntrica, e defendiam uma nova
ordem de valores.
Os principais aspectos do Renascimento foram:
a) o racionalismo e o abandono do mundo sobrenatural;
b) o antropocentrismo, onde o homem é o centro de tudo;
c) o universalismo, caracterizado pela descoberta do mundo;
d) o naturalismo, acentuando o papel da natureza;
e) o individualismo, valorizando o talento e o trabalho;
f) o humanismo.
O Humanismo
Humanista era um sábio que
criticava os valores medievais e defendia uma nova ordem de ideias. Valorizava
o progresso e buscava revolucionar o mundo através da educação.
Foi o grande responsável pela
divulgação dos valores renascentista pela Europa.
Outro elemento responsável
pela expansão das novas ideias foi a imprensa
de tipos móveis, inventada pelo alemão Johan
Gutemberg, tornando mais fácil a reprodução de livros.
No Renascimento desenvolveram-se as artes plásticas, a literatura e os
fundamentos da ciência moderna.
Artes
Plásticas.
As obras renascentistas são
caracterizadas pelo naturalismo e retratam o dinamismo comercial do período. Os
estilos desenvolvidos
levaram a uma divisão da Renascença em três períodos: o Trecento
(século XIV) , o Quattrocento ( século XV ) e o Cinquecento ( século
XVI).
TRECENTO - destaque para a pintura de Giotto ( 1276/1336 ) que muito
influenciou os demais pintores;
QUATROCENTO - período de atuação dos Médicis, que financiaram os
artistas. Lourenço de Médici foi o grande mecenas da época.
Destaques para Botticelli ( 1444/1510 ) e Leonardo da
Vinci (1452/1519).
CINQUECENTO - O grande mecenas do período foi o papa Júlio II que pretendia reforçar a grandiosidade
e o poder de Roma. Iniciou as obras da nova basílica de São Pedro. O autor do
projeto foi Bramante e
a decoração à cargo de Rafael
Sânzio e Michelângelo.
Michelângelo ( 1475/1564 ) apesar de destacar-se como o pintor da
capela Sistina foi o grande escultor da Renascença.
Literatura.
Graças à imprensa, os livros
ficaram mais acessíveis, facilitando a divulgação de novas ideias.
PRECURSORES
Três grandes autores do século XIV:
Dante Alighieri (1265/1321),autor
de A Divina Comédia, uma crítica à concepção religiosa; Francesco
Petrarca, com a obra África
e Giovanni
Boccaccio que escreveu Decameron.
PRINCIPAIS NOMES.
ITÁLIA
Maquiavel, fundador da ciência
política com sua obra O Príncipe, cuja tese central considera que os fins justificam os meios.
Contribuiu para o fortalecimento do poder real e lançou os fundamentos do
Estado Moderno.
Campanella, que relatou a miséria
italiana no livro A Cidade do Sol.
FRANÇA
Rabelais, que escreveu Gargântua e Pantagruel; Montaigne, que foi o
autor de Ensaios.
HOLANDA
Erasmo de Roterdan, considerado o
"príncipe dos humanistas" que satirizou e criticou a sociedade da
época. Sua obra-prima é O Elogio da Loucura
( 1569 ).
INGLATERRA
Thomas Morus, que escreveu
Utopia e Shakespeare, autor de magníficos
textos teatrais.
ESPANHA
Miguel de Cervantes, com o
clássico Dom Quixote de la Mancha.
PORTUGAL
Camões, que exaltou as viagens
portuguesas na sua obra Os Lusíadas.
Ciência
Moderna
O racionalismo contribuiu
para a valorização da matemática, da experimentação e da observação sistemática
da natureza. Tais procedimentos inauguraram a ciência moderna. Principais
nomes:
Nicolau Copérnico- demonstrou
que o Sol era o centro do universo (heliocentrismo) em oposição ao geocentrismo
( a Terra como o centro).
Giordano Bruno - divulgou as
ideias de Copérnico na Itália. Considerado herege foi queimado na fogueira em
1600. Kepler -
confirmou as teorias de Copérnico e elaborou uma série de enunciados referentes
à mecânica celeste.
Galileu Galilei - inaugurador
da ciência moderna e aprofundou as ideias de Copérnico, pressionado pela Igreja
negou as suas ideias.
Crise do
Renascimento
O Renascimento entra em
decadência após a perda de prestígio econômico das cidades italianas, em
decorrência das Grandes Navegações - que muda o eixo econômico do Mediterrâneo
para o 5
Atlântico; e da Contrarreforma Católica que limitou a liberdade de expressão.
A Reforma
Religiosa.
Ao longo da Idade Média, a
Igreja Católica afastou-se de seus ensinamentos, sendo por isto criticada e
considerada a responsável pelos sofrimentos do período: guerras, fomes e
epidemias seriam como castigos de Deus pelo afastamento da Igreja de seus
princípios.
Precursores
John Wyclif ( 1300/1384) e
João Huss ( 1369/1415 ).
Causas da
Reforma
Além das questões religiosas,
como a indulgência e a simonia, outros elementos contribuíram para o sucesso da
Reforma:
A exploração dos camponeses
pela Igreja - a Senhora feudal. A vontade de terras para o cultivo leva esta
classe a apoiar a Reforma;
Interesses da nobreza alemã nas terras eclesiásticas;
A condenação da usura pela
Igreja feria os interesses da burguesia comercial;
O processo de centralização
política, onde era interesses dos reis o enfraquecimento da autoridade papal;
A centralização desenvolve o nacionalismo, aumentando a crítica sobre
o poder de Roma em outras regiões.
Por que
Alemanha.
Na Alemanha a Igreja Católica
era muito rica e dominava amplas extensões territoriais, limitando a expansão
econômica da burguesia,
inibindo o poder político da nobreza e causando insatisfação
camponesa.
Lutero e a
Reforma.
Monge agostiniano que rompeu
com a Igreja Católica em virtude da venda
de indulgências, efetuada pela Igreja para a construção da basílica
de São Pedro pelo papa Leão X.
Lutero protestou através da exposição de suas 95 teses, condenando,
entre outras coisas a venda das indulgências.
Suas principais ideias reformistas eram:
Justificação pela fé - a única coisa que salva o homem é a fé, o homem
está diante de Deus sem intermediários;
A ideia de livre-exame, significa
que todo homem poderia interpretar livremente a Bíblia, segundo a sua própria
consciência;
Sendo assim, a Igreja e o Papado perdem sua função.
As ideias de Lutero agradaram
a nobreza alemã que passou a se apropriar das terras eclesiásticas. A revolta
atingiu as massas camponesas -que queriam terras - e foi duramente criticada
por Lutero.
Reforma
Calvinista.
Defesa da teoria da
predestinação, onde o destino do homem é condicionado por Deus. Dizia haver
sinais de que o indivíduo era predestinado por Deus para a salvação: o sucesso
material e a vontade de enriquecimento, pois a pobreza era tida como um
desfavorecimento divino.
A valorização do trabalho,
implícita na teoria; bem como a defesa do empréstimo de dinheiro a juros
contribuem para o desenvolvimento da burguesia e representam um estímulo para o
acúmulo de capitais.
Reforma
Anglicana.
Henrique VIII é o reformador
da Inglaterra, através do Ato de Supremacia, aprovado em 1513, que colocou a
Igreja sob a autoridade real - nascimento da Igreja Anglicana.
A justificativa para o
rompimento foi a negativa do papa Clemente VII em dissolver o casamento de
Henrique VIII com Catarina de Aragão.
Além disto, havia um enorme interesse do Estado nas propriedades
eclesiásticas, para facilitar a expansão da produção de lã.
A Contrarreforma.
Diante do sucesso e da
difusão das ideias protestantes, a Igreja Católica inicia a sua reforma,
conhecida como Contrarreforma. As principais medidas - tomadas no Concílio de
Trento - foram:
Proibição da venda de indulgências;
Criação de seminários para a formação do clero;
O Index - censura de livros;
Restabelecimento da Inquisição;
Manutenção dos dogmas católicos;
Proibida a livre interpretação da Bíblia;
Reafirmação da infalibilidade papal.
Com a Contrarreforma é
fundada a ordem religiosa Companhia de
Jesus, fundada por Inácio de Loyola em 1534, com o
intuito de fortalecer a posição da Igreja Católica em países católicos e
difundir o
catolicismo na Ásia e América.
EXERCÍCIOS.
1 (FATEC) No contexto do Renascimento, é correto afirmar que o humanismo:
01) apoiava-se em concepções nascidas na Antiguidade Clássica;
02) teve em Erasmo de Roterdan um de seus principais expoentes;
03) influenciou concepções que desencadearam a Reforma religiosa
04) inspirou uma verdadeira revolução cultural, iniciada na Itália;
05) contribuiu para o desenvolvimento dos estudos científicos.
2) (UFMG) - Todas as alternativas contém objetivos da política da Igreja
Católica esboçada durante o Concílio de Trento, exceto:
a) a expansão da fé cristã;
b) a moralização do clero;
c) a reafirmação dos dogmas;
d) a perseguição às heresias;
e) o relaxamento do celibato.
3) Com relação ao Renascimento fora da Itália, podemos afirmar que:
a) o mesmo só poderia penetrar onde houvesse uma estrutura socieconômica
ligada à formação do capitalismo;
b) teve nas universidades um de seus maiores centros de propagação;
c) foi mais desenvolvido no campo literário e filosófico;
d) apresentou maior desenvolvimento artístico do que na Itália;
e) há apenas uma alternativa errada.
4)(UFSC) Sobre as várias fases do cristianismo, na história do Mundo
Ocidental, assinale as afirmações corretas:
01. Teve origem na Judéia, passando a ser difundido pelo Império Romano
através da atuação dos apóstolos.
02. O poder religioso da Igreja, na Idade Média, influiu nas atividades
políticas, administrativas e culturais.
03. A insatisfação em relação às atividades da Igreja culminou com o
surgimento de várias dissidências, cujo conjunto foi denominado "Reforma
Religiosa".
04. O anseio de propagação da fé católica atingiu a América, através
da ação dos jesuítas que acompanhavam as expedições colonizadoras.
05. A igreja Católica, na atualidade, vem enfrentando um intenso surgimento
de novas "Igrejas".
5) (FUVEST) Sobre a Reforma Religiosa do século XVI, é correto afirmar
que:
a) nas áreas em que ele penetrou, obteve ampla adesão em todas as
camadas da sociedade;
b) foi um fenômeno elitista quanto o Renascimento, permanecendo
afastada das massas rurais e urbanas;
c) nada teve a ver com o desenvolvimento das modernas economias
capitalistas;
d) fundamentou-se nas doutrinas de salvação pelas obras e na falibilidade
da Igreja e da Bíblia;
e) acabou por ficar restrita à Alemanha luterana, à Holanda calvinista
e à Inglaterra anglicana.
6) (GV) O Renascimento Cultural, na Inglaterra, caracterizou-se principalmente
pela produção de obras nos campos da:
a) Escultura e Música
b) Pintura e Filosofia
c) Literatura e Escultura
d) Música e Pintura
f) Filosofia e Literatura
Respostas dos exercícios
1) todas verdadeiras
2) E
3) C
4) Todas verdadeiras
5) A
6)
E
Absolutismo/Mercantilismo.
O ABSOLUTISMO
MONÁRQUICO.
CONCEITO: Entende-se por
Absolutismo, o processo de centralização política nas mãos do rei. É resultado
da evolução política das Monarquias
Nacionais, surgidas na Baixa Idade Média; fruto da aliança
rei - burguesia.
FATORES DO ABSOLUTISMO
1.Aliança rei - burguesia:
A burguesia possuía um interesse econômico na centralização do poder
político: a padronização monetária, dos pesos e medidas. Adoção de mecanismos
protecionistas, garantindo a expansão das atividades comerciais; a adoção de
incentivos comerciais contribuía para o enfraquecimento da nobreza feudal e
este enfraquecimento- em contrapartida- garantia a supremacia política do rei.
2.Reformas Religiosas:
A decadência da Igreja Católica e a falência do poder papal contribuíram
para o fortalecimento do poder real.
Durante a Idade Média, o poder estava dividido em três esferas:
- poder local, exercido pelo nobreza medieval;
- poder nacional, exercido pela Monarquia;
- poder universal, exercido pelo Papado.
Assim, o processo de aliança
rei - burguesia auxiliou no enfraquecimento do poder local; as reformas
religiosas minaram o poder universal colaborando para a consolidação do poder
real.
3.Elementos Culturais:
O desenvolvimento do estudo
de Direito nas universidades e a preocupação em legitimar o poder real. O
Renascimento Cultural contribuiu para um retorno ao Direito Romano.
MECANISMOS DO
ABSOLUTISMO MONÁRQUICO
A) Criação de um Exército Nacional: Instrumento principal do processo de centralização política. Formado por
mercenários, com a intenção de enfraquecer a nobreza e não armar os camponeses.
B) Controle do Legislativo: Todas as decisões do reino estavam controladas diretamente pelo rei,
que possuía o direito de criar as leis.
C) Controle sobre a Justiça: Criação do Tribunal Real, sendo superior aos tribunais locais (
controlados pelo senhor feudal ).
D) Controle sobre as Finanças: intervenção na economia, mediante o monopólio da cunhagem de moedas,
da
padronização monetária, a cobrança de impostos, da criação de Companhias
de Comércio e a imposição dos monopólios.
E) Burocracia Estatal: corpo de funcionários que auxilia na administração das obras públicas,
fortalecimento o controle do Estado e, consequentemente , o poder real.
TEÓRICOS DO
ABSOLUTISMO MONÁRQUICO
Nicolau
Maquiavel ( 1469/1525 ) - Responsável pela
secularização da política, ou seja, ele supera a relação entre ética cristã e
política. Esta superação fica clara na tese de sua principal obra, O Príncipe - segundo a qual "os
fins justificam os meios".
Maquiavel subordina o indivíduo ao Estado, tornando-se assim no
primeiro defensor do absolutismo.
Thomas
Hobbes ( 1588/1679 ) - Seu pensamento está
centrado em explicar as origens do Estado. De acordo com Hobbes, o homem em
seu estado de natureza é egoísta. Este egoísmo gera prejuízos para todos.
Procurando a sociabilidade,
os homem estabelece um pacto:
abdica de seus direitos em favor do soberano, que passa a Ter o poder absoluto.
Assim, o estado surge de um contrato.
A ideia de contrato denota
características burguesas, demonstrando uma visão individualista do homem ( o
indivíduo preexiste ao Estado ) e o pacto busca garantir e manter os interesses
dos indivíduos.
A obra principal de Hobbes é "Leviatã".
Jacques Bossuet ( 1627/1704 )
e Jean Bodin ( 1530/1596 ) Defensores da ideia de que a autoridade real era
concedia por Deus. Desenvolvimento da doutrina do absolutismo de direito divino
– o rei seria um representante de Deus e os súditos lhe devem total obediência.
Absolutismo na
península Ibérica
PORTUGAL-
Primeiro país a organizar o Estado Moderno.
Centralização política precoce em virtude da Guerra de Reconquista dos
cristãos contra muçulmanos.
A centralização do Estado
Português ocorreu em 1385, com a Revolução
de Avis, onde o Mestre da Ordem de Avis ( D. João ), com o
apoio da burguesia mercantil consolidou o centralismo político.
ESPANHA- O
processo de centralização na Espanha também está relacionado com a Guerra de
Reconquista e foi fruto de uma aliança
entre o Reino de Castela e o Reino de Aragão, em 1469 e consolidado
em 1492 - com a expulsão definitiva dos mouros da península.
Absolutismo na
França
A consolidação do absolutismo
francês está relacionado com a Guerra do Cem Anos: enfraquecimento da nobreza
feudal e fortalecimento do poder real.
A principal dinastia do
absolutismo francês foi a dos Bourbons:
Henrique IV ( 1593/1610 )- precisou abandonar o protestantismo para
ocupar o trono real. Responsável pelo Édito
de Nantes (1598 ) que
concedeu liberdade religiosa aos protestantes.
Luís XIII ( 1610/1643 )- Em seu reinado, destaque para a atuação de
seu primeiro-ministro o cardeal
Richelieu.
A política de Richelieu
visava dois grandes objetivos: a consolidação do absolutismo monárquico na
França e estabelecer, no plano externo, a supremacia francesa na Europa. Para
conseguir este último objetivo, Richelieu envolveu a França na guerra dos
Trinta Anos (1618/1648), contra a os Habsburgos austríacos e espanhóis.
Luís XIV ( 1643/1715 ) - O exemplo máximo do absolutismo francês,
denominado o "rei-sol". Organizou a administração do reino para
melhor controle de todos os assuntos. Governava através de decretos e submeteu
a nobreza feudal e a burguesia mercantil.
Levou ao extremo a idéia do
absolutismo de direito divino. Um dos principais nomes de seu governo foi o
ministro Colbert, responsável pelas finanças e dos assuntos econômicos.
A partir de seu reinado a
França inicia uma crise financeira, em razão das sucessivas guerras
empreendidas por Luís XIV. A crise será acentuada com o Édito de Fontainebleau, decreto real
que revogou o Édito de Nantes. Com isto, muitos protestantes abandonam a
França,
contribuindo para uma diminuição na arrecadação de impostos.
A crise do absolutismo
prossegue no reinado de Luís XV e atingirá o a ápice com Luís XVI e o processo
da Revolução Francesa.
Absolutismo na
Inglaterra
O apogeu do absolutismo
inglês deu-se com a Dinastia Tudor, família que ocupa o poder após a Guerra das
Duas Rosas:
Henrique VIII ( 1509/1547
) - Empreendeu a Reforma Anglicana, após o Ato de
Supremacia ( 1534 ). Com a reforma, o Estado controla as propriedades
eclesiásticas impulsionando a expansão comercial inglesa.
Elizabeth I ( 1558/1603 ) - Implantou definitivamente o anglicanismo, mediante uma violenta
perseguição aos católicos e aos
protestantes.
Iniciou uma política naval e
colonial - caracterizada pela destruição da Invencível Armada espanhola e a
fundação da primeira colônia inglesa na América do Norte - Virgínia ( 1584 ).
Em seu reinado a Inglaterra
realiza uma grande expansão comercial, com a formação de Companhias de Comércio
e fortalecendo a burguesia.
Com a morte de Elizabeth I (
1603 ), inicia-se uma nova dinastia - Stuart - marcada pela crise do
absolutismo inglês.
O MERCANTILISMO
CONCEITO: Política econômica
do Estado Moderno baseada no acúmulo
de capitais.
A acumulação de capitais
dá-se pela atividade comercial, daí o mercantilismo apresentar uma série de
práticas para o desenvolvimento das práticas comerciais.
OBJETIVOS: A intervenção do
estado nos assuntos econômicos visava o fortalecimento
do Estado e o Enriquecimento
da burguesia.
PRÁTICAS
MERCANTILISTAS
Para conseguir o acúmulo de
capitais, a política mercantilista apresentará os seguintes elementos:
Balança comercial
favorável: medida que visava a evasão monetária. A
exportação maior que a importação auxiliava a manter as reservas de ouro.
Metalismo (bulionismo):
necessidade de acumular metais preciosos (ouro e
prata ).
Intervencionismo
estatal: forte intervenção do Estado na economia, com o
intuito de desenvolver a produção agrícola, comercial e industrial. O Estado
passa a adotar medidas de caráter protecionista - estimular a exportação e
inibir a importação, impondo pesadas tarifas alfandegárias.
Monopólios: elemento essencial do protecionismo econômico. O Estado garante o
exclusivismo comercial sobre um determinado produto e/ou uma determinada área.
TIPOS DE
MERCANTILISMO
Cada Estado Moderno buscará a
acumulação de capitais obedecendo suas próprias especificidades.
PORTUGAL - Mercantilismo
agrário, o acúmulo de capitais virá da atividade agrícola na colônia ( Brasil
).
ESPANHA - Metalismo, em razão
da grande quantidade de ouro e prata da América. O grande afluxo de metais
trouxe uma alta dos preços das mercadorias e desencadeou uma enorme inflação.
Este processo é conhecido como revolução
dos preços.
FRANÇA: Produção de artigos
de luxo para a exportação. Também conhecido como colbertismo, por causa do ministro
Jean Colbert.
INGLATERRA: Num primeiro
momento, a Inglaterra consegue acúmulo de capitais através do comércio,
principalmente após o Ato de Navegação de 1651. O grande desenvolvimento comercial vai impulsionar a
indústria. Esta última se tornará na atividade principal para a Inglaterra
conseguir o acúmulo de capitais.
HOLANDA: desenvolve o mercantilismo misto, ou seja, comercial e industrial.
MERCANTILISMO
E FORMAÇÃO DO SISTEMA COLONIAL
A principal dificuldade do mercantilismo residia na necessidade que
todos os países tinham de manter uma balança comercial favorável, ou seja,
todos queriam exportar, porém nenhum gostava de importar.
Para solucionar este problema e que será montado o Sistema Colonial.
As áreas coloniais, mediante o denominado pacto
colonial, auxiliava a Europa no processo de acumulação de
capitais ao vender – a preços muito baixos - matéria-prima e comprar - a preços
elevados, os produtos manufaturados.
CONSEQÜÊNCIAS
O processo de acúmulo de capitais, impulsionado o capitalismo;
A formação do Sistema Colonial Tradicional ( séculos XVI/XVIII);
O desenvolvimento do escravismo moderno, onde o escravo é visto como
mão-de-obra e mercadoria.
EXERCÍCIOS
1) (Unitau-SP) São características do mercantilismo:
a) livre cambismo, fomento às indústrias, balança comercial favorável;
b) fomento às indústrias, tarifas protecionistas, metalismo, leis de
mercado;
c) livre cambismo, pacto colonial, intervencionismo estatal;
d) monopólio, livre cambismo, tarifas protecionistas, metalismo;
e) balança comercial favorável, metalismo, tarifas protecionistas,
intervencionismo estatal.
2) (FGV-SP) Acerca do absolutismo na Inglaterra, NÃO é possível afirmar
que:
a) fortaleceu-se com a criação da Igreja Anglicana;
b) foi iniciado por Henrique VIII, da dinastia Tudor, e consolidado no
longo reinado de sua filha Elizabeth I;
c) a política mercantilista intervencionista foi fundamental para a
sua solidificação;
d) foi consequência da guerra das Duas Rosas, que eliminou milhares de
nobres e facilitou a consolidação da monarquia centralizada;
e) o rei reinava mas não governava, a exemplo do que ocorreu durante
toda a modernidade.
3) (UFRN) O sistema de colonização objetivado pela política mercantilista
tinha em mira:
a) criar condições para a implantação do absolutismo;
b) permitir à economia metropolitana o máximo de autossuficiência e
situá-la vantajosamente no comércio internacional, pela criação de complementos
à economia nacional;
c) evitar os conflitos internos, resultantes dos choques entre feudalismo
e capitalismo, que entravavam o desenvolvimento dos países europeus;
d) ganhar prestígio internacional;
e) obter a garantia de acessos às fontes de matérias-primas e aos
mercados consumidores no ultramar.
4) (FUVEST) No processo de formação dos Estados Nacionais da França e
da Inglaterra, podem ser identificados os seguintes aspectos:
a) Fortalecimento do poder da nobreza e retardamento da formação do
Estado Moderno;
b) Ampliação da dependência do rei em relação aos senhores feudais e à
Igreja;
c) Desagregação do feudalismo e centralização política;
d) Diminuição do poder real e crise do capitalismo comercial;
e) Enfraquecimento da burguesia e equilíbrio entre Estado e Igreja.
5) (PUC) Na obra O Príncipe , Maquiavel defendia o absolutismo como forma de consolidar e fortalecer
o Estado. Entre seus argumentos destaca-se:
a) a necessidade de o governante cercar-se de bons conselheiros, com
os quais dividiria o poder;
b) a ideia de que somente a lei moral e religiosa limitaria os poderes
do rei;
c) a constante utilização da guerra como meio de demonstrar
a força do Estado;
d) o reconhecimento de que todos os meios utilizados para defender os
interesses do governante e do Estado seriam justificados;
e) o princípio da constante mudança das instituições , para que elas
se adequassem sempre às novas situações.
6) (FUVEST) O Estado Moderno absolutista atingiu seu maior poder de
atuação no século XVII. Na arte e na economia suas expressões foram,
respectivamente:
a) rococó e liberalismo
b) renascentismo e capitalismo
c) barroco e mercantilismo
d) maneirismo e colonialismo
e) classicismo e economicismo.
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS
1 E
2 E
3 B
4 C
5 D
6
C
O Sistema
Colonial
O chamado Sistema Colonial
Tradicional desenvolveu-se , na América, entre os séculos XVI e XVIII. Sua
formação está intimamente ligada às Grandes Navegações e seu funcionamento
obedece aos princípios do Mercantilismo.
Como vimos, o Estado Moderno,
através das práticas mercantilistas, buscava o acúmulo de capitais e as
colônias irão contribuir de forma decisiva para este processo. Assim, através
da exploração colonial os Estados Metropolitanos se enriquecem- como também sua
burguesia.
O Sistema Colonial
Tradicional conheceu dois tipos de colônias: a colônia de povoamento e a colônia de exploração.
COLÔNIA DE POVOAMENTO:
característica das zonas temperadas da América do Norte e marcada por uma
organização econômico-social
que buscava manter semelhanças com suas origens europeias:
predomínio da pequena propriedade, desenvolvimento do mercado interno,
certo desenvolvimento urbano, valorização dos princípios de liberdade (
religiosa, econômica, de imprensa ), utilização do trabalho
livre, desenvolvimento industrial e desenvolvimento do comércio externo.
COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO: típica
das zonas tropicais da América, onde predomina a agricultura tropical
escravista e monocultora. Não
houve desenvolvimento de núcleos urbanos nem do mercado interno,
ficando esta área dependente da Metrópole. A principal característica
desta área foi a Plantation- latifúndio, monocultor escravocrata.
A colonização inglesa na
América do Norte apresentou as duas formas colônias. As treze colônias inglesas
pode assim ser divididas: as colônias do norte e do centro serão colônias de
povoamento; as colônias do sul serão colônias de exploração.
As colônias do norte tiveram
suas origens nas lutas sociais que ocorreram na Inglaterra, quais sejam, as
perseguições aos puritanos
pela Dinastia Stuart ( 1603/1642 ). Com a Revolução Puritana (1640/1660)
o contingente que chega à colônia é basicamente formado por nobres
aristocráticos.
Desde cedo, os colonos do
norte demonstram sua vocação comercial, dinamizando o mercado externo através
do chamado "comércio triangular".
A título de exemplificação,
segue uma forma do comércio triangular:
Da Nova Inglaterra com a
África - comércio do rum, que seria trocado por escravos;
Da África para as Antilhas -
comércio de escravos, que seriam vendidos para o trabalho nas fazendas de
açúcar;
Das Antilhas para a Nova
Inglaterra - melaço - subproduto da cana para a fabricação do rum.
Já as colônias do sul
desenvolveram-se obedecendo os critérios do mercantilismo ( monopólio ). Houve
predomínio do latifúndio monocultor ( algodão ) e utilização da mão-de-obra
escrava.
As colônias de exploração irão
apresentar aspectos comuns, quanto a sua organização econômica.
Aspectos da economia colonial.
Uma economia colonial, área
de exploração vai apresentar os seguintes elementos:
Economia complementar
e especializada- a principal função de uma colônia era
complementar a economia metropolitana, produzindo artigos que pudessem ser
vendidos a altos preços no mercado europeu; daí sua especialização em certos
gêneros tropicais, como tabaco, algodão e cana-de-açúcar.
Integrada ao capitalismo
- a economia colonial atendia os interesses do
capitalismo europeu. A utilização da mão-de-obra escrava não representa um
paradoxo, ao contrário, foi mais um elemento utilizado para o processo de
acumulação de capitais. O tráfico negreiro era altamente lucrativo.
Pacto colonial - o elemento definidor das relações entre Metrópole e colônia, foi o
monopólio. Este será implantado através do pacto
colonial, onde a colônia é obrigada a enviar para a
Metrópole matérias primas (gêneros tropicais e metais preciosos) e comprar da
Metrópole artigos manufaturados e escravos.
Através das relações
coloniais, foi possível o desenvolvimento pleno do capitalismo na Europa. O
objetivo máximo do mercantilismo – o acúmulo de capitais - só foi possível em
virtude da existência de uma
área extraterritorial auxiliando a Europa em manter uma balança comercial
favorável.
EXERCÍCIOS
1) (VUNESP) A transição gradativa do mundo medieval para o mundo
moderno dependeu da conjugação de inúmeros fatores, europeus e extra-europeus,
que ganharam dimensões e características novas. A inserção do mundo não-europeu
no contexto do colonialismo mercantilista, inaugurado pelos Grandes
Descobrimentos, contribui para:
a) a aceitação, sem resistência, da tutela cultural que o europeu
pretendeu exercer sobre os povos da África e da Ásia;
b) acarretar profunda contenção na expansão civilizatória do mundo
pré-colombiano;
c) o indígena demonstrar sua inadaptabilidade racial para o trabalho;
d) que o tráfico negreiro, operação comercial rentável, fosse ativado,
tendo em vista a apatia e preguiça evidenciadas pelo ameríndio;
e) a montagem de um modelo político-administrativo caracterizado pela
não intervenção do Estado na vida das colônias.
2) (CESGRANRIO) Assinale a opção que caracteriza a economia colonial,
estruturada como desdobramento da expansão mercantil europeia da Época Moderna:
a) a descoberta de ouro no final do século XVII aumentou a renda
colonial, favorecendo o rompimento dos monopólios que regulavam as relações com
a metrópole;
b) o caráter exportador da economia colonial foi lentamente alterado
pelo crescimento dos setores de subsistência, QUE disputavam as terras e os
escravos disponíveis para a produção;
c) a lavoura de produtos tropicais e as atividades extrativas foram organizadas
para atender aos interesses da política mercantilista europeia;
d) a implantação da empresa agrícola representou o aproveitamento, na
América, da experiência anterior dos portugueses em suas colônias orientais;
e) a produção de abastecimento e o comércio interno foram os principais
mecanismos de acumulação da economia colonial.
3) ( UFPR)- A respeito do mercantilismo e das relações metrópole-colônia,
é correto afirma que:
01) a colônia só podia produzir o que a metrópole pudesse revender com
lucro no mercado europeu;
02) a colônia estava autorizada a desenvolver indústrias locais, cujos
produtos pudessem garantir seu desenvolvimento autônomo;
03) a acumulação de saldos positivos, convertidos em metais preciosos,
fazia parte da política mercantilista, em benefício da metrópole;
04) dentro da política mercantilista, o tráfico de escravos tornou-se
uma das formas eficazes de acumulação da capitais;
05) o monopólio comercial não era fundamental para a metrópole, que
dava às colônias liberdade de comércio;
06) a produção da colônia permitia à metrópole disputar e conquistar
mercados, favorecendo o acúmulo de metais preciosos, nos termos da prática
mercantilista
4) (MACK) Pode ser considerada uma característica do Sistema Colonial:
a) a adoção, por parte das metrópoles, de uma política liberal que
facilitou a emancipação das colônias;
b) a não-intervenção do Estado na economia e o incentivo às atividades
naturais;
c) a extinção do trabalho escravo e o desenvolvimento econômico das
áreas coloniais;
d) a economia voltada para o mercado interno e para a acumulação no
detor colonial;
e) o monopólio comercial metropolitano e sua influência no enriquecimento
da burguesia e no desenvolvimento do capitalismo.
Respostas dos exercícios
1) B
2) C
3) V F V V F V
4)
E
Revoluções
Burguesas
Entende-se por Revoluções
Burguesas os processos históricos que consolidam o poder econômico da
burguesia, bem como sua ascensão
ao poder político. Ao longo dos séculos XVII e XVIII a burguesia se demonstrará
como uma classe social revolucionária, destruindo a ordem feudal, consolidando
o capitalismo e transformando o Estado para atender seus interesses.
As chamadas Revoluções
Burguesas foram: as Revoluções Inglesas do século XVII ( Puritana e Gloriosa ),
a Independência dos EUA, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Nesta
aula iremos tratar das Revoluções Inglesas e da Revolução Francesa - as demais
trataremos nas próximas aulas.
As Revoluções
Inglesas.
No decorrer dos séculos XVI e
XVII, a burguesia desenvolveu-se, graças a ampliação da produção de mercadorias
e das práticas do mercantilismo - que auxiliaram no processo de acumulação de
capitais.
No entanto, a partir de um
certo desenvolvimento das chamadas forças produtivas, a intervenção do Estado
Absolutista nos assuntos econômicos passaram a se constituir em um obstáculo
para o pleno desenvolvimento do capitalismo. A burguesia passa a defender a liberdade
comercial e a criticar o Absolutismo.
O absolutismo inglês
desenvolveu-se sob duas dinastias, a dinastia Tudor e a dinastia Stuart.
Durante a dinastia Tudor houve um grande
desenvolvimento econômico inglês- principalmente no reinado da rainha Elizabeth
I :consolidação do anglicanismo; adoção das práticas
mercantilistas; início da colonização da América do Norte e o processo
da política dos cercamentos, para ampliar as áreas de pastagens e a produção de
lã. Assim, a burguesia inglesa vinha enriquecendo rapidamente, ampliando cada
vez mais seus negócios e dominado a economia inglesa.
Além deste intenso
desenvolvimento econômico a Inglaterra dos séculos XVI e XVII apresentava uma
outra característica: os intensos
conflitos religiosos.
A religião oficial, adotada
pelo Estado era o anglicanismo, existiam outras correntes religiosas: os protestantes ( calvinistas,
luteranos e presbiterianos ), chamados de modo geral, de puritanos. Havia ainda católicos no país. A monarquia
inglesa - anglicana - perseguia católicos
e puritanos, gerando os conflitos religiosos.
GRUPOS
RELIGIOSOS E POSIÇÕES POLÍTICAS
Os católicos a partir da
Reforma Anglicana passam a deixar de ter importância na economia inglesa;
Os calvinistas - grupo mais
numeroso - eram compostos por pequenos proprietários e pelas camadas populares.
O espírito calvinista, da poupança e do trabalho refletia os interesses da
burguesia inglesa.
OS CONFLITOS
ENTRE MONARQUIA E PARLAMENTO
No século XVII, o Parlamento
inglês contava com um grande número de puritanos- que representavam os
interesses da burguesia- e não aceitavam mais a interferência do Estado
Absolutista. Com a morte de Elizabeth I, o trono inglês fica com os Stuarts.
Foi durante esta dinastia que ocorreram as Revoluções Inglesas.
A DINASTIA
STUART.
Jaime I ( 1603/1625) -uniu a
Inglaterra à Escócia, sua terra natal, desencadeando a insatisfação da
burguesia e do Parlamento, que o consideravam estrangeiro. Realizou uma intensa
perseguição a católicos e puritanos calvinistas. Foi em virtude desta
perseguição que muitos puritanos dirigiram-se ao Novo Mundo, dando início à
colonização da América inglesa - fundação da Nova Inglaterra, uma colônia de povoamento.
Carlos I ( 1625/1648) -
sucessor de Jaime I e procurou reforçar o absolutismo, estabelecendo novos
impostos sem a aprovação do Parlamento. Em 1628 o Parlamento impôs ao rei a "Petição dos Direitos",que limitava os poderes monárquicos: problemas relativos a impostos,
prisões e convocações do Exército seriam atos ilegais, sem a aprovação do
Parlamento. No ano de 1629, Carlos I dissolveu o Parlamento e governou sem ele
por onze anos.
Em 1640, Carlos I teve que
convocar novamente o Parlamento necessidade
de novos impostos, negados pelo Parlamento. Diante da
negação, Carlos I procura novamente dissolver o Parlamento, desencadeando
uma violenta guerra civil na Inglaterra.
Revolução
Puritana
A guerra civil mostrou dois lados da sociedade
inglesa, de um lado estava o partido dos Cavaleiros, que apoiavam o rei: a nobreza proprietária de terras, os católicos e
os anglicanos; de outro estava os Cabeças
Redondas ( pois não usavam cabeleiras compridas como os
nobres) partidários do Parlamento. As forças do Parlamento, organizadas
em um exército de rebeldes, eram lideradas por Oliver Cromwell. Após uma
intensa guerra civil ( 1641/1649), os Cabeças Redondas derrotaram os
Cavaleiros- aprisionando e decapitando o rei, Carlos I, em 1649. Após a morte
de Carlos I foi estabelecida uma
república na Inglaterra, período denominado "Commonwealth".
A revolução puritana marca, pela primeira vez, a execução de um monarca
por ordem do Parlamento, colocando em xeque o princípio político da origem
divina do poder do rei- influenciando os filósofos do
século XVIII ( Iluminismo).
REPÚBLICA
PURITANA ( 1649/1658)
Período marcado por
intolerância e rigidez de Oliver Cromwell. Este dissolveu o Parlamento em 1653
e iniciou uma ditadura pessoal, assumindo o título de Lorde Protetor da
República.
Em 1651 foi decretado os Atos de Navegações, que protegiam
os mercadores ingleses e provocaram o enfraquecimento comercial da Holanda. Com
este ato a Inglaterra passa a ter o domínio do comércio marítimo.
Oliver Cromwell, sob o
pretexto de punir um massacre que católicos irlandeses tinham realizado contra
os protestantes, invadiu a Irlanda, promovendo a morte de milhares de
irlandeses, originando um profundo conflito entre Irlanda e Inglaterra, que
perdura ainda hoje.
Após a morte do Lorde
Protetor (1658), inicia-se um período de instabilidade política até o ano de
1660, quando o Parlamento resolveu restaurar a monarquia.
A Restauração
e a Revolução Gloriosa.
Carlos II ( 1660/1685) -
filho de Carlos I, que no ano de 1683 dissolveu o Parlamento. Em seu reinado, o
Parlamento dividiu-se em
dois partidos: Whig, composto pela burguesia liberal e adeptos de um
governo controlado pelo Parlamento e Tory,
formado pelos conservadores e adeptos do
absolutismo.
Jaime II ( 1685/1688) - Era
católico e com a morte de Carlos II assumiu o poder e procurou restaurar o
absolutismo monárquico, tendo oposição dos Whigs. No ano de 1688, há o
nascimento de um herdeiro - filho de um segundo casamento com uma católica.
Temendo a sucessão de um governante católico, Whigs ( puritanos ) e Torys (
anglicanos), aliaram-se contra Jaime II, oferecendo o trono a Guilherme de Orange, protestante e
casado com Maria Stuart - filha do primeiro casamento de Jaime com uma
protestante.
Guilherme só foi proclamado
rei quando aceitou a Declaração dos Direitos ( Bill of Rights
),que limitava os poderes do rei e estabelecia a superioridade
do Parlamento. Determinou-se também a criação de um exército permanente, a
garantia da liberdade de imprensa e liberdade individual e proteção à
propriedade privada.
A Revolução Gloriosa foi um
complemento da Revolução Puritana, garantindo a supremacia da burguesia,
através do controle do Parlamento. Também garantiu o fim do absolutismo
monárquico na Inglaterra e o surgimento do primeiro Estado burguês, sob a forma
de uma monarquia parlamentar.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Ilustração da paisagem inglesa durante a Revolução
Industrial. As grandes chaminés expelindo fumaça representava desenvolvimento.
Com tanto avanço, as fábricas
começaram a se espalhar pela Inglaterra trazendo várias mudanças. Esse período
é chamado pelos historiadores de Revolução Industrial e ela
começou na Inglaterra.
A burguesia inglesa
era muito rica e durante muitos anos continuou ampliando seus negócios de
várias maneiras:
financiando ataques piratas (corsários)
traficando escravos
emprestando dinheiro a juros
pagando baixos salários aos artesãos que trabalhavam nas manufaturas
vencendo guerras
comerciando
impondo tratados a países mais fracos
Os ingleses davam muita
importância ao comércio (quanto mais comércio havia, maior era a concorrência).
Quando se existe comércio,
existe concorrência e para acabar com ela, era preciso baixar os preços. Logo,
a burguesia inglesa começou a aperfeiçoar suas máquinas e a investir nas
indústrias.
Vários camponeses foram
trabalhar nas fábricas e formaram uma nova classe social: o proletariado.
O desenvolvimento industrial
arruinou os artesãos, pois os produtos eram confeccionados com mais rapidez nas
fábricas. A valorização da ciência, a liberdade individual e a crença no
progresso incentivaram o homem a inventar máquinas.
O governo inglês dava muita
importância à educação e aos estudos científicos e isso também favoreceu as
descobertas tecnológicas.
Milhares de trabalhadores das indústrias inglesas.
Graças à Marinha Inglesa (que
era a maior do mundo e estava em quase todos os continentes) a Inglaterra podia
vender seus produtos em quase todos os lugares do planeta.
No século XIX a Revolução Industrial chegou até a França e com o
desenvolvimento das ferrovias cresceu ainda mais.
Em 1850, chegou até a Alemanha
e só no final do século XIX; na Itália e na Rússia, já nos EUA, o
desenvolvimento industrial só se deu na segunda metade do século XIX.
No Japão, só nas últimas décadas do século XIX, quando o Estado se ligou
à burguesia (o governo emprestava dinheiro para os empresários que quisessem
ampliar seus negócios, além de montar e vender indústrias para as famílias
ricas), é que a industrialização começou
a crescer. O Estado japonês esforçava-se ao máximo para incentivar o
desenvolvimento capitalista e industrial.
Adam Smith (pensador
escocês) escreveu em 1776 o livro “A Riqueza das Nações”, nessa obra (que é
considerada a obra fundadora da ciência econômica), Smith afirma que o
individualismo é bom para toda a sociedade.
Para ele, o Estado deveria
interferir o mínimo possível na economia. Adam Smith também considerava que as
atividades que envolvem o trabalho humano são importantes e que a indústria
amplia a divisão do trabalho aumentando a produtividade, ou seja, cada um deve
se especializar em uma só tarefa para que o trabalho renda mais.
A Revolução Industrial trouxe
riqueza para os burgueses; porém, os trabalhadores viviam na miséria.
Muitas mulheres e crianças
faziam o trabalho pesado e ganhavam muito pouco, a jornada de trabalho variava
de 14 a 16 horas diárias para as mulheres, e de 10 a 12 horas por dia para as
crianças.
Enquanto os burgueses se reuniam
em grandes festas para comemorar os lucros, os trabalhadores chegavam à
conclusão que teriam que começar a lutar pelos seus direitos.
O chamado Ludismo foi uma das primeiras formas de luta dos
trabalhadores. O movimento ludita era formado por grupos de trabalhadores que
invadiam as fábricas e quebravam as máquinas.
Os ludistas conseguiram algumas
vitórias, por exemplo, alguns patrões não reduziram os salários com medo de uma
rebelião.
Além do ludismo , surgiram outras organizações operárias, além dos
sindicatos e das greves.
Em 1830, formou-se na Inglaterra o movimento
cartista. Os cartistas redigiram um documento chamado “Carta do
Povo” e o enviaram ao parlamento inglês. A principal reivindicação era o
direito do voto para todos os homens (sufrágio universal masculino), mas
somente em 1867 esse direito foi conquistado.
Thomas Malthus foi um
economista inglês que afirmava que o crescimento da população era culpa dos
pobres que tinham muitos filhos e não tinham como alimentá-los. Para ele, as
catástrofes naturais e as causadas pelos homens tinham o papel de reduzir a
população, equilibrando, assim, a quantidade de pessoas e a de comida.
Além disso, Malthus criticava a distribuição de renda. O seu raciocínio
era muito simples: os responsáveis pelo desenvolvimento cultural eram os ricos
e cobrar impostos deles para ajudar os pobres era errado, afinal de contas era
a classe rica que patrocinava a cultura.
O Parlamento inglês (que aparentemente pensava como Malthus) adotou, em
1834, uma lei que abolia qualquer tipo de ajuda do governo aos pobres. A
desculpa usada foi a que ajudando os pobres, a preguiça seria estimulada. O
desamparo serviria como um estímulo para que eles procurassem emprego.
A revolução Industrial mudou a vida da
humanidade.
A vida nas cidades se tornou
mais importante que a vida no campo e isso trouxe muitas consequências: nas
cidades os habitantes e trabalhadores moravam em condições precárias e conviviam
diariamente com a falta de higiene, isso sem contar com o constante medo do
desemprego e da miséria.
Por um outro lado, a Revolução
Industrial estimulou os pesquisadores, engenheiros e inventores a aperfeiçoar a
indústria. Isso fez com que surgisse novas tecnologias: locomotivas a vapor,
barcos a vapor, telégrafo e a fotografia.
Leia mais sobre as Consequências da Revolução Industrial.
A Revolução Francesa
As transformações
econômicas, políticas e sociais dos séculos XVII e princípios do século XVIII
se manifestaram no plano filosófico, num movimento de crítica ao Antigo Regime ( o Estado
Absolutista e o Mercantilismo ). Este movimento é denominado Iluminismo.
O ILUMINISMO
Entre os precursores do
Iluminismo temos René Descartes que mudou a concepção de mundo da época e
defendeu a universalidade do racionalismo e Isaac Newton que provou que o
universo é regido por leis.
Filósofos do Iluminismo
John
Locke (1632/1704)- sua principal obra é Segundo tratado do governo civil. Locke é um defensor da tolerância religiosa e da liberdade política.
Acreditava na liberdade e na propriedade como direitos naturais do homem e,
para manutenção destes direitos, houve um contrato entre os homens, surgindo o
governo e a sociedade civil. Os governos teriam que respeitar os direitos
naturais e, caso não fizessem, os cidadão possuíam o direito de se rebelar contra
o governo tirano. Esta ideia será uma verdadeira arma na luta contra o
absolutismo monárquico.
O pensamento de Locke contribuiu para a Revolução Gloriosa e influenciou
a elaboração da Constituição dos EUA de 1787.
Montesquieu
(1689/1755)- autor de O espírito das leis, onde o pensador preconiza a separação dos poderes ( legislativo,
executivo e judiciário), foi um crítico do absolutismo monárquico.
Voltaire
(1694/1778)
- severo crítico da igreja, seu pensamento é caracterizado
pelo anticlericalismo. Defensor dos direitos individuais. Defendia uma
monarquia esclarecida, onde o governo seria baseado nas ideias dos filósofos.
Escreveu Cartas inglesas.
Jean-Jacques
Rousseau (1712/1778) - era crítico da propriedade privada e da
burguesia. Para Rousseau, o poder político repousava sobre o povo, que
manifestava sua vontade mediante o voto.
Seu pensamento teve muita repercursão entre as camadas populares e a
pequena burguesia. Serviu de bandeira para a Revolução Francesa. Sua principal
obra é O Contrato social.
Jean
d'Alembert (1717/1783) e Denis Diderot (1713/1784)- foram os
organizadores da Enciclopédia, um resumo do pensamento iluminista, publicada entre 1751 e 1752.
Nesta imensa obra há uma valorização da razão e da verdade atividade
científica. Reafirmava a concepção de governo como sendo fruto de um contrato
entre governantes e governados.
PENSAMENTO
ECONÔMICO DO ILUMINISMO
O pensamento econômico do
Iluminismo estava centrado na questão da liberdade econômica, desenvolvendo-se
duas escolas: os fisiocratas e os liberais. as duas escolas criticavam o mercantilismo e o pacto colonial,
atendendo os interesses da burguesia.
Os fisiocratas- criticavam as práticas mercantilistas e propunham o fim da
intervenção do Estado nos assuntos econômicos. Segundo os fisiocratas a
economia funcionaria seguindo suas próprias leis.
Afirmavam que a fonte de riqueza era a terra. O lema dos fisiocratas
era "Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui-même" (
"Deixai fazer, deixai passar, que o mundo anda por si mesmo").
Os principais nomes desta
escola foram: Quesnay, Turgot e Gournay.
Os liberais- assim como os fisiocratas criticavam as práticas mercantilistas,
porém, ao contrário deles, os liberais consideravam o
trabalho como a principal fonte de riquezas. Defendiam a concorrência,
a divisão do trabalho e o livre comércio. O principal teórico desta escola foi Adam Smith, que sistematizou o
pensamento liberal na obra A riqueza
das nações. As idéias liberais são conhecidas como liberalismo econômico e constituem
as premissas básicas do capitalismo liberal.
CONSEQÜÊNCIAS
DO ILUMINISMO.
O Iluminismo criticava o
absolutismo, o mercantilismo, a intolerância religiosa e afirmava que os homens
são iguais, perante a Natureza. Assim, a desigualdade entre os homens é fruto
da sociedade.
Para que haja uma sociedade
justa é necessário a igualdade entre os homens e a liberdade de expressão.
As ideias iluministas teve
intensa repercussão em toda a Europa influenciou sobremaneira na Revolução
Francesa. Na América, o Iluminismo inspirou a independência dos EUA e
contribuíram para que os Estados absolutistas da Europa patrocinassem reformas
políticas.
Essa política de reforma foi
denominada despotismo esclarecido, caracterizada por projetos de modernizações e pela racionalização da
administração. Os principais déspotas esclarecidos foram José II , da
Áustria; Catarina II, da Rússia; Frederico II, da Prússia e o marquês
de Pombal, ministro de José I, rei de Portugal.
A Revolução Francesa.
A exemplo do que ocorreu na
Inglaterra, no final do século XVIII, o absolutismo constituía um enorme
obstáculo para o pleno desenvolvimento da burguesia francesa. A Revolução
Francesa foi um
reflexo da luta da burguesia pelo poder político.
No entanto, o processo da
Revolução Francesa não é um movimento isolado. Ele está inserido num conjunto
de revoluções que questionavam o absolutismo, sendo um movimento que assolou
toda a Europa e a América.
Sendo assim, a Revolução
carrega o termo "Francesa" pois eclodiu na França- por uma série de
fatores - no entanto as suas propostas eram universais.
"Os burgueses franceses
de 1789 afirmavam que a libertação da burguesia era a emancipação de toda a
humanidade" ( Karl Marx e
Friedrich Engels ).
AS CAUSAS DA
REVOLUÇÃO FRANCESA.
Intelectuais- a difusão das ideias iluministas de liberdade, igualdade e
fraternidade , que orientaram os revolucionários franceses na luta contra o
absolutismo e a desigualdade social.
Políticas- o despotismo dos Bourbons. Enquanto a maioria das nações europeias,
sob a influência do Iluminismo, procuravam se modernizar, o estado francês continuava
arraigado no absolutismo monárquico. Na França do século XVIII, o poder do rei
ainda era considerado como de origem divina.
Econômicas- a França encontrava-se em uma grave crise econômica, em virtude das
péssimas colheitas e na falta de alimentos.
Os aumentos de preços
provocam a fome e acentuam a miséria dos
camponeses. Além da crise econômica, o Estado Francês passava por
uma gravíssima crise financeira, graças ao envolvimento da França na guerra
dos Sete Anos ( 1756/1763) e na guerra de independência dos Estados Unidos- que
acarretaram enormes gastos, ampliando a dívida do Estado. Para solucionar este
quadro o Estado precisava aumentar sua arrecadação, o que implicava em um
aumento dos impostos.
Sociais - a questão tributária na
França vai gerar uma grave crise política, em virtude da organização da
sociedade francesa nesta época.
A sociedade francesa era
estamental, apresentando três ordens. O clero
que estava isento de qualquer tributação; a nobreza, além da isenção
tributária era possuidora de privilégios judiciários. A terceira ordem era
bastante heterogênea: era composta pela alta
burguesia (banqueiros, industriais e comerciantes), média burguesia (funcionários
públicos e profissionais liberais ) e baixa burguesia ( os pequenos comerciantes);
também as chamadas camadas populares ( artesãos, operários, camponeses e servos). Os homens das camadas
urbanas das cidades eram apelidados de sans-culottes
( usavam calças compridas em vez dos calções
aristocráticos).
O terceiro Estado era a ordem
que sustentava os gastos e os luxos do Estado francês. Para ampliar a
arrecadação tributária, o Estado convoca a Assembleia
dos Notáveis, composta pelo clero e pela nobreza, convocando
estas ordens a pagarem impostos. Diante da recusa destes, o rei Luís XVI
convocou os Estados Gerais, assembleia que reunia representantes dos três Estados.
No entanto, o sistema de
votação dos Estados Gerais era em ordens separadas. Assim, ficava garantida a
supremacia do clero e da nobreza ( somavam dois votos ) contra um voto do
Terceiro Estado.
Contra este método tradicional de votação, os representantes do Terceiro
Estado passam a exigir o voto individual ( o Primeiro Estado
tinha 291 deputados, o Segundo 270 e o Terceiro 578). O Terceiro Estado
esperava o apoio dos deputados do baixo clero e da nobreza
togada, para conquistar a maioria.
Diante do impasse político, o
Terceiro Estado rebela-se e a 9 de julho de 1789 , com a ajuda de deputados do
baixo clero, declara-se em Assembleia
Nacional Constituinte - começa a Revolução
Francesa.
AS ETAPAS DA
REVOLUÇÃO.
Assembleia Nacional ( 1789/1792)
Fase em que ocorreu a tomada
da Bastilha ( 14/07/1789), um prisão que representava o absolutismo francês. É
o marco da revolução. Os camponeses, por seu lado, rebelaram-se contra os
senhores: invasão das propriedades, queima de documentos de servidão, assassinatos.
Tal reação é conhecida como o Grande
Medo. Os camponeses
reivindicavam o fim dos privilégios feudais e terras.
Em agosto de 1791 foi aprovada uma lei que abolia os privilégios feudais.
No mesmo mês, no dia 26, a Assembleia aprovou a Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão - um síntese
da concepção burguesa da sociedade: liberdade, igualdade, inviolabilidade da propriedade privada, bem como o direito a
resistir à opressão.
Em setembro de 1791, foi
promulgada uma nova Constituição, que diminuía os poderes reais, e transferia o
poder de decretar leis ao Parlamento. O direito ao voto foi restringido também,
em virtude de seu caráter censitário.
Pela Constituição os
privilégios feudais foram extintos, garantindo-se a igualdade civil, os bens da
igreja foram nacionalizados; o clero transformado numa instituição civil e
sustentado pelo Estado.
Nesta fase desenvolveu-se os
seguintes grupos políticos:
-os girondinos: representantes da alta burguesia;
-os jacobinos: representantes da pequena burguesia e com influência nas camadas
populares (sans-culottes)
O processo revolucionário
francês não foi bem visto pelos regimes absolutistas da Europa. A reação foi
imediata: intervenção militar na
França para sufocar a revolução. O exército francês era sistematicamente
derrotado. Em 25 de julho de 1792, Robespierre
acusou o rei de traição. Em 09 de agosto o rei,
Luís XVI, foi preso. A
Assembleia convocou novas eleições para uma nova Convenção Nacional.
Convenção Nacional ( 1792/1795)
Período do Terror.
O rei foi condenado à morte
por traição, criação do Tribunal de Salvação Pública- para julgamento dos
inimigos; foi decretado o fim da monarquia e proclamada a República.
Uma nova Constituição foi
elaborada, sendo considerada a mais democrática de toda a Europa, instituindo o
voto universal, tornou a educação livre e obrigatória.
Neste período, onde a
liderança era exercida por Robespierre, foi imposto o Édito Máximo, ou seja, o
tabelamento dos preços máximos -
procurando beneficiar as camadas populares. Foi abolida a escravidão
nas colônias, gerando a independência do Haiti.
Representando a pequena
burguesia, Robespierre incentivou a pequena propriedade no campo e diminuiu a
influência da Igreja na sociedade francesa.
Porém, o radicalismo de
Robespierre contribuiu para o isolamento de seu governo - a perseguição aos
líderes populares e a intervenção nas atividades econômicas, contribuíram para
o sucesso da reação conservadora.
No dia 9 Termidor ( a
Convenção realizou uma reforma no calendário ), os jacobinos foram considerados
fora da lei, sendo seus líderes presos e guilhotinados ( Robespierre e
Saint-Just ). Acabava-se assim a fase do Terror e iniciava-se uma nova, e
ultima fase: O Diretório.
Diretório
(
1795/1799)
Com o golpe de 9 Termidor (
a Reação Termidoriana), os girondinos ocupam o poder. Uma nova Constituição é
organizada e o Poder Executivo passa a ser exercido por um Diretório, formado
por cinco membros eleitos por um período de cinco anos.
Período de caráter
anti-revolucionário, onde a escravidão nas colônias foi restaurada, o Édito do
Máximo foi suprimido e os jacobinos perseguidos ( o Terror Branco ).
O Diretório enfrentava forte oposição de
monarquistas e de republicanos radicais. Em maio de 1796, um jacobino de nome Graco
Babeuf liderou uma revolta, a Conjura dos Iguais, reprimida
por Napoleão Bonaparte.
A França continuava em
guerra, contra a Áustria, Prússia, Inglaterra, Espanha e Holanda. Foi neste
cenário que se destacou o general Napoleão Bonaparte. Este comandou uma
ofensiva contra a Itália dominando a região do Piemonte.
Em 1797 a Áustria foi
derrotada. Napoleão conquistou o Egito - possessão inglesa - e planejava
conquistar a Índia ( para enfraquecer a Inglaterra ).
As guerras aumentavam a
inflação, gerando revoltas populares.
Aproveitando seu enorme
prestígio popular, Napoleão Bonaparte, após o boato de um golpe de Estado planejado
pelo jacobinos, depõe o Diretório ocupa o poder- episódio conhecido como18 Brumário. É o fim do período
revolucionário e o início da consolidação das conquistas burguesas.
EXERCÍCIOS
1) (UEMT) - A Declaração de Direitos, imposta a Guilherme de Orange
após a Revolução Gloriosa na Inglaterra, estabeleceu, entre outros pontos, que:
a) a autoridade do monarca sobrepõe-se à do Parlamento;
b) a origem divina da Monarquia concede-lhe privilégios;
c) o poder da lei é superior ao poder do monarca;
d) o Parlamento legisla por delegação especial do rei;
e) a vontade do rei é lei, independentemente do Parlamento.
2)(VUNESP) O "Ato de Navegação" de 1651 teve importância e consequências
consideráveis na história da Inglaterra porque:
a) favoreceu a Holanda, que obtinha grandes lucros com o comércio
inglês;
b) contribuiu para aumentar o poder e favorecer a supremacia marítima
inglesa no mundo;
c) Oliver Cromwell dissolveu o Parlamento e se tornou ditador;
d) Considerava o trabalho como a verdadeira fonte de riquezas;
e) Abolia todas as práticas protecionistas.
3) Sobre o despotismo esclarecido, é correto afirmar que:
a) foi um fenômeno comum a todas as monarquias europeias, tendo por
característica a utilização dos princípios do Iluminismo;
b) os déspotas esclarecidos foram responsáveis pela sustentação e
difusão das ideias iluministas elaboradas pelos filósofos da época;
c) foi uma tentativa bem-intencionada, embora fracassada, das
monarquias europeias no sentido de reformar estruturalmente seus estados;
d) foram os burgueses europeus que convenceram os reis a adotar o
programa de modernização proposto pelos filósofos iluministas;
e) foi uma tentativa, mais ou menos bem-sucedida, de algumas
monarquias reformarem, sem alterá-las, as estruturas vigentes.
4)(CESGRANRIO) - assinale a alternativa INCORRETA:
Ao criticar o mercantilismo, os fisiocratas visavam:
a) eliminar a intervenção do estado na vida econômica;
b) abolir os monopólios e privilégios;
c) permitir a livre circulação monetária;
d) desenvolver as colônias;
e) dar ênfase à agricultura como principal setor da atividade econômica.
5) (MACK) Sobre as Revolução Francesa, é incorreto afirmar que:
a) os dois clubes mais importantes foram o Clube dos Cordeliers e o
Clube dos Jacobinos;
b) ela representou uma ruptura estrutural, pois a burguesia, até então
marginalizada em relação ao poder político, sublevou-se, tornando senhora do
Estado;
c) a convocação dos Estado Gerais foi uma demonstração da força
econômica do Antigo Regime;
d) a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi a síntese da
concepção burguesa da sociedade;
e) a Bastilha, antiga prisão do Estado, foi tomada de assalto por
artesãos, operários, pequenos comerciantes, lavadeiras e costureiras.
6) (UFMG) - O Grande Medo de 1789 foi um dramático
acontecimento histórico, ocorrido no interior da Revolução Francesa.
Todas as alternativas contêm afirmações corretas sobre o Grande Medo, exceto:
a) Fez parte de uma conjuntura marcada por numerosas agitações e
insurreições urbanas e rurais;
b) Foi provocado pelo receio, entre os revolucionários e o povo em
geral, de um complô das hordas inimigas da Revolução e do povo;
c) Foi uma das fases da revolução camponesa que, durante os primeiros
anos da Revolução Francesa, impulsionou e conduziu a revolução burguesa;
d) Foi um acontecimento fundamentado em reações coletivas de medo e
pânico da população diante da divulgação de boatos;
e) Gerou fugas, mas também, medidas preventivas, tais como ataques à
propriedades aristocráticas e a decisão de armar a população para enfrentar os
inimigos.
Respostas
1
C 2 B 3 E 4 D 5 C 6 C
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